1. Uma característica eleitoral comum aos diversos tipos de
populismo é sapatear nas crises e atacar os que governam, responsabilizando-os
pelos problemas enfrentados. O problema está quando quem governa são os
governos populistas. Na eleição presidencial de 2014 há outra questão: nenhum
dos três candidatos principais faz naturalmente o gênero populista.
2. Quando uma liderança populista chega ao poder, sapateia sobre a
“herança perversa” que recebeu. Isso é facilitado quando podem personalizar essa
“herança perversa”. Mas a eficácia das justificativas sobre os problemas não
solucionados pelo novo governo vai perdendo memória, com o tempo, vai ficando
rarefeita. É o caso do Brasil, depois de 12 anos de um mesmo governo. Atacar o
governo anterior que se encerrou em 2002 ou fazer memória do presidente da
época, pouco ou nada adianta.
3. Numa situação dessas, entra o populismo presidencial reverso,
quando se ataca um hipotético futuro de perdas, se a oposição chegar ao poder.
Para isso, se destaca um ou outro ponto sobrevivente e popular de governo e se
afirma que tais “conquistas” desaparecerão se a oposição vencer. Mas o tempo
vai cristalizando esses pontos e descolando-os de qualquer gestor.
4. No caso do Brasil, os programas de inclusão social ou de
benefícios que eram alocados impessoalmente, passaram na atual gestão, de 12
anos, a transferir cadastros para os políticos dirigentes do partido. A partir
daí e com a proximidade da eleição, saem cartinhas pessoais alertando para os “riscos”.
5. Cartinhas que dizem: Cuidado, se não ganharmos a eleição esse
candidato/partido de oposição vai acabar com este programa, pois ele é
candidato dos ricos.
6. Essas cartinhas são despachadas mais próximas à eleição e
assinadas por alguém ou associação de nome falso e, por isso, não identificável
pela fiscalização eleitoral. Mas como são despachadas em bloco, pode ser que
indo aos Correios, na agência de emissão, se possa identificar a origem, na
medida em que os valores são altos e não vão ser pagos em caixas de dinheiro.
Título e Texto: Cesar Maia, 23-07-2014
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