O meu dono passou o fim-de-semana a desmontar o comboio TGV de brincar que tinha numa sala, aqui em São Bento. Para completar o cenário e tudo parecer ainda mais real, o meu dono tinha construído estações, viadutos, túneis e pontes.
Teve um trabalhão a fazer estes projectos todos, mas se há coisa em que o meu dono é bom é a fazer projectos de engenharia! Algumas estações construídas em cartão até tinham nome: Estação Internacional de Lisboa eng.º José Sócrates; apeadeiro internacional eng.º José Sócrates; ponte internacional eng.º José Sócrates, e por aí em diante.
Na sexta-feira à noite o meu dono recebeu um telefonema do FMI a dizer que ou ele acabava com aquela brincadeira ou passava a pagar a conta de electricidade do seu comboiozinho! Apesar de ninguém saber que o comboio do meu dono já só funcionava a pilhas (e só dois dias por semana), porque há muito tempo que já não havia dinheiro para pagar a electricidade, o sr. Primeiro-ministro resignou-se e resolveu acatar as ordens.
«Sabes, cão, vou-me ver grego para pagar os meus comboios, pontes e túneis. Parece que a brincadeira acabou, pá!», disse-me, enquanto ia desmontando as carruagens super-rápidas, guardando-as numa caixa para outras eleições.
Agora, até 5 de Junho, tudo o que o meu dono tem para brincar são as cartas de um baralho já gasto e com muitos poucos trunfos.
António Ribeiro, O cão de Sócrates, Destak, 10-04-2011
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-