segunda-feira, 11 de abril de 2011

Para não cair no esquecimento: O Socorro ao Banco PanAmericano

Ronald Santos Barata

“Só uma minoria tinha conhecimento das fraudes e o trabalho era feito com muita inteligência” 
Celso Antunes da Costa – Diretor Superintendente do Banco.



A CEF assinou contrato com o banco do Silvio Santos estabelecendo que se o ativo do banco não fosse o que se divulgava, o dinheiro seria devolvido. A Caixa Econômica Federal comprou 49% do capital votante do banco em dificuldade e 20,69% das ações preferenciais, por R$ 739,2 milhões. Mas não solucionou o problema do banco. Anunciava-se que o rombo do banco era de R$ 2,5 bilhões. Comprovado que o ativo estava fraudado, a transação foi mantida.
Imediatamente as ações do Banco PanAmericano subiram 55%, mas mesmo assim ficaram 28,2% abaixo do valor que a CEF pagou na transação. A perda foi de R$ 212,5 milhões.
Tudo aconteceu dois meses depois da visita de Silvio Santos a Lula, no Planalto.
O Banco Central e a CEF garantiram que o PanAmericano estava saneado. Mas foi preciso que, em dezembro/2010, o FGC-Fundo Garantidor de Crédito emprestasse, inicialmente, R$ 2,5 BILHÕES. Sem juros, reajuste pelo IGP-M, prazo de dez anos, carência de 3 anos. E não resolveu.

O FGC, apesar de ser instituição privada, se sustenta com os dinheiros das escorchantes taxas que a população paga aos bancos. Os três diretores do FGC que autorizaram o empréstimo tinham comprado carteiras de crédito do PanAmericano. Eram do Banco Itaú, do Bradesco e do Banco do Brasil. O quarto integrante, dos oito diretores do Fundo, é da CEF.
O banco fraudulento operava principalmente em créditos consignados e financiament6o de veículos às classes C e D. As fraudes vinham desde 2008 e objetivavam melhorar os bônus dos executivos.
No PROER (quem não lembra?), há 15 anos, considerado um grande escândalo, os diretores dos bancos que praticaram fraudes contábeis e administração temerária foram denunciados à Justiça e seus bens declarados indisponíveis.
O Banco Central divulgou que o PanAmericano vendia suas carteiras de crédito, mas as mantinha em seu ativo; não dava baixa contábil. E em novembro/2010, anunciou que o rombo era de R$ 4,3 BILHÕES e não o que fora declarado antes.
Em janeiro/2011, o BTG-Pactual comprou o PanAmericano por R$ 450 milhões e o FGC liberou mais um empréstimo, no valor de R$ 1,3 bilhão. E não resolveu. Aí, a então presidente da CEF, Maria Fernanda Ramos Coelho, confirmou que a Caixa disponibilizou de R$ 8 a 10 BILHÕES ao banco podre, para liberar nos próximos oito anos. É de se perguntar se a CEF foi capitalizada com a compra das ações.
Os novos donos do banco apresentaram um Balanço (revisto) em 31.12.2010, com patrimônio líquido negativo de R$ 888, 7 milhões. O indicador de Basiléia também estava em 5,74% negativo; o mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%, isto é, para cada R$ 100,00 emprestados o banco tem que ter R$ 11,00 de recursos próprios. O Panamericano, para cada R$ 100,0o emprestados, assumia dívida de R$ 5,74.
Mas, “la nave va...” Não podemos esquecer também as arrumações do governo para salvar o Banco Votorantim.
Ronald Santos Barata, 10-04-2011
Dados colhidos nos jornais “Valor Econômico”, “Folha de S.Paulo”, “O Globo” e no Google.

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