sexta-feira, 25 de julho de 2014

Considerações sobre um dia inesquecível

Francisco Vianna

Alguns dias atrás, tomei meu café da manhã ouvindo as notícias de um avião de carreira das Linhas Aéreas da Malásia que foi derrubado por um míssil russo e explodiu no ar esparramando seus destroços e os pedaços dos seus passageiros e tripulantes num local afastado da Ucrânia, dito sob controle de “ucranianos pró-Rússia” (expressão que de imediato me remonta à definição de traição à pátria).

Almocei com a TV a me mostrar a invasão terrestre do exército israelense à Faixa de Gaza, um pequeno território marítimo do mar Mediterrâneo que, há alguns anos, Israel abriu mão e até retirou os israelenses de lá usando a força, na esperança de que ali pudesse se concretizar a construção de um “estado palestino” de direito. Agora que, graças ao HAMAS, ao “Jihad islâmico” e outros grupos antissemitas e antiocidentais, Israel chegou à conclusão de que isso não será possível e que o território praiano serviu apenas para a instalação de um foco de agressão permanente ao estado judeu, suas tropas avançam em direção à cidade de Gaza, já semidestruída – e que, em grande parte, fora construída pelos judeus como cidade dormitório para as populações palestinas que trabalhavam em Israel, mas não quiseram adotar a cidadania judaica –, para retomar o território e varrer de lá seus inimigos que são usados como “bucha de canhão” por países como a Síria e o Irã, entre outros, dedicados a ‘varrer o estado judeu do mapa’.

A derrubada de um avião de carreira comercial por um míssil militar russo causou, de fato, um impacto muito maior do que o avanço terrestre israelense para a retomada da Faixa de Gaza e eliminação dos grupos terroristas que, de forma rampante, disparam uma quantidade absurda de foguetes de “fabricação caseira” contra a população civil de inúmeras cidades israelenses, inclusive Tel Aviv, a sua capital. Não fosse pela eficiência do sistema de defesa dos judeus, que fez explodir no ar quase todos os mísseis que cairiam em locais populosos, e o número de vítimas do conflito teria decuplicado no lado israelense.  

Primeiro porque o abate de um avião de carreira, onde os passageiros eram todos envolvidos com pesquisas científicas sobra a AIDS, é uma ação tão estúpida e despropositada que jamais alguém poderia prever que isso pudesse acontecer. Segundo, porque a invasão terrestre da Faixa de Gaza era perfeitamente esperada pelo mundo que está razoavelmente informado, uma vez que ao estado sionista não foi dada alternativa de defesa própria e até de subsistência.

Na verdade, tanto o crime de assassinato coletivo, desmotivado e despropositado, perpetrado ou possibilitado pelo governo de Vladmir Putin, o envenenador – ainda não se sabe ao certo em que categoria incluir o crime –, bem como a invasão de uma área densamente populada onde os agressores de Israel usam a população civil como ‘escudo humano’, são iniciativas difíceis de qualquer pessoa civilizada aprovar, apesar de no primeiro caso ela ser amplamente ultrajante e, no segundo, pelo menos, mais compreensível, bastando que se coloquem no lugar dos israelenses.

Em ambos os casos, o que nos deixa perplexo é o fato de que a vida de muitas pessoas está em perigo e é ceifada sem que elas possam fazer qualquer coisa para se defender, embora, no caso da Palestina, qualquer um pode ter previsto o que iria ocorrer em decorrência da agressão constante de grupos terroristas contra Israel.

Se os palestinos cutucaram muito a “onça com vara curta”, no caso do avião da Malásia, abatido covarde e injustificadamente pelos russos (da Rússia ou infiltrados na Ucrânia), o inusitado foi diretamente proporcional ao ultraje em todo o mundo, até mesmo na Rússia e no Oriente Médio.

