sábado, 23 de novembro de 2019

Infanticídio indígena: uma realidade ocultada

Carlos Eduardo Sodré Lanna

Foi dura a realidade encontrada pelos portugueses ao aqui chegarem em 1500. Com efeito, os nativos não correspondiam ao mito do que Rousseau chamaria mais tarde do “bom selvagem” numa América paradisíaca. Antes de ser descoberto, o Brasil era habitado por um conjunto heterogêneo de tribos indígenas nômades e seminômades, contrárias a qualquer organização superior e em permanente estado de guerra entre si.


Entre eles predominavam práticas de canibalismo, sacrifício humano, infanticídio, eutanásia e muitas outras violações da lei natural, além de rituais sinistros, como o uso de bebidas alucinógenas, terminando quase sempre em atos de idolatria e aberrações morais. Ao tomar conhecimento de tamanhos absurdos, nem a Igreja nem Portugal se omitiram de levar a cabo suas iniciativas e obrigações, entre as quais ocupava especial lugar a propagação fé e do império.

Nesta colossal obra a unir altar e trono, nossos denodados antepassados atravessaram o oceano em precárias caravelas e aqui aportaram com milhares de missionários que se embrenharam pelas montanhas e selvas. Afastadas as trevas do paganismo, os indígenas conheceram o verdadeiro Sol da Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo, e aprenderam a amar a sua santíssima Mãe, a Virgem Maria, abrindo-se para eles as sendas da civilização cristã.

Assim nasceu o Brasil, com a dedicação épica dos descobridores, conquistadores, prelados, oficiais e soldados, fundadores de povos e cidades, evangelizadores, colonizadores e civilizadores. Passados 500 anos, como tudo é diferente nesse panorama, sobretudo se analisarmos o aspecto moral e religioso nos ambientes e costumes de nosso clero, de nossa elite dirigente, com reflexos não pequenos em inúmeros brasileiros.

Tomemos, por exemplo, a situação dos nossos indígenas, muitos deles ainda vivendo em situação precária nas selvas, sem conhecerem o conforto da civilização, e com muitos dos que se arvoram seus defensores querendo perpetuá-los ali como num zoológico, tratando-os como se não fossem seres humanos e redimidos pelo Sangue preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pior. Tentam transformá-los em modelos vivos para o homem novo que tentam criar.

Perplexos, acabamos de assistir à realização em Roma do Sínodo sobre a Amazônia, com as suas consequências nefastas para a Igreja e a civilização ocidental com seus restos de cristandade. Sínodo longamente preparado por órgãos como o Conselho Missionário Indigenista (CIMI), as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e, mais recentemente, a Rede Eclesial Panamazônica (REPAM), sob os auspícios de purpurados e bispos. No Vaticano do Papa Francisco realizou-se um show tristemente célebre de cerimônia pagã, no qual houve um culto de adoração a uma estátua seminua denominada Pachamama, Mãe-Terra.

Segundo estimativas, há hoje no Brasil cerca de 800 mil índios, metade dos quais vivendo nas áreas rurais e a outra metade em terras demarcadas pelo governo federal, ocupando uma área de 13% do território nacional, ou seja, o dobro da área cultivada pelos agricultores brasileiros. Segundo recentes palavras da Ministra Damares Alves, o infanticídio ainda é praticado em pelo menos 20 tribos, contra crianças de diferentes idades e condições — gêmeas; portadoras de defeitos físicos ou mentais; ou ainda de doenças desconhecidas. Por exemplo, se a mãe descobrir muito mais tarde que a criança é surda, deverá sacrificá-la em nome de sua “cultura” indígena! Essas crianças são enterradas vivas, estranguladas ou deixadas na mata para morrer ou serem devoradas por animais e insetos!

Apesar de a Constituição Federal garantir aos índios a proteção de seus usos e costumes, sobretudo ela garante o direito à vida, fonte de todos os direitos, que deve sobrepor-se às suas práticas culturais. Na verdade, o infanticídio entre esses silvícolas consiste no assassinato de crianças indesejadas.

Com base no último censo do IBGE, a partir do ano 2000 até agora, para cada mil crianças indígenas nascidas vivas, 51,4 % morrem antes de um ano de vida, taxa elevadíssima se comparada aos não índios. Havia vários — ou ainda os há — casos de tolerância da Fundação Nacional do Índio-FUNAI, de antropólogos e até mesmo de “missionários” agindo no sentido de “proteger a pureza original e cultural” dos índios à prática do infanticídio, o que não passa de uma iníqua aprovação do cruel assassinato de recém-nascidos deficientes pela simples razão de os silvícolas acreditarem que são espíritos maus.

Prometo voltar em breve ao tema. Até lá.
Título e Texto: Carlos Eduardo Sodré Lanna, ABIM, 23-11-2019

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