terça-feira, 25 de setembro de 2012

O efeito da bolha em Portugal


LISBOA                                  
Antes de voltar ao Brasil fiz um - pit stop - de um dia em Lisboa. Como o sábado foi marcado por protestos do povo português contra as medidas de austeridade e, principalmente, contra ao aumento da TSU (Taxa Social Única), a imprensa do país (RTP) passou o dia todo repercutindo o assunto em todos os noticiários, com direito a diversos debates.
ORÇAMENTO     
Como o governo português está disposto, e precisa, fechar o orçamento para não agravar ainda mais a situação econômica do país, em todas as alternativas o aumento de impostos e/ou contribuições se faz presente. Ou seja, se a conta do déficit público não for paga, uma coisa é certa: os manifestantes vão sofrer ainda mais.
IMÓVEIS              
Portugal, a exemplo de quase todos os países que passaram pelo boom imobiliário, que se estendeu até o ano de 2007, garantiu um índice de emprego elevado graças, principalmente, aos setores da construção e de intermediação de imóveis.
CONSEQUÊNCIA               
Pois, a colheita do estrago promovido pelo estouro da bolha de crédito imobiliário ainda se faz presente, com graves consequências.
Para que tenham uma ideia do problema, observem que o número de insolvências, que já foi alto em 2011, praticamente dobrou em 2012. Em 2007, por exemplo, havia quatro mil imobiliárias operando no mercado português. Hoje este número é de pouco mais de duas mil.
DOBROU EM UM ANO                  
É isto mesmo: em pouco mais de oito meses deste ano já faliram quase tantas empresas do ramo imobiliário como em 2011 todo. E a situação não tem como melhorar, uma vez que o crédito e as facilidades financeiras para aquisição de imóveis simplesmente deixaram de existir a partir de 2008, quando a bolha estourou.
DESEMPREGO   
Nos últimos cinco anos, o crédito disponível para habitação já diminuiu doze vezes, segundo informa a entidade representativa do setor imobiliário. Considerando que o ramo da construção foi o mais afetado, pelo tamanho do desemprego no setor a taxa de desemprego do país pode chegar a 20%.
SINUCA DE BICO               
Como se vê, o governo português está metido numa grande sinuca de bico. É sabido que o setor imobiliário é extremamente dependente do crédito. E crédito só existe quando o tomador apresenta real possibilidade de amortização.
Pelo numero de imóveis já devolvidos por parte dos compradores sem condições de pagar as prestações, já se tem uma ideia do quanto significa o tal estouro da bolha. O Brasil que se cuide...
Título e Texto: Gilberto Simões Pires, Ponto Crítico, 25-9-2012
Colaboração: André Bereta

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-