sábado, 23 de junho de 2012

Julgamento político no Paraguai termina com 'impeachment' de Fernando Lugo

Francisco Vianna 
O senado do Paraguai determinou ontem o impeachment do presidente do país por “mal desempenho de suas funções”. Lugo disse que respeita a decisão. “Saio pela porta da frente”, afirmou. Federico Franco, um ex-aliado, o substituiu no cargo em seguida. Onda de repúdio dos governos de esquerda da região pela destituição de um dos ‘elementos do clube’ da UNASUL.


Os esquerdistas locais alegam que o que houve foi um julgamento político sumário “com poucas provas de real consistência” contra o réu, mas que o Senado do Paraguai considerou suficientes para defenestrar Fernando Lugo do seu cargo eletivo por “mal desempenho de suas funções”, dando um exemplo precioso aos demais países da região, de como os poderes da república podem ser eficientes – quando não comprometidos ou cooptados pelo executivo – no saneamento dos malfeitos, da corrupção, e da incompetência instalada em um deles. Fernando Lugo, após 14 meses de governo, por isso mesmo, acabou ficando sem qualquer apoio político capaz de sustentá-lo no cargo.
O cumprimento do dever pátrio por parte do legislativo guarani gerou uma onda de repúdio em toda a região, amplamente dominada por governos socialistas, que veem no fato a consumação de um ‘golpe de estado’ e alegam “ter posto o Paraguai em cheque quanto a sua estabilidade democrática”. Mas, na verdade, o processo é inteiramente válido e é a maneira democrática de se depor um presidente que vinha desagradando a todos os setores da sociedade civil paraguaia.  A repentina queda de Lugo evidenciou a falta de apoio político próprio, que se produziu por sua própria negligência e malfeitos ao longo de sua incompetente gestão, em meio a uma disputa por interesses econômicos e partidários, principalmente em função das eleições presidenciais de abril próximo.
O ex-bispo Fernando Lugo, que tinha assumido o poder em 15 de agosto de 2008 através de uma coalizão com o Partido Liberal Radical Autêntico, ao qual pertence seu vice Franco, foi julgado por um total de nove acusações, entre elas, a de sua pretensa responsabilidade na tolerância e assistência inconcebível aos invasores ilegais de terras e por seu papel, como responsável último do país, na sangrenta desocupação, há duas semanas, de uma fazenda invadida e ocupada pelos ‘sem-terra’ que teve um saldo de 17 mortos, entre civis e policiais.
A esquerda internacional e local organizou uma manifestação ruidosa, embora não com a dimensão esperada pelos defensores do ‘ex-garanhão de batina’ ou dos membros da gangue da UNASUL, à qual a população não prestou nenhuma atenção, uma vez que acompanhava pelo rádio e pela TV todo o processo democrático de impeachment perpetrado pelo legislativo. Tal manifestação foi observada a certa distância por um cerco de uma inusitada força policial fortemente equipada com armas e veículos antimotins. Mas, quando ouviram pelo rádio que Lugo tinha sido destituído por uma votação acachapante de 39 a 4 votos no Congresso, aí começaram os choques da galera amestrada contra a polícia militar de segurança, que respondeu com gás lacrimogêneo e jatos d’água às pedras atiradas pelos manifestantes. Os manifestantes logo se dispersaram e se retiraram das proximidades do Congresso Nacional.
Diferentemente de seus partidários, Lugo aceitou com tranquilidade sua saída, como uma forte admissão de culpa e como resultado de uma queda rápida e intensa de sua imagem pública sofrida nestes últimos meses. No início do seu discurso, chegou a dizer que “a democracia paraguaia tinha sido ferida”, mas logo a seguir acabou dizendo que “se submetia à decisão do Congresso”. Disse também que não se dobrava às “classes políticas e às máfias” e pediu que seus apoiadores se abstivessem de violências e aceitassem a decisão dos demais poderes do país. “Esta noite – disse Lugo – saio de cabeça erguida pela porta da frente da pátria por onde entrei pela vontade expressa nas urnas por meus compatriotas”.


