Francisco Vianna
O senado do Paraguai
determinou ontem o impeachment do presidente do país por “mal desempenho de
suas funções”. Lugo disse que respeita a decisão. “Saio pela porta da frente”,
afirmou. Federico Franco, um ex-aliado, o substituiu no cargo em seguida. Onda de
repúdio dos governos de esquerda da região pela destituição de um dos
‘elementos do clube’ da UNASUL.
Os esquerdistas locais alegam
que o que houve foi um julgamento político sumário “com poucas provas de real
consistência” contra o réu, mas que o Senado do Paraguai considerou suficientes
para defenestrar Fernando Lugo do seu cargo eletivo por “mal desempenho de suas
funções”, dando um exemplo precioso aos demais países da região, de como os
poderes da república podem ser eficientes – quando não comprometidos ou
cooptados pelo executivo – no saneamento dos malfeitos, da corrupção, e da
incompetência instalada em um deles. Fernando Lugo, após 14 meses de governo,
por isso mesmo, acabou ficando sem qualquer apoio político capaz de sustentá-lo
no cargo.
O cumprimento do dever pátrio
por parte do legislativo guarani gerou uma onda de repúdio em toda a região,
amplamente dominada por governos socialistas, que veem no fato a consumação de
um ‘golpe de estado’ e alegam “ter posto o Paraguai em cheque quanto a sua
estabilidade democrática”. Mas, na verdade, o processo é inteiramente válido e
é a maneira democrática de se depor um presidente que vinha desagradando a
todos os setores da sociedade civil paraguaia.
A repentina queda de Lugo evidenciou a falta de apoio político próprio,
que se produziu por sua própria negligência e malfeitos ao longo de sua
incompetente gestão, em meio a uma disputa por interesses econômicos e
partidários, principalmente em função das eleições presidenciais de abril
próximo.
O ex-bispo Fernando Lugo, que
tinha assumido o poder em 15 de agosto de 2008 através de uma coalizão com o
Partido Liberal Radical Autêntico, ao qual pertence seu vice Franco, foi
julgado por um total de nove acusações, entre elas, a de sua pretensa
responsabilidade na tolerância e assistência inconcebível aos invasores ilegais
de terras e por seu papel, como responsável último do país, na sangrenta
desocupação, há duas semanas, de uma fazenda invadida e ocupada pelos
‘sem-terra’ que teve um saldo de 17 mortos, entre civis e policiais.
A esquerda internacional e
local organizou uma manifestação ruidosa, embora não com a dimensão esperada
pelos defensores do ‘ex-garanhão de batina’ ou dos membros da gangue da UNASUL,
à qual a população não prestou nenhuma atenção, uma vez que acompanhava pelo
rádio e pela TV todo o processo democrático de impeachment perpetrado pelo
legislativo. Tal manifestação foi observada a certa distância por um cerco de
uma inusitada força policial fortemente equipada com armas e veículos antimotins.
Mas, quando ouviram pelo rádio que Lugo tinha sido destituído por uma votação
acachapante de 39 a 4 votos no Congresso, aí começaram os choques da galera
amestrada contra a polícia militar de segurança, que respondeu com gás
lacrimogêneo e jatos d’água às pedras atiradas pelos manifestantes. Os
manifestantes logo se dispersaram e se retiraram das proximidades do Congresso
Nacional.
Diferentemente de seus
partidários, Lugo aceitou com tranquilidade sua saída, como uma forte admissão
de culpa e como resultado de uma queda rápida e intensa de sua imagem pública
sofrida nestes últimos meses. No início do seu discurso, chegou a dizer que “a
democracia paraguaia tinha sido ferida”, mas logo a seguir acabou dizendo que
“se submetia à decisão do Congresso”. Disse também que não se dobrava às
“classes políticas e às máfias” e pediu que seus apoiadores se abstivessem de
violências e aceitassem a decisão dos demais poderes do país. “Esta noite –
disse Lugo – saio de cabeça erguida pela porta da frente da pátria por onde
entrei pela vontade expressa nas urnas por meus compatriotas”.
