quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vamos todos para Miami

José Manuel 
 
"Mas se você não pode esperar para fazer as sonhadas compras em Miami, vá direto ao Dolphin Mall, no centro da cidade, onde 240 lojas trazem produtos de grandes marcas, como Banana RepublicVictoria’s Secret e tantas outras. Quem procura pelos famosos outlets de Miami vai se encantar com o Sawgrass Mills, em Fort Lauderdale, a 50 quilômetros da cidade – dentre as mais de 300 lojas, indica-se as pontas de estoque da GAPNike e Burberry. Tanto para relaxar em praias de mar azul quanto para aproveitar ótimos preços de grifes famosas, sua viagem para Miami tem tudo para ser inesquecível."


Como infeliz aposentado da previdência social  e também perdedor do fundo de pensão AERUS, ou seja, mais um infeliz largado neste mundo latino, tenho pelo menos os  meus devaneios esporádicos e ontem mesmo eu vi um anúncio sobre pacotes turísticos neste imenso país milionário chamado Brazil.

E tive a oportunidade de perceber como a farra está boa pelas bandas de cá do Atlântico sul.
Um pacote com seis noites em Miami ou Orlando, mais parte aérea e aluguel de carro, por  R$ 1490,00 ou, para melhorar mais ainda, dez prestações de R$ 149,00, fora a muamba, é claro, que ninguém resiste pois não somos de ferro.

Até o ministro que se aposenta vai morar lá, por que nós, que somos o seu antagonismo puro de origem, não podemos?

Afinal, o governo está bancando tudo, desde o crédito fácil via consignado até ao dólar reprimido pela elite econômica.
Ninguém por exemplo se lembra mais do nosso Eike Batista e a sua ligação com o BNDES. Isso é passado e recordar não é viver. Para quê?

Quando perdi o meu fundo de pensão, que era admiravelmente fiscalizado pelo governo, a solução que vislumbrei à época, e lá se vão oito anos, para minimizar as minhas futuras agruras neste país varonil, foi de vender parte do que havia amealhado com o meu trabalho de anos e cair na iniciativa privada como um Sebraético empreendedor, que o governo anuncia eternamente como a salvação moderna da nação.

Mais um trote protagonizado pelas esferas públicas, em que eu e milhões mais uma vez  caíram. A política econômica atual está infernizando a vida de todos os que acreditaram um dia ser possível produzir e criar riqueza. A partir de 2010 e já no mandato da presidenta o empresariado sentiu  ter caído em um conto, digamos, pouco honesto,  e que a armadilha estava preparada sem que houvesse salvação. 
Ninguém mais se lembra do julgamento do mensalão e seu show de pirotecnia pura que durante este último ano, consumiu milhões de reais, desviou a atenção do povo durante meses e o resultado está aí para todos verem. Nada de positivo e tudo esquecido  como lhes convém.

Ao longo destes anos a partir de 2010 o empresariado viajou em uma rota de impacto futuro com a derrota. O volume de lojas fechadas atualmente chega a impressionar até aos mais desavisados. A super conta, agora após um evento como a copa, que não precisamos mais escrever porque tudo já foi dito em termos de despesas ao país, que além de tudo o mais e pior a perdemos em casa, está chegando devagarinho e até ao final do ano vai se tornar um inferno.

O volume de gastos  pelos brasileiros no exterior está no seguinte patamar:

Ainda de acordo com o Banco Central, as despesas no exterior somaram US$ 10,48 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano, o que representa um aumento frente ao mesmo período do ano passado, quando o total foi de US$ 10,3 bilhões. Com isso, os gastos de brasileiros lá fora também bateram recorde em 2014 para os cinco primeiros meses de um ano.
Fonte: G1 Economia

Está cada vez mais claro, mês a mês, que os brasileiros estão numa corrida ao ouro no exterior.
Os preços assistencialistas dos pacotes de turismo, financiados pelo dólar artificial fazem com que hordas de brasileiros se dirijam a paraísos como Miami, Orlando e Nova Iorque, com os seus produtos melhores, sem competição com os nacionais, seus preços em até 70% mais baratos em relação aos praticados aqui, além de um turismo patrocinado  pela quantidade de feriados absurda em 2014 por exemplo, mais os dias parados por causa do furor pátrio ao futebol.
A conta já está expedida e é só uma questão de tempo para a entrega.

O que deveria estar sendo gasto aqui e gerando riqueza ao país de terceiro mundo, está alarmantemente sendo gasto lá fora para deleite dos países do primeiro. Nossa inteligência está acima de qualquer dúvida e nós somos apenas o máximo!

Então, os empresários deveriam começar a pensar seriamente se vale a pena, continuar a investir em um país que não lhes traz absolutamente nenhum retorno e gerar riquezas é apenas um sonho de difícil realização.

Já que a ordem é a que está sendo seguida, proponho irmos todos para Miami, lá colocarmos as nossas empresas e confortavelmente passarmos a vender para os  turistas brasileiros. Em dólar, é claro, sem precisar incomodar o funcionalismo público fazendário e os seus pontos facultativos de terceiro mundo.
Título e Texto: José Manuel, ex- tripulante Varig, 24-07-2014

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