Bastou uma manhã para que o Ocidente, muito melhor informado, sentisse que não é mais senhor do seu destino. Na tarde que se seguiu, os EUA viveram mais um episódio de sua “neurose antiterrorista”, quando foi anunciado que a Casa Branca estava bloqueada pelas forças antiterroristas empregadas em caráter de urgência depois que uma mochila foi deixada por possivelmente algum adolescente nas suas imediações. Logo se apurou que não havia qualquer ameaça contra a sede do governo estadunidense.

Os especialistas em geopolítica se dedicam a encontrar algum tipo de método e de ordem dentro de uma situação de aparente caos, mesmo que passageira. No caso da Ucrânia, o avião abatido pelo míssil russo, que dizem ter sido disparado contra o avião comercial da Malásia sob a orientação de militares russos experientes, tragédia a parte, pode ser uma estupidez do governo Putin para desviar a atenção mundial da luta legítima dos ucranianos, que já perderam boa parte do seu território para Moscou, por autodeterminação, pressionada pelo alegado direito da Rússia de intervir em sua “área de influência”.

Tal “argumento”, se for considerado válido pelo resto do mundo, permitirá tranquilamente que os EUA, por exemplo, invadam Cuba, Venezuela, e outros antros ditatoriais socialistas que grassam na América latina, para restabelecerem a ordem política democrática e econômica capitalista privada em sua “área de influência”, ou permitir que a China, por outro exemplo, anexe imediatamente Taiwan à sua soberania, mesmo tornando a desenvolvida ilha do Mar Amarelo uma de suas “áreas econômicas especiais”, como ao receber Hong Kong, esse grande centro capitalista mundial, da Inglaterra ao apagar das luzes do séculos XX. Afinal a ditadura de Pequim não é estúpida ao ponto de inibir todo o progresso capitalista dessas “áreas” forçando a instalação de um socialismo qualquer que todos já sabem – inclusive os chineses – a que fim tenebroso poderia chegar.

O que está acontecendo em torno da Rússia, principalmente na Geórgia e na Ucrânia, ex-participantes forçadas da extinta União Soviética, e no conturbado Oriente Médio, com países árabes usando as populações palestinas como buchas de canhão numa guerra assimétrica contra o estado judeu – que eles mesmos não têm coragem de lutar – pode definir, no futuro mediato, qual será a atitude das potências mundiais em relação às suas respectivas “áreas de influência”.

A se estabelecer esse conceito como “politicamente correto”, a OTAN e a Europa terão que esquecer os países do leste europeu e deixá-los à sua própria sorte por serem considerados dentro da “área de influência” da “grande mãe Rússia”, um país habituado a perpetrar grandes chacinas, seja pela fome ou pelas balas, desde seus impérios monárquicos absolutistas até suas sangrentas e miserabilizantes ditaduras socialistas.

Da mesma forma, o Ocidente terá que esquecer sua vocação libertária e desistir de promover a democracia em países que nunca a experimentaram e que provavelmente não estão preparados para isso sob o ponto de vista de desenvolvimento humano.

Terão que se contentar em intervir nos estados que estão sob a sua “área de influência” e acabar com os focos de pobreza e miséria socialista como os existentes, por exemplo, em Cuba e na Venezuela. Mesmo porque Vlad Putin e os aiatolás do Irã já estão a atuar nesses “focos” do mesmo modo que a OTAN atua no leste europeu e na China.

Talvez o conceito de “área de influência” seja uma saída mais segura para o mundo quanto à segurança geopolítica e geoeconômica. O que acha o leitor?

Fica apenas a ameaça latente de que “o socialismo acabe quando acabar o dinheiro... Dos outros”, e a qualquer momento, no futuro, nações inteiras se tornem hordas miseráveis e famintas produzidas pela doença socialista – como sói acontecer – disseminada no mundo, partindo ferozmente sobre os países ricos e produtivos pela adoção do capitalismo privado e de regimes meritocráticos, numa ação desesperada e final que antecederá o seu desaparecimento ou, talvez, o da própria espécie humana.
Título e Texto: Francisco Vianna, 25-07-2014

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