terça-feira, 5 de junho de 2012

Cuba: por que o silêncio perante boas notícias?

Tavares Moreira
1. Para uma boa parte da chamada esquerda militante e intelectual, domésticas, Cuba constitui um modelo de sociedade para o qual deveríamos convergir, uma vez que nesse modelo os trabalhadores – camponeses, operários, polícias e outros mesteres – são quem mais ordena, determinando no mais profundo dos níveis o devir político, económico e social do País...
2. Pois bem, é hoje notícia a rápida ascensão do salário médio MENSAL em Cuba, nos últimos 5 anos – 18%, é obra – atingindo já o nível de 14 Euros... quer dizer que há 5 anos era apenas de Euros 11,86/mês...
3. Convém anotar que em Portugal os mesmos subscritores do modelo social e económico de Cuba vociferam, semana sim semana não, contra o facto de o salário mínimo nacional se manter inalterado em 485 Euros/mês, sustentando a urgência da sua revisão, certamente para ajudar a aumentar o desemprego, cujo nível parece não os satisfazer ainda...
4. E têm vituperado com enorme violência as declarações recentes de António Borges, reconhecendo na diminuição da carga salarial uma necessidade da economia – declarações que enfermam de excesso de generalismo em minha opinião.
5. Subscreverei sem dificuldade a afirmação de A. Borges se tiver como alvo os sectores protegidos da economia (os "rendistas"...), a generalidade das EPE’s, bem como a classe política (central, regional e autárquica) – pois tenho a noção de que os custos salariais nesses sectores são excessivos e de que uma boa parte do desemprego que hoje enfrentamos decorre exactamente dos custos que esses sectores impõem ao resto da economia forçando-a a ajustar mais do que necessitaria na ausência desses sobrecustos...
6. Mas já não posso concordar se essa afirmação for dirigida aos demais sectores da economia, expostos à concorrência onde até julgo que os salários são excessivamente baixos (por causa dos outros serem excessivos, certamente).
7. Em todo o caso, esta notícia do aumento salarial em Cuba deveria ser motivo de regozijo para as esquerdas militante e intelectual, apontando de novo o dedo ao imobilismo do salário mínimo nacional e lembrando o bom exemplo de Cuba – estou estranhando muito o seu silêncio, que se passará?...
Título e Texto: Tavares Moreira, no blogue “4R– Quarta República

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