Aparecido Raimundo de Souza
UM BANDO DE OITO ENFERMEIRAS, na folga do hospital em que trabalhavam resolveu pregar um trote no
novo estagiário de medicina, aliás, um pedaço de apetência em forma de homem
capaz de virar a cabeça de qualquer mulher em estado de avidez desesperadora e pronta para transgredir todos os outros tipos de pecados existentes.
Até as consideradas sérias e castas não ficariam de fora. Diante da sua
insana luminosidade, se derreteriam como plástico jogado ao fogo. Depois que
cada uma deu vida e forma a sua “aprontação”, se reuniram num restaurante no
centro da cidade e passaram a contar as peraltices que fizeram, enquanto
almoçavam e bebiam cerveja:
- Eu coloquei algodão no seu estetoscópio
- disse a primeira, caindo na caquinação.
A segunda não deixou por menos:
- Escondi as roupas dele no armário do diretor, e ele teve que ir embora pra casa de jaleco e
Uber. E gargalhou a mais não poder.
- Fiz pior, amigas -, esclareceu a
terceira enfermeira, uma morena de
fechar o comércio e tirar o planeta do
eixo: - Passei a mão num dedo que cortei de um defunto e coloquei no prato dele
lá no refeitório, quando ele se levantou para pegar um copo de refrigerante.
Como as demais, se escangalhou de tanto que rinchavelhou do pobre infeliz.
Foi a vez da quarta:
- Meninas, substituí as fichas de seus pacientes e, no lugar delas
coloquei fotos de mulheres peladas. Vocês precisavam ter visto a reação dele.
Da mesma forma que as demais, galhofou tanto que chegou aos píncaros dos
soluços.
A quinta antes de contar a sua
façanha, entornou o copo da cerveja sobre a própria roupa. Chasqueava por
antecipação da impostura levada à cabo:
- Amigas, despejei óleo de rícino na sopa que serviram na hora do jantar.
Não demorou e ele correu espavorido, para o banheiro.
A sexta enfermeira escreveu várias cartas de amor como se fosse o pobre do estagiário se
declarando, e colocou os envelopes, um de cada vez, em dias alternados, na
bolsa da doutora Eva, uma ginecologista chata de galochas que tratava todo mundo como se fosse suas empregadas.
- E ai, o que aconteceu – quis saber as demais?
- Amigas, na última eu assinei o nome dele. A doutora Eva, que andava cabreira,
ao saber de quem se tratava, pegou o coitadinho na garagem do hospital, rasgou
as cartas, jogou os pedacinhos na cara dele, e, não contente, aplicou um belo
de um tapa na sua fuça. Meu Deus!
Cheguei a ficar com pena. A força da mão da doutora se fez tão forte e vigorosa
que até agora pareço estar sofrendo junto com a bofetada desferida.
Chegou a vez da sétima enfermeira trazer à baila a sua sacanagem
realizada com o desventurado do estagiário:
- Amigas, eu fui mais sádica na minha perversão. Encontrei um monte de
preservativos no bolso do seu jaleco. Sabem o que veio à cabeça? Imaginem! A
moça troçava a cada palavra pronunciada,
como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Vocês não vão
acreditar. Furei todas, todas, sem deixar uma sequer, com uma agulha que passei
os cinco dedos assim que cheguei no plantão, pra trabalhar.
A oitava enfermeira, a mais nova do grupo, e diga-se de passagem, a mais
bonita e atraente da turma, até então oculta entre mil palavras, invisível
aquele instante das demais colegas, teve entrementes, um difícil e contínuo fim inesperado:
Desmaiou.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, no Espírito
Santo. 10-7-2020
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