Leo Daniele
Decorridas duas
semanas, pode-se avaliar melhor o perfil da colossal manifestação de 15 março
em São Paulo e em várias capitais, que a mídia tentou minimizar o mais possível
nos dias seguintes. Como resumiu muito bem Eliane Cantanhêde, “o
Brasil tem agora o antes e depois de 15 de março de 2015” (“O
Estado de S. Paulo”, 15-3-15). Ou seja, depois do que aconteceu, o País não
será mais o mesmo.
“Exagero”? Resposta única
cabível: acorda!
A mídia, sobretudo a de
esquerda, tentou e tenta relativizar o que sucedeu.
“Segundo o instituto
Datafolha, essa foi a maior manifestação política registrada no Brasil desde o
movimento das Diretas-Já, em 1984. Em São Paulo, a Avenida Paulista foi
praticamente toda tomada. Grupos organizados discursaram de carros de som para
um público predominantemente vestido de verde e amarelo”.
Segundo informações oficiais
da Polícia Militar dos diferentes Estados, no mínimo 1,950 milhão de
brasileiros foram às ruas, nas capitais e em pelo menos outras 185 cidades do
País. E também no Exterior – Nova Iorque, Londres, Paris e Buenos Aires – eles
se manifestaram. Houve ainda vários “panelaços”.
Um documento do próprio
Planalto admite o “caos político” e que “não será fácil virar o jogo” (“O
Estado de S. Paulo”, 20-3-15).
Qual a causa profunda dessas manifestações?
É a mais importante indagação. Muitos itens podem ser citados, mas há sobretudo
uma espécie de denominador comum de tudo. O povo está cansado, está
desencantado. Embora o governo sirva de espoleta para as manifestações, há algo
de mais geral e mais profundo, pois não se trata apenas de um acontecimento
político.
“Se contra este ou
aquele aspecto da realidade se enunciam queixas, contra o conjunto dessa
realidade, os fatos mais recentes tornam evidente que lavra um incêndio de
verdadeiro furor” – dizia Plinio Corrêa de Oliveira a respeito do
Descontentamento precursor da queda da Cortina de Ferro. Mudaram os tempos e os
personagens, mas os fenômenos se aparentam.
Título, Imagem e Texto: Leo Daniele, ABIM,
3-4-2015
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