António Costa tenta introduzir há
semanas um discurso em que se quer afirmar como social-democrata. Alucinante.
Sandra Clemente
O homem que há dois meses
afirmou que " A vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha"
tenta desesperadamente fazer uma reviravolta na sua estratégia, para ver se
inverte os resultados. É natural. A economia grega começava a crescer quando
Tsipras chegou ao Governo com o seu discurso radical. Hoje a Grécia prepara-se
para viver de uma mesada da Europa, num regime que fará do país um Walking
Dead. Costa percebeu tardiamente que, como ele próprio agora afirma, "Não
é possível construir soluções nacionais de forma unilateral nem em conflito com
a Europa e com as instituições Europeias". Agora diz-se da família
política social-democrata europeia. Antes de chegar a esta conclusão pôs Ferro
Rodrigues, subscritor de um manifesto que defendia a reestruturação da dívida,
a líder parlamentar e afirmou vezes sem conta que o Governo não batia o pé à
Europa. Lançou Sampaio da Nóvoa à Presidência, e agora a contragosto é obrigado
a mantê-lo, e rodeia-se de Soaristas. O último, Vítor Ramalho, da velha
esquerda que propôs para o CES.
Apesar da inflexão teórica
Costa continua sem dar respostas e "dá uma no cravo outra na
ferradura" diariamente. Não basta a experiência, ter sido presidente de
câmara, ministro duas vezes, deputado e dirigente socialista. O País mudou, a
Europa mudou. O que é que Costa defende hoje, como governaria o País? Os seus
discursos são sempre iguais: "O Governo não aprendeu com os erros" e
"os portugueses precisam de um novo governo em quem confiem".
Apresenta-se ao lado de Manuel Valls, o primeiro-ministro francês conhecido
como o socialista liberal, que aprovou reformas para aumentar a competitividade
do tecido empresarial francês através de privatizações, da flexibilização dos
despedimentos e da liberalização do acesso a profissões reguladas e acaba de
propor uma diminuição do IRC para as empresas. O mesmo primeiro-ministro que
disse, na semana passada, que em Portugal o desemprego baixou, as exportações
aumentaram, as finanças públicas melhoraram. Que Portugal beneficia da
confiança dos investidores que advém das reformas e são claramente fruto dos
sacrifícios dos portugueses. Tudo isto, Valls assegurou a este jornal que fala
regularmente com o seu amigo António Costa, o mesmo que no dia seguinte desfere
um ataque ao Governo acusando-o de violar o consenso relativo ao SNS por
utilizar mais hospitais privados e critica a baixa da TSU, fazendo alguns dos
discursos mais radicais de esquerda de que há memória no PS contemporâneo.
António Costa não sabe ler o
futuro. Apresentará o cenário macro económico para a legislatura para dizer que
já tem Economia. E, neste discurso, começa a ir buscar pontas da filosofia
económica do PSD. O quadro macro económico do PS terá por base o da Comissão
Europeia traçado em cima dos benefícios da condução económica de Passos Coelho.
Costa está num labirinto. Se apresenta um PIB a crescer terá como fundamento a
política económica do Governo. Se o apresenta a descer é porque não tem
ambição, nem soluções.
E se a Economia está a crescer
porque escolheriam os portugueses uma fotocópia para os governar?
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