Maria Lucia Victor Barbosa
A esquerda brasileira é uma
quimera. Característica não apenas nossa, mas que aparece na América Latina e
tem causas que podem ser encontradas, inclusive, no afã de justificar nossos
fracassos fazendo contraponto aos países capitalistas, notadamente, os Estados
Unidos.
Na teoria da dependência consta que somos pobres porque os ricos capitalistas nos exploram. Desculpa reconfortante para fugir de nossas responsabilidades e creditar a outros nossas desgraças. Desse modo, a tática da vitimização encontra nas falsas promessas da esquerda a sedutora utopia da igualdade.
Para a imposição da
mentalidade esquerdista são criadas massas de manobra, sendo o alvo principal a
juventude doutrinada na escola e, principalmente, na universidade. Sem
maturidade para cotejar os fatos à luz da realidade os cérebros juvenis
absorvem ralas noções marxistas e, sobretudo, palavras de ordem. Aprendem que
ser de esquerda significa ser bom, defensor dos pobres, possuidor de caráter
ilibado. Na direita está a “elite” maldosa, seguidora de um tal de
neoliberalismo, opressora dos pobres e oprimidos que necessitam dos paladinos
da esquerda para salvá-los em nome da causa, ou seja, da fé.
Não é transmitido aos jovens
os horrores do comunismo, sistema que matou milhões de pessoas, sequestrou a
liberdade, reduziu a maioria à miséria enquanto uma casta dirigente usufruía do
poder e seus inerentes privilégios e, que por fim, fracassou. Na América Latina
são, entre outros expressivos exemplos do que pode fazer a chamada esquerda
para a desgraça das populações, Cuba e Venezuela.
No Brasil, o governo petista
depois de quase quatorze anos no poder afundou o país economicamente e
corrompeu valores, tendo chegado à decadência por contas da ganância, da
incompetência e da corrupção institucionalizada.
Além das massas de manobra
existem também os oportunistas, que se dizem de esquerda para obter vantagens
nas universidades e nos empregos loteados pelo PT por todo País. Não faltam
além disso as espertas lideranças partidárias e os candidatos populistas, que
em campanha são de esquerda desde criancinhas.
Note-se que nenhum de nossos
partidos, esses trampolins para se alcançar o poder, se apresentam como de
direita. Para evitar o estigma de fascistas ou coisa pior preferem se dizer de
esquerda, centro-esquerda, centro e, no máximo, de centro-direita.
Esse esquerdismo é totalmente
falso porque não temos partidos ideológicos, mas, sim, clubes de interesses.
Além do mais, a chamada esquerda virou uma mistura de opiniões politicamente
corretas que nada têm a ver com o marxismo. Alguns neoesquerdistas chegam
a se declarar cristãos, o que deve fazer Karl Marx revirar na tumba.
O PT, que sempre foi
considerado o maior partido brasileiro de esquerda, nos seus congressos nunca
conseguiu definir qual era seu socialismo.
Seria o PDT um partido de
esquerda? Seu candidato à presidência da República, Ciro Gomes, conhecido por
seus destemperos, grosserias e insultos está no sétimo partido e mantém os pés
em duas canoas: a considerada de esquerda e a que é vista como de direita.
Marina, PT de coração,
esqueceu a ecologia e aceita na Rede qualquer “peixe”. Ela se tornou a menina
dos olhos de FHC (PSDB), que depois de destruir a candidatura de João Dória à
presidência da República parece desgostoso com o fraco desempenho de Geraldo
Alckmin.
Curiosamente, o pré-candidato
do PC do B ao governo do Rio de Janeiro, Leonardo Giordano, admitiu que seu
partido considerado de extrema-esquerda apoiou a administração do ex-governador
e atual presidiário, Sérgio Cabral (MDB) e do ex-prefeito, Eduardo Paes (DEM).
A combativa deputada, também do PC do B, Jandira Feghali, foi secretária da
Cultura na gestão de Paes.
Muitos são os exemplos da
falsa esquerda e no momento o que se vê é uma matéria gelatinosa de todos os
partidos buscando freneticamente entre si alianças das mais esquisitas.
Esquerda? Que nada. O que existe apenas é o lado de cima.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
19-6-2018
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