Carina Bratt
Começa assim:
“Morava em uma fazenda
muito bonita um casal que adorava animais. A mulher se chamava Filhinha e o
homem Dadão. O casal gostava muito da vida na fazenda, pois lá, criavam porcos,
galinhas, cavalos, patos e outros bichos. Entre eles, havia uma égua de cor clara,
que pertencia à Filhinha. Carinhosamente, sua dona lhe dera o nome de Serena.
Serena, era a égua mais linda da fazenda, o xodó de todos. Amada não só por sua
dona, como também por Dadão…”.
E continua:
“Em face disso, o animal
tinha os melhores cuidados e poderia se dizer que se constituía no presente
mais precioso de seus proprietários. O amor pelo animal era tanto e tamanho,
que chegou até a ser colocada uma foto sua, no álbum de família, junto com os
demais. Foto essa com direito a pose, abraços e uma infinidade de outras
demonstrações de afeto”.
Dessa forma simples e
bucólica, quase pastoral, num linguajar único e sem rebusques, usando palavras
que qualquer criança de zero a cem anos entende, começa o livro infantil de
estreia da escritora MARLUCIA LOUREIRO DE MELO [foto], de cinquenta anos, mãe de duas
filhas lindas, e dois netos, livro esse publicado pela editora AMC-GUEDES, com
sede no Rio de Janeiro.
Com pouco mais de vinte
páginas, o opúsculo conta a história do casal Dadão e sua esposa Filhinha, que
tiveram um casal de filhos, Dina e Didino. A mulinha Serena amava seus donos e
os defendia de intrusos a dentadas e patadas. Bastava alguém se aproximar, e lá
vinha a danadinha armada até os dentes. Por causa disso, poucas eram as pessoas
da fazenda e das redondezas que ousavam se aproximar do casal. Em paralelo, no
sítio ao lado, nasceu uma menina que seus pais deram em batismo o nome de
Lezina.
Com o passar dos anos, Lezina
cresceu e se fez uma garota bonita e bem-apessoada. Por incrível que possa parecer,
Lezina gostava de brincar exatamente no local onde a fazenda de seus pais fazia
divisa com as terras de Dadão e sua esposa Filhinha. Na mesma época, Serena se
enamorou. Furou os quatro pneus, melhor dizendo, as quatro patas ao se
apaixonar por Seferino, um burro meio amalucado, mas de bom coração, todavia,
novo demais e sem juízo nenhum na cabeça.
Na mesma hora em que estava
perto de sua amada, aos beijos e abraços, no instante seguinte sumia por dias,
ficava longe de sua querida por semanas inteiras. De repente, o inesperado.
Serena engravidou de Severino e deu luz à Lubrina, como bem descreve a autora
Marlucia. “Ainda com os olhos nebulosos, Serena acariciou, beijou e se abriu em
festa para alegrar, ao máximo, as primeiras horas da sua linda cria que acabava
de vir ao mundo”.
E segue a narrativa:
“Serena se esforçou ao
máximo fez de tudo para conseguir deixar o pequeno animal em um lugar seguro e
tranquilo. Parece que sabia, de antemão que iria morrer. E, de fato, veio a
óbito”. Daí caríssimas amigas, o inevitável. “Ao despertar pela manhã o
novo ser desprotegido chorou copiosamente, notadamente ao perceber que estava
sozinho no mundo e sem o carinho de sua querida mãe”. Entra, então, em cena
o velho Dadão e seus peões, à procura de Serena e a encontra, horas depois,
infelizmente, morta.
Todavia, um choro convulso,
melancólico e diferente vindo de um cantão ermo da propriedade, o levou a se
deparar com a nova criatura chegada. Uma linda mulinha. E a essa mulinha, Dadão
deu o nome de Lubrina. Lubrina em tudo puxou pela mãe, parecia que as suas
digitais eram uma só. Lubrina se tornou a partir daí, o novo xodó do casal, e
claro, da agora e atraente Luzina. O pequeno conto segue adiante, gostoso de se
ler. Não vou tecer mais comentários sobre o restante do conteúdo, para não
tirar o prazer da descoberta, do achado, da novidade, onde outros personagens
como o compadre Sebastião, e o dentista da comunidade, o doutor Kelé entram no
enredo fazendo com que a mulinha Lubrina acabe… Segredo, comprem o livro.
Dá vontade não parar mais e ao
chegar no final, voltar ao começo e reler tudo outra vez. Com certeza esse
pequeno mimo virá encantar uma geração inteira e ainda longe das comodidades
dos celulares de última geração. Vale a pena ter na estante esse encanto de
livro. De igual forma, vale a oportunidade, você que é mãe, perder um tempinho
e ler a história da mulinha Lubrina para seus filhos, não deixando que eles se
tornem escravos, ou prisioneiros dos desenhos da Galinha Pintadinha, do
Teletubbies, da Turminha Querubim, do Masha e o Urso, entre outras bobeiras
existentes no Mercado livre conhecido por nós como Youtube.
Claro que devemos acompanhar a
modernidade, contudo, jamais deixarmos de incentivar as nossas futuras crianças
ao hábito sadio da boa leitura, do prazer incomensurável de pegar um livro,
abri-lo e esmiuçá-lo de capa a capa. A Internet ajuda muito, porém, tira o
encanto, a magia, o embevecimento, a sedução, a magnificência dos nossos filhos
de ter contato direito com o que há de melhor no mundo, ou seja, a boa e
salutar literatura.
Recomendo, depois de toda essa
rasgação de seda, o livro da Marlucia Loureiro de Melo, formada em psicologia e
atualmente cursando Ciências Jurídicas. E chamo a atenção das minhas leitoras
para um fato de suma importância. Logo a teremos de volta, com outros trabalhos
primorosos, com destaque para “Mariana e o rato”, e “Os sonhos loucos de Lulu”.
Marlucia antes de se dedicar aos pequenos, escreveu a “Biblia cientificamente
comprovada”, para o público adulto.
“Dadão e a mulinha Lubrina”
tem uma pequena apresentação do jornalista Aparecido Raimundo de Souza.
Título e Texto: Carina
Bratt, de São Paulo, Capital. 17-11-2019
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