João Bosco Leal
Nos cinemas ou na televisão,
milhares de pessoas assistiram os dois filmes Tropa de Elite, nacionais com
qualidade rara em nossa história cinematográfica onde, durante seu depoimento
na CPI da Corrupção realizada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o
personagem em torno do qual se desenrola a trama, Capitão Nascimento, declarou
que entre todos os deputados daquela casa, somente seis ou sete tinham ficha
limpa.
E que tanto o Secretário de
Segurança Pública quanto o Governador estavam envolvidos com as milícias que
dominavam as comunidades faveladas, fazendo vista grossa para os crimes por
elas cometidos para, em troca, receberem milhares de votos dos moradores nas
próximas eleições. O filme termina questionando quem seriam os verdadeiros
interessados naquele sistema e mostrando a imagem do Congresso Nacional em
Brasília.
Quem vive em outro país e os
assistisse, certamente pensaria que a história foi criada na mente do autor e
transportada para as telas por diretores, elenco e equipes especializadas, como
normalmente ocorre nas mais diversas tramas, policiais, românticas ou de
suspense, mas quem vive no Brasil sabe que aqueles enredos estão tão próximos
da nossa realidade, que se enquadram melhor como documentários.
Raros são os dias em que os
meios de comunicação não mostram casos de corrupção nos mais diversos setores
da administração pública, em todos os três Poderes Constituídos da República.
Em qualquer país razoavelmente
sério, casos como o do juiz que ficou conhecido como Lalau, condenado por superfaturamento
na construção do Tribunal de Justiça de São Paulo, provocaria a condenação e
prisão tanto o corruptor como os corrompidos e a devolução integral do dinheiro
roubado seria incansavelmente buscada, mas não é o que ocorreu ou ocorre no
Brasil, onde juízes são flagrados vendendo sentenças e o máximo que lhes ocorre
é serem aposentados compulsoriamente, mas com direito ao salário integral e
sempre atualizado com os mesmos índices dos que estão na ativa.
Nas mais diversas áreas do
governo federal pessoas que ocupam cargos elevados, inclusive Ministros e
Chefes de Casa Civil da Presidência da República, diretamente ligados à
Presidente da República, são acusadas de corrupção e só após muita pressão e
divulgação dos fatos algumas são destituídas.
Deputados adicionam ao
Orçamento da União emendas de interesse exclusivo de empresas que lhes
retribuem com enormes quantias, posteriormente cobradas do contribuinte com o
superfaturamento das suas obras, muitas vezes sequer realizadas ou
suplementadas constantemente antes de sua conclusão. Outros, filmados recebendo
a propina não são condenados, pois seus pares não dão sequer a autorização para
que sejam julgados.
O enriquecimento exponencial
de membros do governo jamais é questionado e, mesmo quando a corrupção é
comprovada, nada ocorre efetivamente, pois a população nunca vê qualquer
providência ser tomada para que os recursos públicos roubados sejam devolvidos.
Recentemente a Ministra Eliana
Calmon, Corregedora Nacional de Justiça provocou enorme tumulto nos Tribunais
de Justiça de diversos estados ao declarar que existiam bandidos de toga.
Juízes e associações de magistrados tentaram diminuir os direitos
investigativos do Conselho, o que só não ocorreu em decorrência da enorme
repercussão do caso e do enorme apoio recebido pela juíza nas mais diversas
redes sociais e em todos os meios de comunicação do país.
Como se fossem seres
superiores, os que exercem altos cargos públicos e cometem crimes comuns, como
roubo, falsidade ideológica, formação de quadrilha e até crimes, são julgados
por Tribunais Especiais, com acesso público negado mesmo que para simples
informações sobre o andamento do processo.
A imunidade parlamentar, criada para proteger atividades exclusivamente
políticas, está sendo utilizada para acobertar ações criminosas.
Título, Imagem e Texto: João Bosco LealRelacionados:
[Tropa de Elite 2] Um novo e mais perigoso inimigo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-