Valdemar Habitzreuter
Aos amigos do blog Cão que Fuma e aos velhinhos e
velhinhas do Aerus em especial,
votos de bem apreender e compreender a vida, independente das festas de Natal e
Ano Novo.
O fluir da vida não se presta
em parar o tempo para dizer FELIZ NATAL e localizar aí algum indício de
felicidade perduradora e, tão pouco, zerar o cronômetro em 31 de dezembro para
dispará-lo novamente em 1º de janeiro, ensejando dias melhores. Desejar um
feliz natal e próspero ano novo não implica que vá se realizar a felicidade e a
prosperidade a quem as desejamos.
O tempo não considera natais e
anos novos com seus votos de felicidade, pois é passamento, é um fluxo contínuo
que está acima de natais e anos novos - quimeras humanas pertencentes à
História, e História é justamente isto: fatos ou eventos que pretendemos fixar
no tempo, forçando-o a uma parada. Mas sabemos que os fatos ficam para trás e o
tempo continua a passos largos, sem se importunar com eles.
Natais e Anos Novos são
eventos que fixamos no tempo e de que gostaríamos nos proporcionassem uma
eterna felicidade natalina e um ano novo próspero que não passasse.
Muita ilusão nisso tudo. Se
quisermos a tão bendita felicidade natalina e prosperidade no novo ano, faz-se
necessário perscrutar o que o tempo nos sibila no íntimo de nossas almas. Para
isso somos convidados a galopar em seu lombo e aí o que vivenciarmos,
forçosamente, nos levará à compreensão da vida, pois compreenderemos sua
natureza inventiva e criadora. É daí que pode despertar a felicidade que tanto
almejamos.
A vida não é estática, é
movimento contínuo de invenção e criação do novo que ocorre na duração
temporal. Não há instantes que se sobrepõem - um antes e um depois -, mas
unicamente um fluxo contínuo criador que nos traz o novo, e, consequentemente,
nada se repetindo.
Neste sentido, minha alma, ou
meu ânimo, nunca fica presa a um momento fixo de alegria ou tristeza, por
exemplo, pois ela participa e expressa-se no movimento criador da vida que
sempre deixa em aberto para o que poderá vir de novo pela frente.
Compreender a vida, pois, é
abandonar-nos ao seu movimento criador e saber que esta contingência significa
movimentação para um futuro imprevisível. E isto nos deve deixar alertas e
atentos aos movimentos dos estados da alma para que saibamos assimilar
positivamente toda a riqueza inovadora deste movimento da vida.
Tristes ou alegres hoje? Não
adianta fixarmo-nos em categorias emocionais, pois o fluxo da vida a que nossa
alma está sujeita não se pauta por tais categorias fixas. Nossas tristezas ou
alegrias de hoje não se repetirão no amanhã, sempre seremos assaltados com
tristezas e alegrias novas. Mas é justo aí que podemos vislumbrar a felicidade.
Felicidade não é um termo ou
conceito fixo. Assim como a vida é um movimento criador, a felicidade também
tem seu movimento próprio. Ela flutua ao sabor do movimento da vida e faz a
alma sentir-se enlevada por participar dessa cavalgada no lombo do tempo, não
importando o que o futuro possa reservar.
Felicidade, pois, é galopar
com a vida – um bem-estar que a alma assimila como movimento, predispondo-a
para os desafios do futuro e enfrentar o que der e vier: tristezas e alegrias.
Felicidade, em suma, é estar
de bem com as ondulações da vida. O próprio movimento galopante da vida do qual
a alma participa pode e deve traduzir-se em felicidade, basta compreender que
não há felicidade estática, mas sempre está ela se movimentando e adaptando-se
a situações novas. Portanto, não há uma definição para felicidade, pois está em
constante movimento, e definir significa estabelecer um limite, uma parada, um
fim, coisa que o movimento da vida com a felicidade a tiracolo não permite.
Aquele que se diz infeliz é
porque tem uma compreensão distorcida da vida, querendo deter seu fluxo, pois
falta-lhe coragem de enfrentar o novo e imprevisível da vida. Aspira por algo
estático, um céu que lhe dê tranquilidade, mas isto nunca ocorrerá pela própria
dinâmica da vida. É este dinamismo que faculta sermos felizes.

Um abraço, Jim. Seja feliz!...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 16-12-2014
Bom , eu quero te agradecer por estes anos de luta que tivemos juntos
ResponderExcluirTeus textos são e serão sempre aguardados com ansiedade por todos os que almejam um retorno de suas vidas.
Quero te desejar um Natal se possível com tutela e que o próximo ano seja o início do retorno das nossas vidas e o fim das nossas expectativas sem horizontes.
Um abraço a você e à sua família. Feliz Natal
José Manuel
Caro José Manuel, não há o que agradecer, todos ficamos indignados com tanta morosidade da Justiça em reconhecer nossos direitos e o Executivo tripudiar das nossas exigências pelo retorno dos nossos proventos. É natural, pois, que muitos de nós nos manifestamos por escrito por tanta crueldade por parte do governo. Você foi um dos mais aguerridos, e ainda está sendo, lutadores para que alcançássemos a merecida vitória. Não esquecerei tua greve de fome para chamar a atenção das autoridades, e teus escritos são setas certeiras e objetivas que incomodam muita gente... Parabéns pelo teu ímpeto combativo e continue a valorar a justiça onde ela tem de ser aplicada... Um forte abraço é um Bom Natal atoados da família.
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