terça-feira, 25 de setembro de 2012

Só queremos ouvir aquilo em que acreditamos

Isabel Stilwell 

Não há dúvida nenhuma que só acreditamos, naquilo em que já acreditamos. Ou dito de outra maneira, no que queremos ouvir. Se houvesse dúvidas bastava analisar as páginas de muitos jornais, e o conteúdo dos noticiários televisivos nas últimas semanas para ter a certeza: há muito tempo que não vejo uma informação tão superficial e tão cheia de lugares comuns, mas que faz as delícias do tipo de leitores/telespectadores que ficam felizes quando a política e a economia se resumem à velha luta de classes, e à estafada ideia de que os políticos são corruptos e ladrões. Ou daqueles que acreditam (ou querem acreditar) que a austeridade se podia ultrapassar com um abracadabra qualquer.
Mas o mais grave é que muitos dos que aparecem agora a bradar aos céus, só o fazem quando literalmente lhes vão aos bolsos. Desde o anúncio da TSU subitamente deixei de ver notícias e comentários sobre o sumiço dos dois ordenados da Função Pública, que até ai fazia as primeiras páginas. Será porque também a maioria dos jornalistas trabalham por conta de outrem?
O que sei é que de tal maneira gostamos de uma comunicação social que faça eco, e de preferência amplie, as ideias feitas, que nos atiramos ao pescoço de um qualquer que ouse ter uma opinião diferente, ou mesmo que interrogue e nos faça parar para pensar. O resultado é este aparente consenso. Não admira nada porque é muito mais fácil um “Cala-te boca”, do que dar o corpo ao manifesto. Sobretudo quando as redes sociais podem abrir uma guerra sem regras, nem tréguas. O maior perigo de tempos difíceis é mesmo esse, o de que a austeridade nos leve para bem longe da democracia.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak, 25-9-2012
PS - E eu que comecei este texto com a intenção de escrever sobre melros e mochos! Fica para amanhã.

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