terça-feira, 26 de novembro de 2019

[Aparecido rasga o verbo] Cabeça de chapéu

Aparecido Raimundo de Souza

SINCERAMENTE, CÁ ENTRE NÓS, se é coisa é sincera, ou veio, ou foi criada, para ser sincera, subtende-se que a coisa não mente. Se, logo de cara, a gente percebe que sinceramente mente, e, por conta disso, não é nem um bocadinho, sincero, melhor a fazer é deixar de lado. Assim, nesse pé, se sinceramente não é sincera, não deveria existir. Nos dicionários pátrios, vemos traduzido sinceramente por sinceridade. Ou seja, aquilo que significa ou que transmite a qualidade do que é sincero.

Pode ser também e, de fato é o que usa da mais pura e cristalina lealdade. Sincera, portanto, à primeira explicação sinaliza aquela que se expressa sem usar de artifícios, ou sem querer enganar. Sincera tem os genitores vivos: a mãe é a Lisura e o pai, o senhor Lealdade. Mas e a mente? De onde surgiu a mente? E para quê?  Como foi se atrelar à sincera? Mente nada mais é que o intelecto, o pensamento, o entendimento, a alma, o espírito. Pode ser mais que isso, a concepção enfática da imaginação.

Nada a ver com sincera, a não ser pelo fato de ambas vestirem as calcinhas da feminilidade. A junção de sincera, ou (sincero) e mente (entendimento), grosso modo, se resume em sincero entendimento, ou a transparência do conhecimento, ou, indo mais além, ao tato com as pessoas. Em resumo, com toda sincera idade, e com sinceridade, se não existir a dita, não teremos como levar adiante esse papo. Esse trololó furou. Deu o que tinha de dar. Por mais que se escreva sobre esse tema, o blá, blá, blá se fará eterno na eterna (mente) dos mentolados e mentirosos.

Exemplos? Secreta (mente) ou secretamente tem a mente secreta. Política (mente) politicamente. Politicamente lembra políticos que não dizem a verdade. Pelos menos os políticos que estão por ai, não gostam do uso da transparência. E dona Notória (mente) ou é igual, esculpida e escarrada a notoriamente. O notoriamente que todos conhecemos. Por essa descoberta fenomenal, acreditem nem em quem se diz notório, ou se acha sabido, pode se dar, hoje em dia, um voto de confiança.

Estúpida (mente) é igual à estupidamente. Não carece dizer nada. É carne de pescoço por natureza. E pior, mente. Publica (mente) é igual a publicamente Pública mente. A mente pública, ama a mente e a mente não pública, não, e isso se dá somente porque a publica é pública, entretanto, acima de tudo se fez corrupta também. E mente? Desvairadamente! Navegando no mesmo mar que não está para peixes, o Jurídica é igual. Mente.  Juridicamente (mente) e tem a mente jurídica conturbada, ou grosso modo, podre.

Não em decorrência do pano na fuça, pelos juízes que se vendem por uma boa quantia de propina vinda de alguma empreiteira famosa. Logo, se conclui que não deveria mentir. Nem os juízes, nem os desembargadores, nem os ministros, nem a jurídica em si. Contudo, ao se falar em expressar a verdade, colocá-la acima de qualquer coisa, sempre, a coisa degringola. Sobretudo, na hora de aplicar a lei séria. Não permitir que a coisa descambe. Mas descamba. Vira putaria das brabas. Oxalá isso seria justo e interessante. Jamais justamente.

Mesmo terno de grife, o Intencional. O intencional é igual à mente ou a seu primo intencionalmente. Intencional, mente com a intenção de ludibriar a boa fé. E ludibria. No mesmo saco de gatos miando, o pessoal mente. Se o pessoal mente é igual à pessoalmente. Se todos os seguimentos mentem, lógico o pessoal não gostaria e nem ousaria ficar para trás, marcando toca. Daí o pessoal mentir e cair em tentação. Pessoal mentindo inventa lorotas. Cria mil histórias fictícias. Por telefone, na rua, nas praças, nos estádios, nos jornais...

O pessoal e o seu amigo pessoal mente. Se o seu pessoal (como o nome indica) que é pessoal, se mente, imagina se não fosse pessoal. Sintática mente se traduz por sintática que igual a igualmente mente. Como se pode perceber, está tudo aqui, em sistemática. Em sistemática (sistemática não mente) por isso, deixa tudo às claras, obviamente explicado. Ela é sistemática. Por essa razão, não mente, só diz a verdade. Louca mente, por sua vez, é igual à loucamente.

Trocado em parafusos, a mente é louca. Dirão todos ao lerem isso, berrarão em um só grito, um desses altos e em uníssono. E estão certos. A louca, de fato mente. Mente a desvairada, porque tem a mente despirocada e louca. Daí, em resumo ser loucamente neurastênica. Deveríamos nos estender mais. Porém, assim como quem muito se abaixa acaba mostrando os fundilhos de Napoleão, aquele prolongamento de Bonaparte que dizem por ai, por ter perdido a guerra, esse fato desde a sua propagação ficou incontestável. Para nosso assunto, aqui, não importa.

Deixemos o Napoleão quieto. Como dizíamos, ou melhor, como escrevemos, careceríamos nos estender mais. Não faremos. O que isso quer dizer? Simples. Não faremos. Fim de papo. Se nos estendermos muito, ou nos ampliarmos demais, dilatando as partes além dos limites, certa (sem mente) poderemos real (sem mente) ficar ou permanecermos estirados com algumas dores de última hora. Devemos evitar esticações além do normal necessários às nossas locomoções cotidianas. Pior, se insistirmos aos desvaires do prolongado em excesso, arranjaremos um amontoado de dores aqui, ali e até acolá. Sinal não muito satisfatório para nossos ossos que estão em paz sem ranhuras emendas entalhes ou encaixes há mais de seis décadas.

Afora esse particular, não seria nada agradável para nosso esqueleto nos trinques ao nos estendermos como uma toalha sobre um chão de cimento, ou as pernas, sofrermos certas dificuldades para depois, ao tentarmos nos levantar, nos pôr em pé, ficarmos na horizontal (sem mente) e seguirmos a vida, divorciados de complicações encontrarmos uma pancada de dificuldades. Com sinceridade falando. Não mentimos. Daí, a nossa sinceridade não fazer parte da sinceramente ou do sinceramente exemplificando que todos os nossos leitores conhecem de cor e a sal “teado”.         
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de São Paulo. 26-11-2019

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