Alberto de Freitas
Assemelhamo-nos à
“pescadinha-de-rabo-na-boca” na resolução dos problemas: a parte da cabeça faz
exigências que, a serem satisfeitas, “comem” mais da outra extremidade. A
comunicação social equipara-se a “livro de reclamações”, onde as partes
reclamam do todo, como se ele não fosse composto por elas. E os partidos da
oposição fazem de balcão de reclamações com soluções na hora, garantindo como
certo que o todo é composto pelas partes mais a demagogia. E a teoria da
“pescadinha-de-rabo-na-boca” comprova-se no “Estado-dependência”. Tal como a
interdependência na relação “passador” versus consumidor. Os políticos são os
principais interessados na ideia das obrigações do Estado; não pela defesa dos
cidadãos, mas no próprio interesse de quem a sobrevivência da influência e do
poder depende dessa adição. Solucionar os “micro-problemas”, é algo acessível à
sociedade civil. Receio que a solidariedade de ajudar um invisual no atravessar
de uma estrada, seja substituída pela manifestação indignada devido à ausência
de solução por parte do Estado. A luta desesperada pela manutenção das pontas
dos tentáculos do “polvo” – as Juntas de Freguesia – é o receio que nas
pequenas comunidades as populações se entreajudem. Como é possível que um
doente a necessitar de ir a um hospital - não tendo os meios – alguém, um
vizinho, uma empresa, o grupo recreativo… não colaborem na resolução do
problema? O que assistimos perante a comunicação social: populações indignadas;
agremiações a pedinchar verbas; políticos a “faturar” e jovens indignados a
exigir. O que uma simples coleta para ajudar ao combustível, a disponibilidade
de um qualquer veículo sem função, a boa vontade e cedência de um pouco de
tempo e o “micro-problema” do tal doente se deslocar ao hospital estaria
resolvido. Há velhos a morrer na solidão, casas a desmoronar que são lares de
pessoas, famílias a precisar de apoio e, por vezes, o simples tomar conta de
uma criança enquanto vão trabalhar. Por acaso, por diminuta percentagem que
fosse, das centenas de milhares de jovens sem emprego, surgiu algum grupúsculo
para atos de solidariedade? Que se saiba: limitam-se a exigir o inexistente. E
que se saiba também, ainda nenhum concerto de rock ficou às moscas e as
“noites” de fim-de-semana fervilham. Não que se deva tirar o direito ao
divertimento, mas deve assinalar-se que continua acessível… é que pela dimensão
da indignação poderia pensar-se que não.
A política ao serviço dos
partidos e não o inverso é o nosso calcanhar de Aquiles. Tal como argonautas
somos seduzidos pelos melodiosos cantos das sereias partidárias. Cujo som nos
promete vidas maravilhosas e futuros risonhos. Uma embriaguez que nos tolda a
vista e retira a vontade e nos faz entrar na depressão da vitimização. E nós,
tal como a “pescadinha-de-rabo-na-boca”, teremos que nos libertar do círculo
infernal para voltar a “nadar”.
Consumíamos o que não
produzíamos e quem providenciava tal situação, pôs um “basta”. De vez, temos
que nos consciencializar: estamos condenados a só consumir o que produzirmos.
Temos que o fazer e, infelizmente, é o empobrecimento até alcançar o equilíbrio
consumo/produção. Uma tarefa ciclópica que depende da iniciativa individual e
do esforço coletivo, em que pagar impostos não é suficiente pois temos um
passado em dívida… e em que “refilar” não leva a nada… quando pouco ou “nada”
existe.
Título e Texto: Alberto de
Freitas
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