sexta-feira, 22 de junho de 2012

Os mitos socialistas do momento (3)

Adolfo Mesquita Nunes
Como é evidente, o governo não está menos preocupado que os socialistas com os sacrifícios actualmente impostos aos portugueses

MITO Nº 5: Os socialistas têm uma alternativa: pedir mais tempo.
Ninguém sabe ao certo o que querem dizer os socialistas quando pedem “mais tempo”. Que medidas devem ser adiadas e por quanto tempo? Qual o efeito económico desse adiamento? Em que medida é que as famílias e a economia veriam vantagens? Que despesa deixaríamos cortar e que receita passaríamos a cobrar? E que novos compromissos de austeridade teríamos de assumir para pedir mais dinheiro (é preciso não esquecer, apesar do esforço socialista de ignorar o assunto, que pedir mais tempo é pedir mais dinheiro)? Isso são tudo perguntas sem resposta.
A ausência de respostas indicia que o discurso de “mais tempo” não passa de simples retórica política. Pedir “mais tempo” sem responder a estas questões significa, afinal, coisa nenhuma. Acontece, porém, que o assunto é demasiado sério.
A renegociação do programa de assistência financeira que actualmente nos sustenta (é disso que se trata quando se pede “mais tempo”) tem consequências do ponto de vista da credibilidade do Estado, que hoje sabemos ser essencial para sair da crise, e que dependem não só da concreta renegociação como da oportunidade e da forma do seu pedido.
Ter o maior partido da oposição a pedir uma renegociação específica, com todas as perguntas respondidas, e escolhendo o momento mais adequado para o fazer, é uma coisa; ter o maior partido da oposição a pedir uma renegociação apenas porque sim, sem se preocupar com explicar o quando nem o como nem o porquê, é outra.
É que pedir uma renegociação sem saber ao certo em que é que esta consiste, quais os seus efeitos e vantagens e não cuidando de escolher uma oportunidade vantajosa, pode transformar--se num sério revés para Portugal, reforçando, e não atenuando, os sacrifícios que estamos a fazer. Por outras palavras, pedir irresponsavelmente “mais tempo” pode significar, no fim de contas, mais sacrifícios e mais austeridade por mais tempo, desbaratando o trabalho feito até aqui.
É claro que este género de retórica, apesar da dose de irresponsabilidade, é aceitável em política. Convém, no entanto, não a confundir com qualquer coisa de parecido com um programa alternativo de governação. Mas para quem possa duvidar desta desconfiança, lanço o desafio: consegue, olhando para o discurso socialista, responder a qualquer das perguntas que acima fiz?

MITO Nº 6: O governo deve pedir desde já as mesmas condições que são dadas a Espanha.
Não se conhecem ainda ao certo quais as condições da assistência que terá de ser prestada a Espanha. Não será precipitado pedir desde já a aplicação a Portugal de condições que ainda não se conhecem?
Se assim é, e é, a pressa socialista de pedir as mesmas condições que serão dadas a Espanha tem afinal como objectivo criar a ideia de que o governo português parece menos interessado nos sacrifícios por que passam os portugueses do que em passar a imagem, como agora se volta a dizer, de aluno bem-comportado da Europa.
Mas se cada um é livre de considerar, e dizer, que este governo encarna o mal na Terra, apostado na miséria e na pobreza, por oposição aos bons socialistas que tão bem nos governaram e que oferecem o progresso e o crescimento, será preciso criar uma fantasia tão despropositada a propósito da difícil situação espanhola?
Como é evidente, o governo não está menos preocupado que os socialistas com os sacrifícios que são actualmente impostos aos portugueses e que, curiosamente, nos são impostos por um Memorando assinado pelos socialistas depois de uma quase ininterrupta década e meia de governação socialista.
(Continua)
Título e Texto: Adolfo Mesquita Nunes, Jurista e deputado do CDS, jornal “i

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