terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Feliz Natal e Próspero Ano Novo (?)… ao Cão que Fuma... e aos velhinhos e velhinhas do Aerus...

Valdemar Habitzreuter

Aos amigos do blog Cão que Fuma e aos velhinhos e velhinhas do Aerus em especial, votos de bem apreender e compreender a vida, independente das festas de Natal e Ano Novo.

O fluir da vida não se presta em parar o tempo para dizer FELIZ NATAL e localizar aí algum indício de felicidade perduradora e, tão pouco, zerar o cronômetro em 31 de dezembro para dispará-lo novamente em 1º de janeiro, ensejando dias melhores. Desejar um feliz natal e próspero ano novo não implica que vá se realizar a felicidade e a prosperidade a quem as desejamos.

O tempo não considera natais e anos novos com seus votos de felicidade, pois é passamento, é um fluxo contínuo que está acima de natais e anos novos - quimeras humanas pertencentes à História, e História é justamente isto: fatos ou eventos que pretendemos fixar no tempo, forçando-o a uma parada. Mas sabemos que os fatos ficam para trás e o tempo continua a passos largos, sem se importunar com eles.  

Natais e Anos Novos são eventos que fixamos no tempo e de que gostaríamos nos proporcionassem uma eterna felicidade natalina e um ano novo próspero que não passasse.  

Muita ilusão nisso tudo. Se quisermos a tão bendita felicidade natalina e prosperidade no novo ano, faz-se necessário perscrutar o que o tempo nos sibila no íntimo de nossas almas. Para isso somos convidados a galopar em seu lombo e aí o que vivenciarmos, forçosamente, nos levará à compreensão da vida, pois compreenderemos sua natureza inventiva e criadora. É daí que pode despertar a felicidade que tanto almejamos.  

A vida não é estática, é movimento contínuo de invenção e criação do novo que ocorre na duração temporal. Não há instantes que se sobrepõem - um antes e um depois -, mas unicamente um fluxo contínuo criador que nos traz o novo, e, consequentemente, nada se repetindo.  

Neste sentido, minha alma, ou meu ânimo, nunca fica presa a um momento fixo de alegria ou tristeza, por exemplo, pois ela participa e expressa-se no movimento criador da vida que sempre deixa em aberto para o que poderá vir de novo pela frente.  

Compreender a vida, pois, é abandonar-nos ao seu movimento criador e saber que esta contingência significa movimentação para um futuro imprevisível. E isto nos deve deixar alertas e atentos aos movimentos dos estados da alma para que saibamos assimilar positivamente toda a riqueza inovadora deste movimento da vida.  

Tristes ou alegres hoje? Não adianta fixarmo-nos em categorias emocionais, pois o fluxo da vida a que nossa alma está sujeita não se pauta por tais categorias fixas. Nossas tristezas ou alegrias de hoje não se repetirão no amanhã, sempre seremos assaltados com tristezas e alegrias novas. Mas é justo aí que podemos vislumbrar a felicidade.

Felicidade não é um termo ou conceito fixo. Assim como a vida é um movimento criador, a felicidade também tem seu movimento próprio. Ela flutua ao sabor do movimento da vida e faz a alma sentir-se enlevada por participar dessa cavalgada no lombo do tempo, não importando o que o futuro possa reservar.

Felicidade, pois, é galopar com a vida – um bem-estar que a alma assimila como movimento, predispondo-a para os desafios do futuro e enfrentar o que der e vier: tristezas e alegrias.  

Felicidade, em suma, é estar de bem com as ondulações da vida. O próprio movimento galopante da vida do qual a alma participa pode e deve traduzir-se em felicidade, basta compreender que não há felicidade estática, mas sempre está ela se movimentando e adaptando-se a situações novas. Portanto, não há uma definição para felicidade, pois está em constante movimento, e definir significa estabelecer um limite, uma parada, um fim, coisa que o movimento da vida com a felicidade a tiracolo não permite.  

Aquele que se diz infeliz é porque tem uma compreensão distorcida da vida, querendo deter seu fluxo, pois falta-lhe coragem de enfrentar o novo e imprevisível da vida. Aspira por algo estático, um céu que lhe dê tranquilidade, mas isto nunca ocorrerá pela própria dinâmica da vida. É este dinamismo que faculta sermos felizes.

Um Natal Feliz e próspero Ano Novo, Cão que Fuma. Ou melhor, muitas baforadas e galopes em direção ao futuro imprevisível, compartilhando alegrias e tristezas aos leitores, felizes de ter um Cão que Fuma...

Um abraço, Jim. Seja feliz!... 
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 16-12-2014

2 comentários:

  1. Bom , eu quero te agradecer por estes anos de luta que tivemos juntos
    Teus textos são e serão sempre aguardados com ansiedade por todos os que almejam um retorno de suas vidas.
    Quero te desejar um Natal se possível com tutela e que o próximo ano seja o início do retorno das nossas vidas e o fim das nossas expectativas sem horizontes.
    Um abraço a você e à sua família. Feliz Natal
    José Manuel

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    1. Caro José Manuel, não há o que agradecer, todos ficamos indignados com tanta morosidade da Justiça em reconhecer nossos direitos e o Executivo tripudiar das nossas exigências pelo retorno dos nossos proventos. É natural, pois, que muitos de nós nos manifestamos por escrito por tanta crueldade por parte do governo. Você foi um dos mais aguerridos, e ainda está sendo, lutadores para que alcançássemos a merecida vitória. Não esquecerei tua greve de fome para chamar a atenção das autoridades, e teus escritos são setas certeiras e objetivas que incomodam muita gente... Parabéns pelo teu ímpeto combativo e continue a valorar a justiça onde ela tem de ser aplicada... Um forte abraço é um Bom Natal atoados da família.
      Habitz

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