Leo Daniele
Nos últimos dias 15 de
março e 12 de abril, não foi apenas uma pessoa ou um partido que foi
possantemente vaiado e completamente desprestigiado em várias capitais, mas
também o respectivo “programa” que, como um fantasma, estava por detrás de
tudo.
Tudo sem alarde porque, como
todo fantasma que se preze, esse quer ser pouco visto. Ele é um importante
comparsa do governo, tão vaiado nos últimos dias 15 de março e 12 de abril, mas
não apareceu — é claro — nem foi citado. Mas é muito poderoso e tem-se
materializado em leis, normas, regulamentos. Sua influência derruba muitas
barreiras.
O que ele pregou? Entre outras
coisas, as invasões rurais e urbanas. Também a aplicação de uma “política
racial” que estimula a luta de raças. Após ter acesso a luta de classes.
Intromete-se nos lares, por exemplo com a “teoria do gênero” e a “lei da
palmada”. Deseja um controle cada vez maior dos meios de comunicação social.
Luta pela oficialização paulatina da prática do aborto. Desrespeita a
propriedade privada e persegue a livre iniciativa, com leis e impostos cada vez
mais escorchantes. Propõe banir os símbolos religiosos das escolas e
repartições públicas, etc.
O leitor talvez tenha
adivinhado do que se trata. Esse fantasma é o 3º Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH-3), decretado pelo presidente Lula em
21 de dezembro de 2009, no apagar das luzes de seu governo e atualizado em 12
de maio de 2010.
Se ele assumisse carne e
osso, certamente seria vaiado e objeto de um ou vários panelaços. Mas
se isso acontecesse, ele perderia uma de suas principais características, que é
trabalhar na surdina. Por isso, não acusou recebimento das vaias que choveram
dias atrás.
Em vez dos
Dez Mandamentos da Lei de Deus, teremos agora que pautar nossas ações
pelos “direitos” das prostitutas, dos transgêneros, das feministas,
dos vadios, dos invasores de terras e de prédios,
das “culturas” primitivas, dos revoltados de todo gênero.
E o texto
do PNDH-3 é ainda mais amplo, pois recomenda: “incluir
nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares
constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT),
com base na desconstrução da heteronormatividade”.
As prostitutas são chamadas no
PNDH3 eufemisticamente de “profissionais do sexo” e deverão ter
sua ocupação regulamentada.
O PNDH-3 propõe também “desenvolver
mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos
públicos da União”, e recomenda “o respeito à laicidade
pelos Poderes Judiciário e Legislativo, e Ministério Público, bem como dos
órgãos estatais, estaduais, municipais e distritais”. Mais isso!
Laicidade parece ter aqui o
significado de ateísmo. O Estado laico seria ateu e não toleraria qualquer
símbolo religioso em seus estabelecimentos. É uma inquisição laica (ou ateia)
contra os crucifixos e as imagens de santos.
O PNDH-3 propõe “instrumentos
de avanço” para a “redução das desigualdades sociais concretizadas
por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidária e
ao cooperativismo, à expansão da reforma agrária”.
Ademais, é indisfarçável
a antipatia do PNDH-3 em relação
à propriedade privada, entretanto fundamentada em dois
Mandamentos da Lei de Deus: o 7º (“Não roubar”) e o 10º (“Não
cobiçar as coisas alheias”).
Atualmente, se a propriedade
urbana ou rural for invadida por esquerdistas ou arruaceiros,
cabe ao Poder Judiciário restabelecer imediatamente a ordem por meio
de uma liminar. Mas, para o PNDH-3, deverá ser obrigatório haver
um diálogo prévio com os envolvidos, “com a presença do Ministério
Público, do poder público local, órgãos públicos especializados e Polícia
Militar”. Ou seja, o que normalmente seria uma ação de polícia, submissa ao
discernimento de um magistrado, passaria a ser uma assembleia tumultuada,
com a presença de meio mundo, ocasião ideal para muito
discurso e não pouca demagogia. É fácil prever quais seriam
os resultados. Os cubanos e os venezuelanos já os conhecem…
Não nos deixemos enganar a
respeito dessa conspiração contra o que resta de civilização cristã
no Brasil. O PNDH-3 é uma seita, uma hidra de sete cabeças, cada uma das quais
deve ser anulada. Foi contra ele, embora de modo inexplícito, que se dirigiram
a indignação e as vaias dos manifestantes.
Forçado a resumir
muitíssimo, sinto-me na obrigação de acrescentar que nunca, em toda sua
história, o Brasil foi ameaçado com violência tão
veemente como a PNDH-3, quer pela sua radicalidade anticristã,
quer pela sua universalidade.
O que ele propugna vai muito
além do chavismo venezuelano. Mas está inteiramente de acordo com
a Teologia da Libertação.
Na realidade, o PNDH-3 se
afirma, sem dizê-lo, quase como uma nova religião. Sim, a religião do homem em
substituição à religião de Deus, exigindo de seus adeptos submissão total. Uma
religião laica que traz consigo uma nova moral, pois determina que devemos
agora pautar as nossas ações pelos direitos das prostitutas, dos homossexuais,
das feministas, dos vadios, dos invasores de terras e prédios, das “culturas”
primitivas, dos revoltados de todo gênero, em substituição aos Dez Mandamentos
da Lei de Deus. O ponto de referência para tudo quanto o homem pensa ou faz,
passa a ser os tais “direitos humanos”, pelos quais será julgado.
Em espírito de concórdia
e cooperação, apresentamos estas linhas à consideração
dos leitores, implorando a decisiva e materna intercessão de Nossa
Senhora Aparecida, gloriosa Rainha do Brasil, para que afaste de nossa
Pátria tais perspectivas.
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