Sua última barragem de
artilharia contra o direito constitucional à palavra livre é uma aula magna
sobre os usos da sua lanterna da escuridão. A possível revisão das normas que
hoje regulam as redes sociais é claramente um assunto do Congresso Nacional, e
de ninguém mais. Só o parlamento está autorizado a fazer leis no Brasil – uma
auto evidência óbvia como o sol do meio-dia. Não interessa se são boas, médias
ou ruins. São as únicas possíveis. Barroso e o STF discordam. Acham só eles
fazem as leis “certas”.
No caso, o presidente do STF diz que os ministros estão criando a legislação de fato sobre a questão, ao julgarem processos relacionados a ela, porque o Congresso ainda não aprovou nenhuma lei para regulamentar as redes sociais. “O tribunal aguardou, por um período bastante razoável, a sobrevinda de legislação por parte do Poder Legislativo”, diz Barroso. “Não ocorrendo, chegou a hora de decidirmos essa matéria”.
É a treva absoluta do oceano a
10 mil metros de profundidade – ali onde a luz não entra, nunca. Na verdade, é
raro encontrar tanta falsidade num único pensamento. Onde está escrito, para
começar, que o Congresso tem “prazo” para aprovar qualquer tipo de lei? Isso
não existe. E quem define o que seria um prazo “razoável”? Prazo, na lei, é
prazo: 24 horas, 10 dias, 30 anos. Se não está escrito, não é nada. “Razoável”
é um adjetivo; expressa uma opinião, e lei não tem adjetivo, nem opinião.
É integralmente falso, também,
que não exista lei regulamentando o uso das redes sociais do Brasil. Existe,
sim, há dez anos – é o marco civil da internet. O que não existe, na verdade, é
uma lei que o STF goste. O regulamento em vigor preserva a liberdade de
expressão, e a liberdade de expressão é a besta-fera fundamental que o STF quer
eliminar no Brasil. Exigem a censura prévia e eterna, onde o cidadão é proibido
de dizer até mesmo o que ainda não disse - é o que acontece quando lhe cassam o
“perfil” e não devolvem.
A liberdade de palavra é uma conquista essencial da humanidade. Barroso, Moraes, Dino etc. acham que é propriedade privada do Estado, a ser dada nas doses que eles querem. Não há nada mais escuro.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Estadão, 30-11-2024, via João Luiz Mauad, X, 30-11-2024,
18h15
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