Rússia recebe a presidência do grupo
Andreia Verdélio
Com o fim da 11ª Cúpula do
Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil
entregou hoje (14) a presidência rotativa do bloco. Na avaliação do presidente
Jair Bolsonaro, guiado pelo lema “Crescimento Econômico para um Futuro
Inovador”, durante este ano, o Brasil conseguiu dar ênfase à inovação,
“essencial para fomentar a produtividade e competitividade de nossas economias,
condições necessárias para o desenvolvimento e bem-estar dos nossos povos”.
Segundo o presidente, os países
do grupo têm buscado criar os meios práticos para que a cooperação ajude a
assegurar às economias a permanente atualização tecnológica, exigida pela
economia digital, com destaque para a criação da Rede de Inovação do Brics, do
Instituto de Redes Futuras e para a parceria para a Nova Revolução Industrial.
“Por meio dessas instâncias, nossos países podem aumentar a pesquisa
científica, estimular a produção de bens e serviços inovadores e melhor
capacitar os profissionais”, destacou Bolsonaro.
De acordo com o presidente, o
Brasil também orientou a reunião de jovens cientistas para a discussão sobre
inovação e juventude
Durante seu discurso na sessão
plenária da cúpula do Brics, que aconteceu no Palácio do Itamaraty, em
Brasília, Bolsonaro ressaltou a importância da cooperação entre os cinco países
e fez um balanço dos principais temas tratados durante o ano. “Essas reuniões
resultaram em um maior conhecimento recíproco na identificação de oportunidades
e de cooperação e demonstram a vitalidade e o potencial da colaboração entre
governos e sociedades”, disse.
O presidente brasileiro
destacou a adoção de uma perspectiva pragmática no comércio internacional e a
assinatura de acordos entre as agências de promoção de comércio e
investimentos. Na área da segurança, o Brasil concentrou esforços no combate ao
terrorismo e na luta contra corrupção, em seminários, grupos de trabalho e uma
reunião sobre recuperação de ativos.
Na saúde, a presidência
brasileira do Brics focou a promoção do aleitamento materno e a pesquisa da
tuberculose, com o objetivo de tornar mais barato o acesso a medicamentos.
Houve avanços e ainda acordos para pesquisa energética, assistência aduaneira e
de satélites.
Parceiros
Em 2020, a Rússia assumirá a
presidência rotativa do Brics. De acordo com o presidente da Rússia, Vladimir
Putin, estão programados 150 eventos em diferentes níveis no próximo ano e a
expectativa é ampliar a cooperação em política externa nas principais áreas de
interesse dos países do bloco.
Para Putin, o Brics deveria
ser mais prático em assumir ações no âmbito das Nações Unidas, em prol da
resolução de questões globais cruciais e na elaboração de padrões e normas
internacionais de combate ao terrorismo e ao crime transnacional.
No que se refere à cooperação
econômica, a presidência russa vai propor a criação de um fundo de títulos para
o Brics e novas iniciativas em matéria tributária, alfandegária e de agências
antitruste. De acordo com Putin, na área de ciência e saúde, a Rússia quer
ainda promover o programa Rios Limpos do Brics.
Cooperação mais eficaz
Para o primeiro-ministro da
Índia, Nahendra Modi, é possível tornar a cooperação do Brics mais eficaz para
enfrentar os desafios da economia global e desenvolver mais as políticas de
comércio e investimentos entre os países. Ele defendeu a redução dos custos das
transações comerciais e bancárias e a contínua promoção da economia digital e
fomento de tecnologias de comunicação.
Modi propôs a realização de
cúpulas sobre água e segurança hídrica e sobre saúde digital e o
desenvolvimento de inovações nesse setor de saúde e bem-estar.
O primeiro-ministro indiano
destacou ainda a importância dos países do Brics agirem juntos para fortalecer
sua participação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na Organização
Mundial do Comércio e outros órgãos globais. Modi destaca o terrorismo como uma
grande ameaça à vida das populações e à economia global, e defende o
aprimoramento dos mecanismos contra terroristas.
Protecionismo
O presidente chinês, Xi
Jinping, voltou a mostrar preocupação com o aumento do protecionismo e disse
que os países do Brics devem se opor ao hegemonismo e à política de poder e
precisam colocar em prática o multilateralismo e o peso das economias
emergentes nos assuntos internacionais.
Equilíbrio comercial
Assim como o Brasil, a África
do Sul também é um país exportador de matéria-prima e, hoje, durante seu
discurso na plenária do Brics, o presidente do país, Cyril Ramaphosa, falou
sobre o interesse da África do Sul em aumentar o valor agregado de seus
produtos e discutir os desequilíbrios comerciais entre os países do bloco.
De acordo com Ramaphosa, a
partir de maio de 2020, entrará em vigor uma área de livre comércio no
continente africano, com abrangência de 54 países, uma população 1,2 bilhão e
US$ 3 bilhões da riqueza mundial. Para ele, além das repercussões culturais e
sociais, a área vai levar à criação de novos mercados, o que poderá ser
vantajoso para o Brics.
O presidente africano defendeu
ainda intensificar o apoio a micro e pequenas empresas, sobretudo aquelas
lideradas por mulheres, jovens e grupos minoritários. Segundo ele, esses
negócios correspondem a 91% das empresas formais sul-africanas, 60% da força de
trabalho e 35% das riquezas do país.
Declaração de Brasília
Ao final da sessão plenária,
os chefes de Estado do Brics aprovaram a Declaração de Brasília, uma compilação
de tudo que foi realizado sob comando da presidência brasileira no último ano e
os resultados da cúpula realizada nesta quinta-feira. No documento está
refletida a visão do Brics em relação à necessidade de reformar o sistema multilateral,
a importância de fortalecer a arquitetura econômico-financeira internacional,
ao imperativo de resolver crises regionais por meio do diálogo e da diplomacia
e ao futuro da cooperação intra-Brics.
A programação do Brics em
Brasília seguiu com um encontro do Conselho Empresarial do Brics e terminou com
um almoço para as delegações do bloco, no Palácio do Itamaraty.
Título e Texto: Andreia
Verdélio; Edição: Aline Leal – Agência Brasil, 14-11-2019, 15h20
Fotos: Valter Campanato/Agência Brasil
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