quinta-feira, 5 de junho de 2014

Os infindáveis dias “D”

José Carlos Bolognese
Na verdade, o histórico mesmo é o Dia D, 70 anos nesta sexta-feira, 6 de junho. Apesar da distância no tempo, para quem gosta de história e, mais ainda... para quem preza a liberdade, o direito de não viver sob nenhuma espécie de tirania, este é o dia da grande virada que garantiu o modo de vida ocidental, de longe o mais bem-sucedido da humanidade. A magnitude desta data e seus heróis tendem a ser tão esquecidos quanto mais o mundo, e principalmente os ocidentais usufruem de décadas de liberdade e prosperidade. Bem...na verdade nem todos no ocidente e nem sempre nessas sete décadas.

Normandia, França, 06-06-1040: Para a garganta da morte. Foto: Robert Sargent

Voltando ao dia D histórico, 6 de junho de 1944, conta-se que nas comunicações – fator mais crucial na guerra que em qualquer outro tempo – foram usados vários elementos da cultura ocidental, inclusive de Beethoven, um alemão. Deste, se tocavam as quatro primeiras notas do primeiro movimento da Quinta Sinfonia, equivalentes ao...

ponto-ponto-ponto-traço...

 ...do Código Morse nos anúncios da BBC de Londres. O mais marcante porém foi a citação do poema Chanson d´automne, de Paul Verlaine, poeta francês (1844-1896) na noite que antecedeu o lançamento da Operação Overlord, a invasão da Normandia.                                                



Les sanglots longs
Des violons
De l’automne
Blessent mon coeur
D’une langueur
Monotone.

Canção do outono
Tradução: Paulo Santana Pereira

Os gemidos compridos
dos violinos
do outono
ferem meu peito
com languidez
enfadonha

Consta que essa parte, “Blessent mon coeur d’une langueur monotone” ou “Ferem meu peito com languidez enfadonha” foi a senha que detonou o efetivo início das operações.

Creio que a grande maioria de nós, trabalhadores da Varig, os aposentados pelo menos, tenhamos nascido antes, durante e depois desse grande momento da história. E se nos admiramos ainda sobre a complexa organização e efetivação de uma missão de tal envergadura, as inúmeras pontas soltas que tiveram de ser encontradas e harmonizadas para que tudo desse certo, verificamos que no Brasil de hoje, se nos deparássemos com uma situação parecida com a de 6 de junho de 1944, teríamos primeiro de sair da pré-história da história para poder enfrentar um desafio como esse.

Pois é esta “pré-história da história” vigente na mentalidade sub administrativa do Brasil que nos mantém atolados em situações de negação de direitos que acreditávamos ter conquistado através do sacrifício de tantas gerações, antes e depois do dia D histórico. Hoje certamente podemos colecionar muitos dias D com significado bem menos nobre. O último de centenas desses foi neste 3 de junho, quando o dia com D de “deboche” foi mais uma vez repetido nas nossas caras numa reunião em Brasília onde várias palavras, nada lisonjeiras com o D de dia desperdiçado, podem ser evocadas...

Descaso
Desprezo
Demora
Desilusão
Deselegância  e muitas mais... que remetem ao poema de Verlaine...

“ferem meu peito
com languidez
enfadonha”
 

Pois... essas palavras iniciadas com D não combinam com...
Democracia
Direitos
Dinheiro devido e....
Decisão e data para pagar!

Definitivamente, desejo que a era petralha seja um período “Decorrido em 2015. Basta que a Decisão dos brasileiros inteligentes e ciosos de seus verdadeiros direitos, deem a “elles” e "ellas" o grande D de “Derrota” nas urnas, em outubro de 2014.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 05-06-2014




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