Cesar Maia
1. Dilma não está sozinha. Os 60% de rejeição/desaprovação que tem,
são os mesmos de Bachelet – presidente do Chile, eleita com enorme
popularidade, que manteve até pouco tempo atrás. Se a crise no Brasil tem a
extensão conhecida – econômica, urbana, social e moral – no Chile o escândalo
que desgastou Bachelet foi um empréstimo bancário que a sua nora conseguiu,
algo como uns dez milhões de reais. Além disso, propôs ao Congresso reformas no
campo educacional e tributário: a classe média reagiu e foi as ruas.
2. Maduro na Venezuela desintegra, desintegrando o seu país. A
queda do preço do barril de petróleo fechou o caixão. Inflação nas nuvens, PIB
despencando, criminalidade recorde, e por aí vai. Pesquisas agora acusam
claramente seu desgaste. O monopólio dos meios de comunicação e o populismo
escrachado, já não servem mais para nada. O truque anti-imperialista convence
só os que estão ou dependem diretamente do governo.
3. Evo Morales perdeu as eleições departamentais, (estaduais), um
mês atrás, nos principais centros urbanos: La Paz, Santa Cruz, Cochabamba…
Culpou a corrupção.
4. Cristina Kirchner desmonta com rejeição similar a Dilma e
Bachelet, de mais de 60%, agravada no caso da inexplicada morte do procurador
que apurava as responsabilidades nas bombas em centro israelita que mataram
centenas de pessoas. Crise geral-econômica, social, moral e política. Esse ano
haverá eleição presidencial. Kirchner não tem candidato próprio. O governador
da Província de Buenos Aires – que lidera as pesquisas – é o candidato de carga
menos opositora. Kirchner deixou o Mercosul de lado e estabeleceu,
recentemente, tratados preferenciais com a China e a Rússia.
5. Não é coincidência que todos os presidentes sul-americanos que
viram sua popularidade despencar sejam parte integrante do bloco populista onde
ou são irmãos ou primo-irmãos e sempre solidários aos demais, independente das
responsabilidades que tenham. O caso dos políticos opositores, incluindo
prefeitos, presos, na Venezuela, é exemplar nesse sentido.
6. Deve-se notar também, que em nenhum desses casos, a
impopularidade presidencial projetou lideranças expressivas na oposição. Talvez
por estarem concentrados nos fatos conjunturais de maior repercussão na
imprensa, e não na construção de um projeto alternativo que alavanque, e sustente,
lideranças nacionais.
Título e Texto: Cesar Maia, 28-4-2015
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