Franco, tendo assumido uma hora e meia após, discursou de forma conciliadora e apelando para a unidade nacional. “Venho expressar minha vontade irrestrita de respeitar as instituições democráticas e o estado de direito, bem como de garantir a vigência dos direitos humanos”.
Após conversar com os diplomatas da UNASUL, que criticavam o fato por alegados “aspectos obscuros” do processo de impeachment, encerrou essa conversa dizendo que todo o processo transcorreu dentro do que reza a Constituição paraguaia e que o país estava dando um exemplo aos seus vizinhos regionais de como as coisas devem ser conduzidas quando a insatisfação com seus executivos, pelos mais variados motivos, atinge um grau insuportável como ocorreu no Paraguai. Finalizou dizendo: “Não tenho ódio nem rancor; pretendo chegar a 15 de agosto de 2013 e entregar a faixa da República ao novo presidente eleito pelo povo, a quem, desde já, espero que saiba como se portar no mais alto cargo público da nação”, deixando claro que não se candidatará às próximas eleições, uma vez que, para fazê-lo, teria que renunciar ao cargo que assumiu seis meses antes.
De todas as acusações contra Lugo, a que mais comoveu os paraguaios foi, sem dúvida, a da chacina de “sem terras” em Curuguaty, a 350 km de Assunção. Lá, um grupo de pretensos camponeses tinha invadido e ocupado uma fazenda e matado 6 policiais que tentavam retirá-los da propriedade, e logo veio a reação que provocou a morte de onze deles e mais cinco policiais, além de diversos feridos.
Lugo foi acusado de incentivar e dar apoio logístico a esses “sem terras”, agrupados na Liga de Carperos (capinadores), que ocupam fazendas de propriedade de poderosos latifundiários, produtivas ou não, mas dando prioridade às que são produtivas e têm alguma infraestrutura. A oposição meteu o dedo nessa ferida ainda cruenta para conseguir mais apoio político ao impeachment do presidente. Os socialistas e os esquerdistas em geral, como não poderiam deixar de ser, alegam que tudo isso foi apenas um pretexto, já que a realidade que eles indicam é a de que por trás da destituição está uma forte luta política pela sucessão de Lugo em função das eleições presidenciais do próximo mês de abril de 2013.
A verdade é que os governos canhestros sulamericanos, mormente o de Pindorama - que advoga sempre a não ingerência externa nos problemas internos dos países -, passou a tentar interferir de fato no pequeno país vizinho para manter o ex-garanhão de batina, esquerdopata emérito e membro da gangue da UNASUL, no poder, mesmo que o Congresso em Assunção determinasse o seu impedimento... Não conseguiram!
Essa não ingerência, como quase tudo do socialismo, é apenas da boca prá fora... (e por isso é que causam vômito!). São canalhas, mesmo, todos eles!
O Paraguai dá ao Brasil uma lição de democracia, como já havia feito a pequena Honduras ao depor o demagogo e populista Presidente Manuel Zelaya que tramava um golpe de estado sob a inspiração e apoio do tiranete venezuelano Hugo Chávez, de como o país pode se livrar democraticamente dos maus governos, incompetentes e corruptos.
No Brasil, os escândalos e desmandos do Executivo são julgados por CPIs de um Legislativo altamente corrompido pelo Palácio do Planalto, as quais terminam quase sempre em pizza ou transferidos para a alçada de um Judiciário cada vez mais cooptado pelo Executivo... O resultado é a corrupção institucionalizada e mantida por uma impunidade geral e irrestrita.
Chegamos ao fundo do poço e conseguimos nos tornar mais atrasados do que o pequeno Paraguai, pelo menos no tocante à ordem político-institucional.
Título, Imagens e Texto: Francisco Vianna, (com base na mídia internacional), 23-06-2012

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