Cristina Miranda
Passou-se um mês. UM MÊS!!
Tirando a ajuda fabulosa de voluntários com donativos generosos da
população residente e não residente em Portugal, não há vivalma do
lado do Estado a fazer o que lhe compete numa situação de calamidade (sim, não
é tragédia é calamidade pública!). Continua por entregar a lista de
famílias a apoiar e respectivo levantamento das necessidades por parte da Proteção
Civil e Câmara Municipal. Enquanto isso os mais de 13 milhões angariados estão a render juros nas contas bancárias de sete entidades!
Como não há pressa nenhuma,
também ainda não foi acionado o mecanismo de ajuda da UE.
Entretanto, as famílias vão
desembolsando dinheiro que não têm (veja aqui uma carta de uma vítima) , endividando-se, para
enterrar mortos, pedir ajuda psicológica, reconstruir casas, anexos e empresas.
Sim, porque o ministro do planeamento e infraestruturas já avisou: até 5 000 euros podem avançar com as obras TODAS que serão ressarcidos após comprovar a despesa! Ora, força aí a dar
prioridade aos galinheiros! Sim galinheiros!!! Se na minha casa um anexo para
guardar lenha com 6m2 custou 700€ que pensam eles que se faz numa casa de
habitação ou empresa afetada por um incêndio com 5 000? Mas estão a brincar com
a vida de quem?
A falta de vergonha não tem
limites. Em Moita, Castanheira de Pera, uma empresa, a Serração Progresso, que
empregava cerca de cinquenta trabalhadores ficou completamente destruída.
Sandra Carvalho, a gerente, já
foi visitada quatro vezes por entidades do Estado.
Foi para lhe pedirem o
levantamento detalhado e urgente dos prejuízos que rondam os 5 milhões de
euros?
Foi para lhe comunicar que a
verba iria ser disponibilizada já no final do mês?
Não! Foi para saberem o que
pensava ela fazer com os empregados dando-lhe orientações sobre despedimento coletivo!!!
Sim, ouviram bem, despedimento
COLETIVO! O problema é que Sandra não quer despedir. Quer reconstruir para
continuar com os mesmos postos de trabalho. Alguém quer saber disso para alguma
coisa? Não. Só a Sandra que enquanto espera usa o fundo de maneio da empresa
para pagar compromissos laborais. Até acabar.
Revoltada com esta situação
criei o “Movimento Cívico – Não Nos Calamos” no
espaço de uma semana ao qual já se juntaram milhares de pessoas (o número não para
de crescer).
Fomos ao terreno tentar
perceber o que se passava para ajudar as vítimas Pedrógão Grande intervindo
onde fosse necessário. Precisamente no fim de semana onde fizemos visita ao
“ground zero” do fogo para investigar as causas do mesmo, visitamos a loja
social onde fomos confrontados com uma situação inédita: um camião carregado de
bens doados vindo de Espanha, não tinha ninguém à sua espera. Constatamos ainda, a
anarquia verificada no teatro das operações onde os bens eram guardados em
tendas fechadas com cordas, à mercê dos amigos do alheio. Sem vigilância.
Amontoados sem condições algumas. Muito útil a quem por trás destes cenários
cria sempre uma oportunidade para que alguns de má fé façam negócios. É sempre
assim. Quem não se lembra do que aconteceu às ajudas destinadas às vítimas das
terríveis cheias ocorridas em Portugal há uns anos atrás?
Como se isto tudo não
bastasse, e sem que os incompetentes nos comandos da ANPC fossem destituídos,
SIRESP substituído, MAI responsabilizado, eis que a tragédia se repete. Alijó tem neste momento um incêndio incontrolável que já consumiu bens e pôs populações em risco! Ou seja, ainda não se
resolveu nem corrigiu ABSOLUTAMENTE NADA que levou à calamidade de Pedrógão e
já estamos com outra tragédia em cima! Vai demorar muito até se
varrer a escumalha incompetente e sistema de comunicações medíocre e assassino
do comando das operações de socorro a incêndios?? Vai demorar muito a pôr
equipas de vigilância preventiva nas matas? Vai demorar muito a pôr todos os
meios disponíveis (e são muitos c’um catano) ao serviço das populações, mas de
forma séria? E os meninos pirómanos? Vai demorar muito para condená-los
deixando-os apodrecer na cadeia?
Está na hora de agir,
urgentemente, porque pela amostra já percebemos perfeitamente que se
não for a SOCIEDADE CIVIL a arregaçar as mangas e limpar o lixo governativo que
põe suas vidas sistematicamente em risco por inércia, estas e outras tragédias
maiores irão repetir-se. #NaoNosCalamos
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
17-7-2017
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-