LISBOA
Antes de voltar ao Brasil fiz
um - pit stop - de um dia em Lisboa. Como o sábado foi marcado por protestos do
povo português contra as medidas de austeridade e, principalmente, contra ao
aumento da TSU (Taxa Social Única), a imprensa do país (RTP) passou o dia todo
repercutindo o assunto em todos os noticiários, com direito a diversos debates.
ORÇAMENTO
Como o governo português está
disposto, e precisa, fechar o orçamento para não agravar ainda mais a situação
econômica do país, em todas as alternativas o aumento de impostos e/ou
contribuições se faz presente. Ou seja, se a conta do déficit público não for
paga, uma coisa é certa: os manifestantes vão sofrer ainda mais.
IMÓVEIS
Portugal, a exemplo de quase
todos os países que passaram pelo boom imobiliário, que se estendeu até o ano
de 2007, garantiu um índice de emprego elevado graças, principalmente, aos
setores da construção e de intermediação de imóveis.
CONSEQUÊNCIA
Pois, a colheita do estrago
promovido pelo estouro da bolha de crédito imobiliário ainda se faz presente,
com graves consequências.
Para que tenham uma ideia do
problema, observem que o número de insolvências, que já foi alto em 2011, praticamente
dobrou em 2012. Em 2007, por exemplo, havia quatro mil imobiliárias operando no
mercado português. Hoje este número é de pouco mais de duas mil.
DOBROU EM UM ANO
É isto mesmo: em pouco mais de
oito meses deste ano já faliram quase tantas empresas do ramo imobiliário como
em 2011 todo. E a situação não tem como melhorar, uma vez que o crédito e as
facilidades financeiras para aquisição de imóveis simplesmente deixaram de
existir a partir de 2008, quando a bolha estourou.
DESEMPREGO
Nos últimos cinco anos, o
crédito disponível para habitação já diminuiu doze vezes, segundo informa a
entidade representativa do setor imobiliário. Considerando que o ramo da
construção foi o mais afetado, pelo tamanho do desemprego no setor a taxa de desemprego
do país pode chegar a 20%.
SINUCA DE BICO
Como se vê, o governo
português está metido numa grande sinuca de bico. É sabido que o setor
imobiliário é extremamente dependente do crédito. E crédito só existe quando o
tomador apresenta real possibilidade de amortização.
Pelo numero de imóveis já
devolvidos por parte dos compradores sem condições de pagar as prestações, já
se tem uma ideia do quanto significa o tal estouro da bolha. O Brasil que se
cuide...
Título e Texto: Gilberto Simões Pires, Ponto Crítico, 25-9-2012
Colaboração: André Bereta
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