quinta-feira, 3 de maio de 2012

Hoje, como ontem, Portugal continua a ser o paraíso dos inimigos da liberdade



Rodrigo Adão da Fonseca
A esquerda caviar, e a direita patusca, andam muito incomodadas com a recente campanha do Pingo Doce. Lê-se que os consumidores são “mortos-vivos”, que rastejam esfomeados atrás de uma promoção, como quem come as migalhas do capitalismo. Há ainda os que confundem “promoção” com “caridade”: o papão do Pingo Doce “não dá nada a ninguém”, “só pensa no seu interesse”. Ui, onde já se viu, um empresário que luta pelo seu interesse? “E esse povinho, que horror, a atacar as prateleiras”.
À esquerda e à direita, ouvimos e lemos frases de lamentação: “Ai, o povo, o povo, quem deixou o povo sair da gaiola? Onde já se viu, deixarem o povo à solta, em liberdade?”.
Eu, que percebo pouco dessas coisas de direita e esquerda, por mais que me esforce não consigo ver indignidade em alguém aproveitar umas horas do seu feriado para comprar produtos com 50% de desconto, pagando o preço com o fruto do seu trabalho, que isto de viver do trabalho custa bastante, e dá sempre jeito poupar uns trocos. Por mais voltas que dê, não percebo qual o problema das pessoas procurarem simplesmente poupar. Também não sei porque é que o Pingo Doce deve ser censurado, por servir o seu interesse, servindo os seus clientes. Dando-lhes uma opção. Cada um luta pelos seus interesses, diria, é assim que crescem as economias saudáveis: em liberdade, porque só foi ao Pingo Doce quem quis
O grande problema é que há quem conviva mal com a liberdade dos outros, destes fazerem as suas escolhas. Que se saiba, ninguém foi ao Pingo Doce obrigado. Indigno é forçar as pessoas a condicionarem as suas escolhas e a organização das suas vidas, fechando administrativamente supermercados, limitando preços, regulando tudo e um par de botas.
Falou-se muito de dignidade. Os mesmos que enchem a boca com dignidade, são os mesmos que promovem a solidariedade, a dependência, e a limitação da liberdade, por mão do Estatismo. São os mesmos que com as suas ideias promovem a ineficiência económica, a dependência dos mais fracos, e uma sociedade sem direito à diferença e à escolha.
A esquerda gosta do “Povo”, sim, mas da ideia abstracta de uma massa que eles querem moldar à sua imagem, um “povo” insípido, ordeiro, que segue os ditames da elite cultural dominante. O “Homem Novo”, um ser reumático e com mais de cem anos, continua aí, de bengala, a impedir que a sociedade evolua. A esquerda adora um certo tipo de liberdade, a liberdade positiva, ironicamente uma liberdade condicionada, que tem como limites aqueles que eles próprios prescrevem, em leis que matam a escolha. O mesmo se passa com boa parte da direita, que gosta de um povo patusco, ordeiro, subserviente, da esmola e da migalha, que não luta por si e pelos seus interesses. Unidos numa aliança contra a liberdade, a direita patusca e conservadora e a esquerda dogmática continuam a projectar sociedades desenhadas a régua e esquadro, sonhando confortáveis, porque não deixam de se alimentar da sociedade em que vivem, que capturaram, e que ao mesmo tempo tanto criticam; estes inimigos da liberdade, à direita e à esquerda, são os responsáveis pelo atraso endémico do país.
Venham mais promoções, violações do 1.º de Maio, e possibilidades de escolha. Porque é na escolha que reside a liberdade. Não uma liberdade qualquer, mas a que interessa, porque serve directamente aqueles que a exercem.
Título e Texto: Rodrigo Adão da Fonseca, “O Insurgente”, 03-05-2012

Uma correcção: a esquerda não só gosta como ADORA o povo.
Não gosta é das pessoas.
JP Ribeiro


Eu estou impressionado, muito mal impressionado! Criticar uma promoção comercial, (promoções semelhantes acontecem em outros países), chamar as pessoas que lá foram de "corvos" e de outras coisas mais, não é normal! E pior: propugnar pela punição a essa cadeia de supermercados, algo está podre nesta sociedade!?

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3 comentários:

  1. Bem sei qual o mal disto tudo, é a necessidade, não fora isto eu queria ver como era

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  2. O Mal eu sei, é a inveja!
    Necessidade?? É "necessidade" aproveitar uma promoção para COMPRAR mais barato??
    Necessidade é mendigar, tristemente.
    Não vi mendigos no dia 1º de maio, vi consumidores. Espertos e ágeis, não burros como alguns, ou preguiçosos como eu.

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  3. Que povo esse país tem!
    O país com a corda no pescoço e o povo (deve ser rico, creio) esnobando o trabalho e uma boa promoção. QUEM DISSE que o 1º de maio é para ficar recluso em casa? é só um dia em que homenageia-se o trabalho e o trabalhador. Já pensou se médicos resolvessem não trabalhar nesse dia para comemorá-lo?
    Verônica

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