A vida em si, já é um longo
sonho. Falemos de um sonho dentro de outro. Já lhe aconteceu isso?
Vez por outra, isso me
acontece. A quantidade de sonhos que todos nós já tivemos é inumerável. Na
maioria das vezes, são sonhos que esquecemos o princípio e o fim, porém, o que
nos marca mais a lembrança é aquilo que recordamos ao acordar.
Quando nos lembramos do sonho,
nem sempre é o final que desejávamos. A parte central do sonho está muito
ligada à fase R.E.M. (Rapid Eye Movement), no sono profundo. Vez ou outra, nos acontecem
sonhos sem-pé-nem-cabeça que se tornam difíceis de contá-los a outras pessoas.
Temos também nessa vida,
sonhos maus, verdadeiros pesadelos coletivos, e um deles que agora cito, é
sonhado há mais de sete anos por uma camada da sociedade que anseia em ter seus
direitos, já reconhecidos, atendidos. Este pesadelo chama-se “O drama do Aerus”.
Mantendo a linha discursiva
sobre sonhos em geral, considero admirável assistir a um contador de sonhos
comentar e tornar compreensível um sonho sonhado.
Contar como se sucedeu um
sonho dentro de outro é mais complexo, trabalhoso e requer uma memória
prodigiosa.
Uma vez sonhei que tinha
nascido, crescido e vivido num lugar cujo desenvolvimento se anunciava a todo
momento com inserções nas mídias de 5 em 5 minutos, proclamando a preocupação
das autoridades com o bem-estar social do povo, isso em todos os sentidos,
sempre encerrado com os dizeres que um “País inteligente é um país sem
néscios”. Nesse sonho, mesmo eu sendo um jovem pobre e inculto, me sentia
varonil, capaz, tinha futuro, acreditava nas instituições, tomava minha
cervejinha, via meu time perder e chorava as pitangas, escutava meu “funk” bem
alto e saboreava o modo de se contorcer das “periguétis” ao ouvir o “tal ruído”.
E confiante, tinha a certeza absoluta que “Zeus” era da nossa nacionalidade.
Mas sonho é sonho e então
descobri um portal convidativo: meio desconfiado, atravessei e entrei em outro
sonho. Fui caminhando meio que sem rumo e avistei um vestíbulo no qual
adentrei.
Pregado na parede do aposento,
uma placa em letras carcomidas pelo tempo anunciava “Sorria, você está na
Realidade”. Assustei-me pois, não tinha nenhuma noção do que era a Realidade e
curioso aguardei ansioso que alguma outra situação acontecesse. Vi luzes e
nessa claridade percebi outra placa com lindos arabescos e no centro a palavra
Maquiagem. Me dei conta que a realidade não é tão real, haja vista que está
sempre com a maquiagem. Entrementes, como em todo sonho, coisas estranhas
acontecem e não mais que de repente, luzes começaram a piscar e depois se
reuniram formando uma interrogação que a princípio não entendi.
As luzes formaram as frases:
Se você quer ficar na
realidade e conhecer a maquiagem aperte 1; Para voltar para o outro sonho,
aperte 2. Um painel, não sei dizer como, apareceu com os dois botões para a escolha.
Uma dúvida percorreu minha mente como um flash. Preferi conhecer a maquiagem e
não me arrependi. Tudo que eu não sabia, esclareceu-se. Coisas do passado,
coisas de agora... do presente foram apresentadas transparentemente.
Embustes, estratagemas, mentiras,
omissões de fatos, notícias tendenciosas, promessas, lavagens cerebrais,
engôdos, patranhas, perfídias, ardis, ciladas, concessões, traições. Todas
essas artimanhas manobradas com maquiagem, tornando ou mais suave ou mais
atrativa, a vida daquele gente humilde do sonho anterior. Compreendi porque certas
atitudes faziam o contentamento da quase totalidade daquelas pessoas e presumi
a razão do desinteresse e da apatia, que as impediam de jamais se expressarem
contra o “establishment”. Tudo muito simples... Eles são como eu era antes da
minha consciência se iluminar com esses esclarecimentos, isto é, bem antes de
eu conhecer a maquiagem da realidade. Inexplicavelmente, uma música percorreu
meus ouvidos e aguçando-os pude identificá-la. Escutei bem longe mas foi se
aproximando pouco a pouco a pérola musical de Kitaro, Lady of Dreams e daí em diante o sonho turvou-se e um torvelinho de
visões me levou para outra fase do sono.
O tempo de cada sonho não é
mensurável mas provavelmente, varia de sonho para sonho e de pessoa para
pessoa. Quando saí do R.E.M., iniciei meu retorno à outra fase de menor
profundidade e logo acordei sentindo no ar um cheiro desagradável mas,
infelizmente muito conhecido... até por demais!
Aquilo tudo que vi na
“Realidade cheia de Maquiagens” modificou definitivamente não só minha
consciência mas também o meu olhar que a cada dia se torna mais inquisitivo,
perscrutador e perspicaz.
Ao se sonhar com uma realidade
ideal temos de sempre manter acesa a chama da esperança. Desejamos que o pesadelo
do Aerus se transforme em um sonho bom, que se realizará e trará um sono
reparador, que restabelecerá nossa dignidade e revigorará todos nós.
Desconfiado mas, mesmo assim,
sem ceticismo, continuo sonhando com a terra prometida, apesar de saber que
somente a “Dama dos Sonhos” é que pode me levar a esse lugar mágico.
Título e Texto: Jonathas Filho, a despeito de todo
idealista ser um sofredor, continuo sonhando. 22-9-2013
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