Com duas propostas diferentes
tramitando no Congresso sobre prisão em segunda instância, senadores e
deputados se reuniram na manhã desta quinta-feira (21) com o presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tentar um entendimento sobre o assunto.
No Senado, a mudança está
sendo proposta por meio de projeto de lei (PLS 166/2018). O texto do senador
Lasier Martins (Podemos-RS) propõe mudança no Código de Processo Penal (CPP)
para determinar que "ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de condenação criminal por órgão colegiado ou em virtude de prisão
temporária ou preventiva".
O entendimento é que, por
projeto de lei, a matéria pode ser aprovada mais facilmente no plenário, porque
exige apenas maioria simples, enquanto uma proposta de emenda à Constituição
exige o apoio de pelo menos 49 senadores e votação em dois turnos da matéria.
Ao deixarem a reunião, vários
senadores sinalizaram que a tendência é avançar na proposta de emenda à
Constituição em análise na Câmara. O martelo, no entanto, só será batido depois
de reunião entre os líderes do Senado e a presidente da CCJ, senadora Simone
Tebet (MDB-MS).
“Não é uma questão de mais ou
menos chance [da matéria avançar]. Há preocupação do Congresso em dar uma
resposta e, por parte dos presidentes das Casas, em ter uma medida efetiva.
Logicamente, a alteração dentro da Constituição dá um suporte jurídico muito
maior. A matéria é delicada,ninguém ali entrou no mérito, se é favorável ou
contrário”, disse o senador Major Olímpio (PSL-SP). Ele acrescentou que a
preocupação é buscar o rito adequado.
Para o senador Major Olímpio,
a ideia é fazer como na reforma da Previdência, ou seja, criar no Senado, uma
comissão de acompanhamento da PEC na Câmara. Embora não tenha nenhum poder de
deliberação, ele acredita que, dessa maneira, a proposta pode chegar com
polêmicas pacificadas ao Senado.
Outro senador a sinalizar que
a PEC está ganhando força foi Ranldolfe Rodrigues (Rede- AP). “Eu,
inicialmente, advogava a resolução através de uma alteração no CPP, mas também
tenho convicção de que nosso modelo legislativo, bicameral, começa pela Câmara
e termina no Senado. Já que tem o mesmo tema sendo tratado, inaugurado na
Câmara dos Deputados, temos um tratamento dissonante saindo do Senado”, avaliou.
Ainda segundo Randolfe, sendo
PEC ou alteração no CPP, o importante é que o entendimento seja prático e que
não seja contestado pelo Supremo Tribunal Federal, para que seja resolvido em definitivo
o tema da segunda instância.
Já o líder do governo no
Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), ressaltou que o importante é a segurança
jurídica da norma. “O caminho mais difícil [a PEC], com consenso, é melhor que
o caminho mais fácil [projeto de lei] sem consenso. Então, acho que isso vai
ser acordado.
Ontem, a senadora juíza Selma
(Podemos – MT) apresentou, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado, um parecer favorável à constitucionalidade do projeto do senador Lasier
Martins. Por causa de um pedido de vista coletiva, a votação da matéria foi
adiada para a semana que vem. Antes, porém, os senadores marcaram para a
próxima terça-feira (26) uma audiência pública na Comissão para debater o tema.
Entre os convidados estão juristas e o ministro da Justiça, Sergio Moro.
Também ontem, a CCJ da Câmara
aprovou por 50 votos favoráveis e 12 contrários, a admissibilidade da
proposta de emenda à Constituição, que permite a prisão após a condenação em
segunda instância (PEC 199/19). A proposta segue agora para uma comissão
especial e, se avançar, vai para o plenário da Câmara e depois para o Senado.
Título e Texto: Karine Melo;
Edição: Maria Claudia – Agência Brasil, 21-11-2019, 14h59
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