Em decisão fechada, o Knesset – Parlamento de Israel, se negou a
atender ao pedido do Presidente Barak Obama dos EUA para que Israel elogiasse
publicamente o fim do embargo americano e o descongelamento das relações entre
Washington e Havana.
![]() |
Jovens estudantes carregam uma
grande bandeira cubana, em desfile pelas ruas de Gibara, em Cuba em 20 de
janeiro de 2014. Foto: Flash 90
|
Israel não aceitou o pedido
americano de acolher e aprovar oficialmente o degelo nas relações EUA-Cuba bem
como a suspensão do bloqueio à ditadura cubana.
Na semana passada, Washington
e Havana concordaram em trabalhar para acabar com cinco décadas de “inimizade
mútua” e desconfiança. Os dois governos trocaram prisioneiros, incluindo Alan
Gross, um judeu americano, e começaram a falar sobre o fim do embargo dos EUA
de longa data sobre a nação insular.
O movimento veio como uma
surpresa em Washington – e também em Israel.
A cada ano, a Assembleia Geral
da ONU vota uma resolução instando os EUA a levantarem o embargo à Cuba. E a
cada ano, incluindo a última em outubro desse ano, Israel é a única nação que
tem votado com os EUA contra essas ‘resoluções’.
Destarte, as autoridades
israelenses foram pegas de surpresa com a dramática mudança da política em
relação à ditadura cubana que fora anunciada sem que Tel Aviv fosse previamente
notificada, informou ontem o Haaretz. "A Casa Branca sequer nos deu alguns
minutos de advertência", disse um alto funcionário do Ministério das
Relações Exteriores judaico ao jornal israelense.
A nova política para Cuba
adotada pela administração Obama tem enfrentado críticas no Capitólio. Alguns
dos críticos mais estridentes dessa política é a Senadora Republicana pela
Flórida, nascida em Havana e naturalizada estadunidense, Ileana Ros-Lehtinen e
que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado, juntamente com o
senador Robert Menendez, ambos estando entre os defensores mais atuantes de
Israel em Washington.
Em vista da subitaniedade,
quando as embaixadas dos EUA em todo o mundo pediram aos respectivos governos
para que aprovassem a nova política, as autoridades israelenses se recusaram de
modo peremptório.
Ficou a sensação ruim de que o
apoio solitário de Tel-Aviv ao bloqueio americano a Cuba, sequer mereceu uma justa
advertência sobre essa reviravolta política, isso levando-se em conta que o
estado sionista não tem o menor desejo e interesse de criar confrontos
políticos com Washington, o que obrigou o governo de Israel a parar de
responder ao insistente pedido americano. As relações exteriores de Tel Aviv
com Havana já têm seus próprios problemas independentes da política
norte-americana vigente ou que irá vigorar.
"Israel apoiou a política
americana para Cuba em fóruns internacionais, no contexto da aliança
estratégica entre os dois países, e por causa da linha crítica de Cuba em
Israel nestes fóruns", o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores
israelense, Emmanuel Nahshon, disse à imprensa local que tão teve alternativa
senão negar o pedido de Obama.
Cuba unilateralmente cortou,
em 1973, as relações com Israel, não devido a Guerra do Yom Kippur – como
muitas vezes erradamente se menciona –, mas porque o então líder do país, Fidel
Castro, buscava a presidência naquele ano do “Movimento dos Países Não
Alinhados”.
Desde então essas relações
entre os dois países tiveram altos e baixos, mas na maior parte do tempo
manteve-se extremamente deteriorada. Em 2010, por exemplo, Fidel Castro
comparou o tratamento de Israel aos palestinos ao genocídio dos judeus pelos
nazistas. "Parece que a suástica do Führer é bandeira hoje de
Israel", afirmou o octogenário ditador.
Neste ano, ele acusou Israel
de "genocídio" em Gaza e condenou a chamada “Operação Proteção da
Orla” de uma "nova forma repugnante de fascismo", o que torna o
discurso de Castro irracional, uma vez que o fascismo não passa de uma forma
nacionalista de socialismo, como o nazismo.
Em 2010, no entanto, Fidel
Castro, que tinha então sido substituído por seu irmão mais novo, Raul, disse à
jornalista Jeffrey Goldberg, dos EUA, que Israel tem "sem dúvida" o
direito de existir como um Estado judeu.
Perguntado por Goldberg se
Havana consideraria retomar relações diplomáticas com Tel Aviv, o senil Castro
respondeu que “essas coisas levam tempo, mas não rejeitou a ideia de imediato”.
Apesar de sua desconfiança
inicial sobre a mudança de política americana, as autoridades em Jerusalém
sugeriram uma mudança na política de Israel em relação a Havana e é provável
que, gradualmente, siga o exemplo americano, principalmente se o regime cubano
der mostras de que estará sendo mais tolerante com uma abertura democrática.
Mas isso é coisa que pouca gente acredita que acontecerá.
Tradução livre de Francisco Vianna de matéria do jornal
israelense The Times of Israel de
hoje, sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-