Valmir Fonseca Azevedo
A nossa falta de memória é
terrível.
Mesmo dos “ditados”
mais populares, em geral trocamos palavras, e equivocadamente, derrapamos em
coisas simples.
Um dos ditados que atropelamos
é algo como, “quanto mais sabemos, menos sabemos”. Ou “quanto mais
estudamos mais ignorantes constatamos que somos”.
Meio confuso, mas é por aí.
Circulam a rodo na mídia duas
novas palavras, pelo menos de pouco uso, até agora. Tratam - se de “embargo” e
de “infringente”. Pior ainda, quando juntas “embargo e infringente”.
Embargo infringente.
Como milhões de brasileiros;
não sei o que significam juntas ou separadas. Nem iremos a dicionários,
enciclopédias e livros de direito para saber.
Contudo, no atual contexto,
pouco adianta, e o que captamos é o que interessa.
O “embargo infringente” é na
prática, uma ameaça que qualquer um pode fazer a você.
Vou entrar com um “embargo
infringente” contra você, “vocifera o seu desafeto”.
Diante de tão nefasta ameaça,
é bom você ir para o “quinto dos infernos”, pois haverá choro e ranger
de dentes em sua horta e para o acusador haverá um leque de benesses
financeiras, morais, pedidos de perdão, retratação pública, etc.
Há alguns anos, profetizamos
para uns poucos amigos: “breve, o Dirceu entrará com uma ação de ressarcimento
e retratação contra o Estado brasileiro”.
Livre de todas as acusações
que lhe atormentavam a vida, graças ao embargo infringente, dará uma
espetacular volta por cima, e sabe lá se num futuro próximo não será o
mandatário da Nação?
Portanto, não importa o que seja a luz do léxico ou do escopo jurídico, o termo “embargo infringente”, o que interessa para a multidão de ignorantes que somos, é que, praticamente, ele anulará as decisões do STF, e diminuirá ou tornará sem efeito as sanções já anunciadas.
Portanto, não importa o que seja a luz do léxico ou do escopo jurídico, o termo “embargo infringente”, o que interessa para a multidão de ignorantes que somos, é que, praticamente, ele anulará as decisões do STF, e diminuirá ou tornará sem efeito as sanções já anunciadas.
Enfim, o simplório embargo
infringente é capaz de desmoralizar ainda mais, o já débil Poder Judiciário.
Depois desta reviravolta, nada
poderá nos ajudar.
A verdade, é que não merecemos
a mais insignificante ajuda.
Título e Texto: Gen. Bda Rfm
Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília, DF, 16 de setembro de 2013
A quadrilha dos “mensaleiros” - “infringiu” descaradamente as leis da República e “embargou” perversamente a Nação.
ResponderExcluirRivadávia Rosa
A situação atual me fez lembrar dos versos de Henrique Galvão, quando preso pela ditadura de Salasar, em Portugal:
ResponderExcluirDURA LEX
Tu eras rico e eu era pobre.
Ao apanhar-te a roubar, esqueci a diferença - e chamei-te ladrão.
Mas tu era rico e eu era pobre.
Tu podias roubar, tinhas narciso por ti,
mas eu não podia chamar-te ladrão.
A lei é peremptória,
outros como tu a fizeram.
Esqueci-me da lei:
apanhei-te a roubar e chamei-te ladrão.
Era de esperar a sentença:
Tu foste p'ra um banco mexer em dinheiros
- e até os roubados te apertam a mão.
Eu fui p'ra cadeia avivar a memória -
e até os ladrões se riem de mim.
Dura lex.