Com mil desculpas aos que
pensam em contrário, é muito difícil explicar o Brasil aos contemporâneos de
hoje.
Fui criado em coisas das quais
levei anos para entender.
Quando se nasce não temos
religião, clube para torcer, nem opções políticas. Não sabemos que sexo somos
nem que gênero seremos.
Como descrever o Brasil de 1961
em diante?
Tinha eu 10 anos e via meu avô
delirante com a eleição de Jânio Quadros. Por que aquele senhor de idade
detestava Jango e Leonel Brizola?
Em 1964 o Brasil pede aos
militares que tomem o poder dos corruptos.
Por que os militares estatizam
tudo que podiam se isso era uma tática comunista, e se diziam antissocialistas?
Aqui sempre foi a terra das
maiores coisas do mundo.
A maior floresta, o maior
cerrado, as praias mais bonitas, o maior estádio de futebol do mundo etc.
Que ditadura no mundo deixaria
deputados corruptos fugirem de seus domínios?
Em 1969 jogando contra o
Paraguai no Maracanã colocou 205 000 pessoas no estádio.
Criou-se a maior usina
elétrica do mundo na época.
Estudava-se cinco anos de
primário, quatro anos de ginásio e três anos de científico. Além do vestibular,
havia um exame de admissão ao ginásio.
A média de notas era 7 durante
dez provas anuais para não se fazer exames. As escolas usavam métodos de ensino
Piaget ou Montessori. Poucos estudavam em instituições pagas.
Ninguém reclamava do turismo
sexual dos estrangeiros no Brasil. O próprio brasileiro praticava.
O brasileiro sempre foi
conservador em sua casa e liberal na casa dos outros. Em 1970 andava-se nas
ruas de Copacabana e Ipanema sem ver prostitutas e indigentes.
Que ditadura tivemos com a lei
de anistia de 1979, que trazia os corruptos de volta?
Leonel Brizola voltou ao
Brasil em 7 de setembro de 1979 e em 1982 era eleito governador do Rio de
Janeiro. Difícil entender um povo que pede governo militar e elege corrupto 15
anos depois.
Infelizmente viramos a terra
do "coitadinho".
Levar um amigo a visitar o Rio
Grande do Sul era convidá-lo a comer churrasco e às orgias da noite. Orgias que
havia em todas capitais brasileiras.
Ao estrangeiro que vem ao
Brasil hospedem-se na Urca, lá dificilmente há assaltos, crimes e roubos.
Brizola governou o Rio com os
famosos bicheiros e escolas de samba no primeiro mandato, e com traficantes no
segundo.
Que segurança existe para o
turista de hoje neste país?
Espero que as novas diretrizes
governamentais brasileiras nos concedam paz.
Imaginem que meu filho teve
seu quarto de hotel revirado em Nápoles, ou achacado por gangues de marfinenses
em Paris.
O roubo de celulares no Brasil
abrange uma gama muito grande de receptadores imigrados.
Acho que hoje em dia tenho
duas síndromes do pânico. Não estou seguro em Porto Alegre, em nenhuma capital
brasileira e não confio nas companhias aéreas brasileiras de hoje. Não entro em
coletivos, e nas ruas uso apenas cartão de crédito sem débitos.
O Brasil de hoje não é
aconselhável aos turistas. Espero sinceramente que nos próximos quatro anos
melhoremos.
Quem sabe pegar a cuia e tomar
meu chimarrão, na calçada ao entardecer e assistir ao pôr do sol da Guaíba.
Vivo numa prisão com cerca
eletrônica, alarme e câmeras de segurança. Como sair de casa sem contratar um
caseiro?
Não se pode ter um automóvel,
nem se pode blindá-lo porque custa o preço de outro carro.
Se tenho medo de sair como
aconselhar um turista a fazê-lo?
Nosso país vive uma situação
que se precisa de sorte.
Nossas vidas viraram jogos de
azar.
Felizes aqueles que
conseguiram morar em outros países.
Se continuarmos nessa política
do correto mundo restarão poucos países onde fazer-se turismo no mundo.
Se alguém sente-se seguro no
Brasil que me atire a PRIMEIRA PEDRA.
Peço desculpas aos amigos se
não os deixei satisfeitos, essa é minha opinião aos estrangeiros:
não venham ao Brasil, é uma
operação de risco.
Texto: Vanderlei dos Santos
Rocha, 16-11-2019
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