Com a taxa básica de juros, a Selic, em
queda, os rendimentos da poupança devem perder para a inflação. Isso pode
acontecer porque os rendimentos da poupança são 70% da Selic, mais a Taxa
Referencial (TR), que está zerada.
Atualmente, a Selic está em 5% ao ano e o Banco Central já
sinalizou que a taxa deve cair em dezembro para 4,5% ao ano e encerrar 2020 nesse
patamar. Com isso, os rendimentos da poupança vão passar de 3,5% para 3,15% ao
ano. Já a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar 2019 em 3,31% e 2020, em 3,60%, de acordo
com estimativas do mercado financeiro.
Se for considerada a previsão
mensal, a inflação deve chegar a 0,36%, em novembro, e a 0,35%, em dezembro,
enquanto a poupança vai render 0,29% ao mês, com a Selic em 5%, e 0,26% ao mês,
se a taxa básica cair para 4,5% ao ano.
Os investidores que têm
poupança antiga e não retiraram os recursos recebem rendimentos maiores. Isso
porque todos os depósitos feitos até 3 de maio de 2012 rendem 0,5% ao mês (ou
6,17% ao ano), mais TR. A partir de 4 de maio de 2012, a nova regra de cálculo
da poupança passou a ser 70% da Selic mais TR, sempre que a taxa estiver abaixo
ou igual a 8,5% ao ano. Acima de 8,5% ao ano, o rendimento é 0,5% ao mês mais
TR.
O diretor executivo de Estudos
e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, afirma
que essa nova realidade de a poupança render pouco veio para ficar. “É uma
realidade porque os juros vão ficar baixos. Vão cair de novo agora no mês de
dezembro, possivelmente para 4,5% ao ano. Isso quer dizer que a poupança vai
render 3,15% ao ano. E já começa a ser um problema porque esse rendimento deve
ser menor que a inflação”, disse.
“Vamos passar aqui no Brasil
pelo que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa. Nessas economias, os juros
eram altos. As pessoas aplicavam em renda fixa. Havia investimentos garantidos
e altos. Só que as taxas de juros foram caindo e aí reverteu a situação - a
maioria dos americanos e europeus atualmente aplica na bolsa de valores. Vamos
ter esse cenário no Brasil - quem quer maior rentabilidade vai ter que assumir
risco”, disse.
Oliveira aconselha a quem
optar por investir em ações e não tiver conhecimento do mercado financeiro a
buscar os fundos de ações. “Há duas formas de aplicar na bolsa. Uma delas é
aplicar diretamente em ações de uma empresa. Esse tipo de escolha só deve ser
feito por pessoas com mais conhecimento. Para os iniciantes, a melhor
alternativa é entrar em fundos de ações. Porque no fundo tem um gestor que
conhece o melhor papel para comprar e ele vai diluir a carteira para minimizar
os riscos. Vai escolher diversos tipos de empresas, como financeiras, bancos,
varejo, de energia”, disse.
Caso não queira correr riscos
ou tenha a intenção de fazer reserva de emergência, a recomendação é analisar
as taxas de administração dos fundos de renda fixa. Para Oliveira, com a Selic
cada vez menor, a tendência é que as instituições financeiras reduzam as taxas
de administração para atrair mais clientes. Outra opção é analisar os títulos
do Tesouro Direto, como o Tesouro Selic. Os investidores podem analisar também
outras opções de investimento disponíveis no mercado.
Os investimentos em fundos e
no Tesouro Direito têm cobrança de Imposto de Renda, além de taxas de
administração, que devem ser analisadas por quem decide investir.
Reflexos na economia
Oliveira destaca que os
menores rendimentos da poupança podem trazer consequências não somente para o
bolso dos poupadores, mas também para a economia do país. “Como deixar o
dinheiro na poupança não vai nem manter o poder de compra, isso pode fazer com
que as pessoas parem de poupar e destinem dinheiro para consumo”, disse.
Outro fator é a redução de
recursos para o financiamento habitacional. Atualmente, 65% dos recursos de
poupança são destinados aos financiamentos habitacionais.
Título e Texto: Kelly
Oliveira; Edição: Graça Adjuto – Agência Brasil, 17-11-2019, 8h33
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-