Valdemar Habitzreuter
Faz algum tempo que estamos
meio ressabiados sem alguém que nos conte uma historinha de um final feliz.
Quisera eu ser um contador de histórias para elevar o ânimo de todos. Parece
que tudo que ouvimos se perde nas brumas da ilusão e do mal-entendido. Gostaríamos
sempre de ouvir historinhas com desfecho feliz, principalmente que alguém
contasse o final feliz da história de nosso Aerus...
Vou-me esforçar para contar
uma historinha de ficção para o nosso entretenimento. É claro, também sem final
feliz. Mas, talvez, sirva para lembrarmo-nos que ainda constituímos um grupo.
Um grupo de velhinhos aposentados vivendo uma saga notável, digna para registro
futuro na História brasileira.
Aí vai, então, minha
historinha infantil; sim infantil, pois na velhice - dizem os gerontólogos -
voltamos a ser crianças, mas crianças com sabedoria e altivez por ter chegado
longe na estrada da vida. Se esta historinha já é do conhecimento de vocês,
podem interromper a leitura, não quero ser enfadonho e induzi-los ao cansaço.
Era uma vez, um país muito
distante, distante a um tempo infinito, sem situação e limites geográficos.
Quem reinava neste país era a rainha Felicidade. Os súditos e a bicharada toda
esbaldavam-se em alegrias e festas. Todos respiravam felicidade. Jardins enormes
ornamentavam este país paradisíaco. Árvores frondosas proporcionavam sombras e
frutos deliciosos. Nada faltava ao povo.
Mas havia um casalzinho que,
de tão radiante de felicidade, se perguntava: será que não há algo melhor do
que toda nossa felicidade? Nascia aí o embrião de uma suspeita. A rainha
Felicidade foi questionada e pressionada a justificar-se do porquê de ela
alimentar a todos somente com o pão da felicidade. Estaria ela escondendo algum
alimento melhor?
A rainha, em sua amabilidade e
magnitude, fez ver a eles que a única chance de levar uma vida bela e formosa é
ter uma felicidade incondicional e só sob o seu reinado. Em nenhum outro país
haveria esta chance. Deu inclusive o exemplo do Brasil dizendo que lá também
reinava uma certa rainha que distribuía bolsa família ao povo e não eram
felizes, faltava no sacolão o pão da felicidade...
O casalzinho teimoso não se
deu por convencido. Com certeza a rainha estava escondendo alguma coisa de
muito valioso que superaria a felicidade reinante, pensavam os dois. No apagar
das luzes do dia e as sombras da noite invadindo os jardins do Éden, nosso
casalzinho esgueirou-se para as bandas do jardim da rainha. Transpôs o enorme
muro que cercava o jardim. Adentrando cada vez mais o jardim depararam-se com
uma enorme árvore fulgurante carregada de frutos de aspecto apetitoso nunca
vistos em outras paragens.
Está aí o segredo da rainha,
sussurrou a mulher ao marido. Vamos em frente, vou pegar uns frutos dessa
árvore para comer. Quem sabe nos tornaremos poderosos a ponto de poder
rivalizar com a rainha.
Lá foi ela, puxando pelo braço
o marido, e aproximou-se da árvore. Ao chegar debaixo da árvore ficou olhando
ao derredor à procura de uma vara para pegar os frutos. Mas não fora preciso.
Do alto da árvore uma cintilante serpente veio em socorro e disse à mulher:
bela decisão de vocês. Vocês comerão frutos da árvore proibida, mas são frutos
poderosos que mudarão o destino de vocês. Deixe-me ajudar, disse a serpente, e
começou a jogar frutas do alto da árvore para regozijo dos dois.
Com um cesto - feito de folhas
- repleto de frutas, lá foram eles rumo à sua morada. Em casa empanturraram-se
das frutas e foram dormir. Lá pelas tantas da madrugada, Adão - esse era o nome
do homem - sentiu algo estranho entre as pernas. Algo ficara rígido feito um
pau. Olhou para o lado e viu a Eva - o nome da mulher - contorcendo-se dizendo
que um fogo brotava-lhe de entre as pernas. Tá aí o nosso poder, exclamaram os
dois. Não é preciso dizer o que se passou no restante da noite.
De manhã estavam exaustos.
Pela primeira vez sentiram-se nus, até então o estado de felicidade os encobria
da inocência paradisíaca. Disse Adão à Eva: nunca te percebi assim, com essa
rachadura no meio das pernas... Eva replicou: nem eu a você com este
penduricalho aí embaixo.
A rainha, ao perceber que o
casalzinho transgredira as leis da felicidade, sentiu-se amargurada e ao mesmo
tempo indignada com a ousadia dos dois de quererem mais do que lhes era de
direito e que os fazia completamente felizes. Chamou os dois e lhes disse: o
pão da felicidade não lhes será dado doravante gratuitamente. Cabe a vocês
agora de conquistá-lo com seu próprio esforço e suor de seus rostos. E
afastou-se.
Começou aí a saga da
humanidade e as peripécias de homens e mulheres para sobreviverem, multiplicando-se
no afã de preservar e continuar a existência da espécie humana.
Nós, velhinhos e velhinhas,
fazemos parte dessa saga. Com o suor de nossos rostos construímos nosso abrigo
Aerus, mas ventos fortes de incerteza fazem tremer seus alicerces e ninguém se
habilita a contar um desfecho feliz para esta história começada há dez anos atrás.
Mas, a esperança não morre, um
dia virá alguém com habilidade de contar histórias... Mas histórias com final
feliz...
Desculpem-me se a minha os
decepcionou... Sou mau contador de histórias...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 21-4-2015
Atravancando a vida de milhões de brasileiros o judiciário zomba de tudo e de todos mandos e desmandos com pesos e medidas diferentes para mesma situação salários incompatíveis com o desempenho da função único poder que não pode ser criticado sob pena de severas punições processos simples se estendem por décadas onde esta a senhora corregedoria para esses intocáveis donos do mundo .Que tal o cao que fuma encabeçar um protesto exigindo mudanças nesse poder sem regras resolver caminhar sem toda esta demora .resolvendo pelo menos estas questões tao justas,
ResponderExcluirEstamos disponíveis e prontos para ajudar na divulgação desse protesto.
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