domingo, 17 de novembro de 2019

[As danações de Carina] Dadão e a mulinha Lubrina

Carina Bratt


Começa assim:
“Morava em uma fazenda muito bonita um casal que adorava animais. A mulher se chamava Filhinha e o homem Dadão. O casal gostava muito da vida na fazenda, pois lá, criavam porcos, galinhas, cavalos, patos e outros bichos. Entre eles, havia uma égua de cor clara, que pertencia à Filhinha. Carinhosamente, sua dona lhe dera o nome de Serena. Serena, era a égua mais linda da fazenda, o xodó de todos. Amada não só por sua dona, como também por Dadão…”.

E continua:
“Em face disso, o animal tinha os melhores cuidados e poderia se dizer que se constituía no presente mais precioso de seus proprietários. O amor pelo animal era tanto e tamanho, que chegou até a ser colocada uma foto sua, no álbum de família, junto com os demais. Foto essa com direito a pose, abraços e uma infinidade de outras demonstrações de afeto”.

Dessa forma simples e bucólica, quase pastoral, num linguajar único e sem rebusques, usando palavras que qualquer criança de zero a cem anos entende, começa o livro infantil de estreia da escritora MARLUCIA LOUREIRO DE MELO [foto], de cinquenta anos, mãe de duas filhas lindas, e dois netos, livro esse publicado pela editora AMC-GUEDES, com sede no Rio de Janeiro.


Com pouco mais de vinte páginas, o opúsculo conta a história do casal Dadão e sua esposa Filhinha, que tiveram um casal de filhos, Dina e Didino. A mulinha Serena amava seus donos e os defendia de intrusos a dentadas e patadas. Bastava alguém se aproximar, e lá vinha a danadinha armada até os dentes. Por causa disso, poucas eram as pessoas da fazenda e das redondezas que ousavam se aproximar do casal. Em paralelo, no sítio ao lado, nasceu uma menina que seus pais deram em batismo o nome de Lezina.

Com o passar dos anos, Lezina cresceu e se fez uma garota bonita e bem-apessoada. Por incrível que possa parecer, Lezina gostava de brincar exatamente no local onde a fazenda de seus pais fazia divisa com as terras de Dadão e sua esposa Filhinha. Na mesma época, Serena se enamorou. Furou os quatro pneus, melhor dizendo, as quatro patas ao se apaixonar por Seferino, um burro meio amalucado, mas de bom coração, todavia, novo demais e sem juízo nenhum na cabeça.

Na mesma hora em que estava perto de sua amada, aos beijos e abraços, no instante seguinte sumia por dias, ficava longe de sua querida por semanas inteiras. De repente, o inesperado. Serena engravidou de Severino e deu luz à Lubrina, como bem descreve a autora Marlucia. “Ainda com os olhos nebulosos, Serena acariciou, beijou e se abriu em festa para alegrar, ao máximo, as primeiras horas da sua linda cria que acabava de vir ao mundo”.

E segue a narrativa:
“Serena se esforçou ao máximo fez de tudo para conseguir deixar o pequeno animal em um lugar seguro e tranquilo. Parece que sabia, de antemão que iria morrer. E, de fato, veio a óbito”. Daí caríssimas amigas, o inevitável. “Ao despertar pela manhã o novo ser desprotegido chorou copiosamente, notadamente ao perceber que estava sozinho no mundo e sem o carinho de sua querida mãe”. Entra, então, em cena o velho Dadão e seus peões, à procura de Serena e a encontra, horas depois, infelizmente, morta.

Todavia, um choro convulso, melancólico e diferente vindo de um cantão ermo da propriedade, o levou a se deparar com a nova criatura chegada. Uma linda mulinha. E a essa mulinha, Dadão deu o nome de Lubrina. Lubrina em tudo puxou pela mãe, parecia que as suas digitais eram uma só. Lubrina se tornou a partir daí, o novo xodó do casal, e claro, da agora e atraente Luzina. O pequeno conto segue adiante, gostoso de se ler. Não vou tecer mais comentários sobre o restante do conteúdo, para não tirar o prazer da descoberta, do achado, da novidade, onde outros personagens como o compadre Sebastião, e o dentista da comunidade, o doutor Kelé entram no enredo fazendo com que a mulinha Lubrina acabe… Segredo, comprem o livro.   

Dá vontade não parar mais e ao chegar no final, voltar ao começo e reler tudo outra vez. Com certeza esse pequeno mimo virá encantar uma geração inteira e ainda longe das comodidades dos celulares de última geração. Vale a pena ter na estante esse encanto de livro. De igual forma, vale a oportunidade, você que é mãe, perder um tempinho e ler a história da mulinha Lubrina para seus filhos, não deixando que eles se tornem escravos, ou prisioneiros dos desenhos da Galinha Pintadinha, do Teletubbies, da Turminha Querubim, do Masha e o Urso, entre outras bobeiras existentes no Mercado livre conhecido por nós como Youtube.

Claro que devemos acompanhar a modernidade, contudo, jamais deixarmos de incentivar as nossas futuras crianças ao hábito sadio da boa leitura, do prazer incomensurável de pegar um livro, abri-lo e esmiuçá-lo de capa a capa. A Internet ajuda muito, porém, tira o encanto, a magia, o embevecimento, a sedução, a magnificência dos nossos filhos de ter contato direito com o que há de melhor no mundo, ou seja, a boa e salutar literatura.

Recomendo, depois de toda essa rasgação de seda, o livro da Marlucia Loureiro de Melo, formada em psicologia e atualmente cursando Ciências Jurídicas. E chamo a atenção das minhas leitoras para um fato de suma importância. Logo a teremos de volta, com outros trabalhos primorosos, com destaque para “Mariana e o rato”, e “Os sonhos loucos de Lulu”. Marlucia antes de se dedicar aos pequenos, escreveu a “Biblia cientificamente comprovada”, para o público adulto.

“Dadão e a mulinha Lubrina” tem uma pequena apresentação do jornalista Aparecido Raimundo de Souza.
Título e Texto: Carina Bratt, de São Paulo, Capital. 17-11-2019 

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