Cesar Maia
(David Linden, Professor de
Neurociências, Universidade Johns Hopkins - NYT - Clarín, 02)
1. Quando
pensamos nas qualidades que buscamos em líderes visionários, pensamos em
inteligência, criatividade, carisma e conhecimento, mas também na busca do
sucesso, o desejo de inovação e a vontade de desafiar as práticas
estabelecidas. Na realidade, porém, o perfil psicológico de um líder é também o
de alguém que assume riscos compulsivamente em busca da novidade. Em resumo, o
que buscamos nos líderes parece ser o tipo de personalidade dos viciados. Como
é possível? Em geral, acreditamos que os viciados são pessoas com pouca
vontade, enquanto os empreendedores são pessoas com disciplina e força. Para
entender esta aparente contradição é necessário analisar o cérebro e,
sobretudo, as funções relacionadas com o prazer e a gratificação.
2. O prazer evoca sinais
neurológicos que convergem para um pequeno grupo de áreas cerebrais
interconectados conhecido como circuito cerebral do prazer, pequenos grupos de
neurônios onde o neurotransmissor dopamina desempenha um papel central. Esse
circuito de prazer que utiliza a dopamina também pode ser ativado por algumas -
não todas - substâncias psicoativas que implicam um risco de vício, assim como
as drogas. Os circuitos de prazer do cérebro também são ativados por meio de
recompensas imprevisíveis. Enquanto a roleta gira ou os cavalos correm na
pista, temos uma sensação de prazer, ainda que ao final não ganhemos.
3. A incerteza em si pode ser
gratificante, o que sem dúvida é um atributo útil para empresas de alto risco e
alto rendimento. Será que a personalidade aditiva tem vantagens? Algumas das
figuras históricas mais admiradas tinham vícios, e não apenas os mais
evidentemente criativos, mas também os cientistas, os guerreiros e estadistas.
A personalidade obsessiva, caracterizada pela busca do risco e da novidade que
costuma ser apresentada pelos viciados, pode adaptar-se ao trabalho e ser muito
eficaz. No caso de muitos líderes, não se trata de serem bem sucedidos apesar
de seu vício, mas que a mesma química cerebral que os converte em viciados
também lhes confere uma conduta que se mostra paradoxalmente benéfica na
liderança.
4. É por isso que, quando a
sua empresa precisar de um novo líder, tem de buscar alguém que tenha uma função
de dopamina atenuada: alguém que nunca está satisfeito com o status quo, alguém
que queira o sucesso mais do que outros, mas que desfrute menos dele.
Título e Texto: ex-Blog do
Cesar Maia, 04-08-2011
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