terça-feira, 21 de abril de 2020

[Sem rodeios] Solidão

Vanderlei dos Santos Rocha

Pois,

Sócrates introduziu a pedagogia pública. Ele procurava ensinar aos homens que havia a possibilidade do conhecimento por isso tornou-se uma ameaça à democracia de Atenas, aliás, a democracia ateniense fora criada para que se pudesse sustentar a geriatria da própria Atenas. Sócrates deixou ao homem o saber de sua solidão.

Ele queria o saber a serviço da igualdade, e esta igualdade tornou-se um relicário de poucos e a grande arma dos dominadores. Revelou-se assim, o perigo do saber em relação às posições políticas.

Platão não queria perder o sentido da missão do mestre. Sobre o saber diz Platão:
- Àqueles, os que governam não podem ser amantes do poder, porque serão sempre rivais.
Tanto Platão ou Aristóteles não conseguiram seus lugares pretendidos entre os que governam, em suas trajetórias encontraram somente a solidão do exílio.

Os Romanos confundiram o saber com a política e a retórica. Trouxeram mais realidade a política.

Esta realidade trouxe solidão à existência humana, sob a pretensa forma de atitudes cívicas que serve até hoje de modelo universal de pensamentos e condutas.

O cristianismo aumentou a distância do povo ao conhecimento, com o sacerdócio, o claustro, a apologia da verdade revelada aos que têm fé, a procura da graça alcançada em vez do trabalho, a divisão social, a mercantilização do saber.

Os humanistas tentaram promover o divórcio da razão e da fé, mas abraçaram os poderosos da corte, vendendo-se por status, posições e moedas.

O renascimento trouxera os gênios livres culturais, mas foi submetido aos ditames do mecenato, disfarçando suas criações subversivas sob o manto da cultura, e escapando da inquisição dissimulando seu desinteresse pelas coisas mundanas.

O iluminismo introduziria os conceitos da tomada indireta do poder, o agir no anonimato político, suas políticas era serem apolíticos.

O romantismo introduz os pensadores contrários ao poder, aproxima-se do povo, e passa a lutar pela liberdade dos oprimidos, é a vingança do conhecimento contra o poder, com suas próprias armas.

Os intelectuais do século 18 achavam que o erudito era o exercício da supremacia do progresso da humanidade.

Deveriam, por isso, entrar nas massas e provocar suas vontades, o saber já não é um dom é uma perspectiva que qualquer um pode alcançar, e lutar.

Os primórdios culturais brasileiros são os jesuítas, mas escravizaram e destruíram as culturas indígenas em suas reduções.

Após suas expulsões criou se no Brasil uma aristocracia intelectual política que perdura até os dias de hoje. Em 1930 ela é institucionalizada, o saber é para as elites, e classes dominantes.

Nesse percurso de 1964 a 1985, essa maioria de elites culturais se viram contra a ditadura e se engajam na luta pelo prestígio e posição. Suas missões intelectuais cedem lugar ao político profissional.

Nesta luta desvairada os intelectuais brasileiros na busca de posições, cargos e privilégios culpam os governos passados pelos insucessos nacionais. Acusam Cabral, os portugueses, o império pelas mazelas do povo.

São servilistas do poder flexibilizando supostas moralidades completamente fora dos padrões de uma ética intelectual, para prevaricar e fazer do "lobby" e da corrupção seus andores.

O povo está solitário, vive na condição de exilado.

Sartre num momento mágico diz:
“Solitário é o intelectual que tem a ilusão da autonomia.”

Essa autonomia é sua própria solidão, que alimenta suas vaidades.

IGNORANTES SÃO AQUELES QUE NÃO LHES RETIRAM A SOBERBA E LHES DERRUBAM O ANDOR.
A POBREZA DO POVO BRASILEIRO ESTÁ NA SOLIDÃO DO SABER.
Título e Texto: Vanderlei dos Santos Rocha, 20-4-2020

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Um comentário:

  1. sábado, 24 de outubro de 2015

    O IMPEDIMENTO DA HONESTIDADE DA ÉTICA E DA MORAL

    Pois,
    Sou fã incondicional de Nietzsche.
    Afora nossas desavenças eclesiásticas, políticas e ético morais, todo e qualquer pensamento refere-se ao tempo futuro, aquele que ora vivemos.
    Nietzsche, Filósofo alemão em seu livro [1844-1900] (Para além do bem e do mal) pergunta quantos séculos precisam os espíritos para serem compreendidos?
    Os maiores acontecimentos são maiores pensamentos, e os maiores pensamentos são os maiores acontecimentos, e os que mais tardiamente se compreendem:
    - As gerações que lhes são contemporâneas não vivem esses acontecimentos, passam por eles.
    Nietzsche previu sem fazer profecias, aliás o imbecil precisa de profecias, ele não faz análises dos pensamentos, nem dos acontecimentos ou efeitos que essas ideias produzirão.
    Ele anteviu os acontecimentos políticos da era Stalinista sem vivê-los.
    A diminuição das forças armadas, o descrédito das forças públicas, a formação de milícias dos sem trabalho e dos sem terra, a degradação do povo, a ingerência do estado, o aumento da máquina pública, a propaganda enganosa feita pelos detentores da mídia, a revolução social, a privação da liberdade da sociedade e finalmente a falência do estado.
    Os partidos políticos brasileiros sabem disso, nós procuramos não saber, mas o PCC de “Marcola” sabe, o MST e outros tantos sabem.
    Teriam eles lido Nietzsche?
    Claro que não, são beócios ao extremo, mas rigorosamente, eles consideram seus pensamentos e ideias acontecimentos ponderáveis de escravizar o nosso povo.
    Em outro livro nosso mestre genial, Nietzsche fala sobre escolher inimigos. (Assim fala Zaratustra)
    - Escolha inimigos que te Mereçam.
    Gosto dos valentes; mas não adianta bater a torto e a direito;
    É preciso saber porque continuar a bater.
    Muitas vezes há mais coragem em se conter para reservar forças a um adversário mais digno.
    Temos que nos ater apenas aos inimigos dignos de ódio, e não inimigos desprezíveis;
    É necessário que tenhamos orgulho dos nossos inimigos;
    É necessário reservardes-vos para um adversário mais digno. Teremos de passar por cima de muitas ofensas, passar por cima de muitos canalhas que massacrará com as palavras povo e a nação.
    Não se misture às contestações, não passam de um matagal de direitos e de abusos.
    Considerá-las irrita a inteligência.
    Atirar-se para a confusão.
    Descansa e deixa dormir sua espada!
    Deixa os povos e nações seguirem os seus escuros caminhos, na verdade deles , nas quais não brilha uma única esperança!
    Nós somos eternos aprendizes sem eternidade.

    Eu acho que sem armas e sem inimigos dignos, só nos resta deitar no berço esplêndido:
    Impeachment de "nhonho"?
    Impeachment de Alcoolumbre?
    Impeachment do congresso?
    Impeachment do STF?
    Não significará nada.

    Para a caterva que nos governa é melzinho na chupeta, há suplentes, reservas e pré-convocados.

    O pior de todos inimigos está dentro de nós mesmos.
    Quantos séculos serão precisos para que nossos espíritos compreendam que essa corrupção brasileira está dentro de nós.
    Há séculos praticamos o IMPEACHMENT da ética e da moral.
    E nossa honestidade esconde-se na probabilidade de um favorzinho de merda.
    VSR

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