segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O abominável embargo infringente


Valmir Fonseca Azevedo
A nossa falta de memória é terrível.
Mesmo dos “ditados” mais populares, em geral trocamos palavras, e equivocadamente, derrapamos em coisas simples.
Um dos ditados que atropelamos é algo como, “quanto mais sabemos, menos sabemos”. Ou “quanto mais estudamos mais ignorantes constatamos que somos”.
Meio confuso, mas é por aí.

Circulam a rodo na mídia duas novas palavras, pelo menos de pouco uso, até agora. Tratam - se de “embargo” e de “infringente”. Pior ainda, quando juntas “embargo e infringente”.
Embargo infringente.
Como milhões de brasileiros; não sei o que significam juntas ou separadas. Nem iremos a dicionários, enciclopédias e livros de direito para saber.
Contudo, no atual contexto, pouco adianta, e o que captamos é o que interessa.
O “embargo infringente” é na prática, uma ameaça que qualquer um pode fazer a você.
Vou entrar com um “embargo infringente” contra você, “vocifera o seu desafeto”.

Diante de tão nefasta ameaça, é bom você ir para o “quinto dos infernos”, pois haverá choro e ranger de dentes em sua horta e para o acusador haverá um leque de benesses financeiras, morais, pedidos de perdão, retratação pública, etc.
Há alguns anos, profetizamos para uns poucos amigos: “breve, o Dirceu entrará com uma ação de ressarcimento e retratação contra o Estado brasileiro”.
Livre de todas as acusações que lhe atormentavam a vida, graças ao embargo infringente, dará uma espetacular volta por cima, e sabe lá se num futuro próximo não será o mandatário da Nação?

Portanto, não importa o que seja a luz do léxico ou do escopo jurídico, o termo “embargo infringente”, o que interessa para a multidão de ignorantes que somos, é que, praticamente, ele anulará as decisões do STF, e diminuirá ou tornará sem efeito as sanções já anunciadas.
Enfim, o simplório embargo infringente é capaz de desmoralizar ainda mais, o já débil Poder Judiciário.
Depois desta reviravolta, nada poderá nos ajudar.
A verdade, é que não merecemos a mais insignificante ajuda.
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília, DF, 16 de setembro de 2013

2 comentários:

  1. A quadrilha dos “mensaleiros” - “infringiu” descaradamente as leis da República e “embargou” perversamente a Nação.
    Rivadávia Rosa

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  2. A situação atual me fez lembrar dos versos de Henrique Galvão, quando preso pela ditadura de Salasar, em Portugal:

    DURA LEX
    Tu eras rico e eu era pobre.
    Ao apanhar-te a roubar, esqueci a diferença - e chamei-te ladrão.

    Mas tu era rico e eu era pobre.
    Tu podias roubar, tinhas narciso por ti,
    mas eu não podia chamar-te ladrão.
    A lei é peremptória,
    outros como tu a fizeram.
    Esqueci-me da lei:
    apanhei-te a roubar e chamei-te ladrão.

    Era de esperar a sentença:
    Tu foste p'ra um banco mexer em dinheiros
    - e até os roubados te apertam a mão.
    Eu fui p'ra cadeia avivar a memória -
    e até os ladrões se riem de mim.

    Dura lex.

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