Franco, tendo assumido uma
hora e meia após, discursou de forma conciliadora e apelando para a unidade
nacional. “Venho expressar minha vontade irrestrita de respeitar as
instituições democráticas e o estado de direito, bem como de garantir a
vigência dos direitos humanos”.
Após conversar com os
diplomatas da UNASUL, que criticavam o fato por alegados “aspectos obscuros” do
processo de impeachment, encerrou essa conversa dizendo que todo o processo
transcorreu dentro do que reza a Constituição paraguaia e que o país estava
dando um exemplo aos seus vizinhos regionais de como as coisas devem ser
conduzidas quando a insatisfação com seus executivos, pelos mais variados
motivos, atinge um grau insuportável como ocorreu no Paraguai. Finalizou
dizendo: “Não tenho ódio nem rancor; pretendo chegar a 15 de agosto de 2013 e
entregar a faixa da República ao novo presidente eleito pelo povo, a quem,
desde já, espero que saiba como se portar no mais alto cargo público da nação”,
deixando claro que não se candidatará às próximas eleições, uma vez que, para
fazê-lo, teria que renunciar ao cargo que assumiu seis meses antes.
De todas as acusações contra
Lugo, a que mais comoveu os paraguaios foi, sem dúvida, a da chacina de “sem
terras” em Curuguaty, a 350 km de Assunção. Lá, um grupo de pretensos
camponeses tinha invadido e ocupado uma fazenda e matado 6 policiais que
tentavam retirá-los da propriedade, e logo veio a reação que provocou a morte
de onze deles e mais cinco policiais, além de diversos feridos.
Lugo foi acusado de incentivar
e dar apoio logístico a esses “sem terras”, agrupados na Liga de Carperos
(capinadores), que ocupam fazendas de propriedade de poderosos latifundiários,
produtivas ou não, mas dando prioridade às que são produtivas e têm alguma
infraestrutura. A oposição meteu o dedo nessa ferida ainda cruenta para
conseguir mais apoio político ao impeachment do presidente. Os socialistas e os
esquerdistas em geral, como não poderiam deixar de ser, alegam que tudo isso
foi apenas um pretexto, já que a realidade que eles indicam é a de que por trás
da destituição está uma forte luta política pela sucessão de Lugo em função das
eleições presidenciais do próximo mês de abril de 2013.
A verdade é que os governos
canhestros sulamericanos, mormente o de Pindorama - que advoga sempre a não
ingerência externa nos problemas internos dos países -, passou a tentar
interferir de fato no pequeno país vizinho para manter o ex-garanhão de batina,
esquerdopata emérito e membro da gangue da UNASUL, no poder, mesmo que o
Congresso em Assunção determinasse o seu impedimento... Não conseguiram!
Essa não ingerência, como
quase tudo do socialismo, é apenas da boca prá fora... (e por isso é que causam
vômito!). São canalhas, mesmo, todos eles!
O Paraguai dá ao Brasil uma
lição de democracia, como já havia feito a pequena Honduras ao depor o demagogo
e populista Presidente Manuel Zelaya que tramava um golpe de estado sob a
inspiração e apoio do tiranete venezuelano Hugo Chávez, de como o país pode se
livrar democraticamente dos maus governos, incompetentes e corruptos.
No Brasil, os escândalos e
desmandos do Executivo são julgados por CPIs de um Legislativo altamente
corrompido pelo Palácio do Planalto, as quais terminam quase sempre em pizza ou
transferidos para a alçada de um Judiciário cada vez mais cooptado pelo
Executivo... O resultado é a corrupção institucionalizada e mantida por uma
impunidade geral e irrestrita.
Chegamos ao fundo do poço e
conseguimos nos tornar mais atrasados do que o pequeno Paraguai, pelo menos no
tocante à ordem político-institucional.
Título, Imagens e Texto: Francisco Vianna, (com base na mídia
internacional), 23-06-2012
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