Reinaldo Azevedo
Pois é… O que há de político em pânico a esta altura…
Carlinhos Cachoeira, a gente está vendo, é como os demônios: uma legião!
Políticos de uma penca de partidos aparecem se banhando em suas águas: DEM (o
senador Demóstenes Torres deixou a legenda), PT, PSDB, PTB, PP, PPS… E outros
podem aparecer. Escândalo sem o PMDB, por exemplo, é só um problema de
apuração… Não dá para afirmar que os comandos das respectivas legendas
soubessem desse envolvimento, claro! Uma coisa, no entanto, é certa: dá pra
constatar como o sistema é poroso à corrupção.
Não há sistema bom que resista
intacto a homens maus. A qualidade individual dos políticos certamente faz a
diferença. Isso não significa, no entanto, que o nosso sistema seja virtuoso.
Muito pelo contrário. Estamos assistindo à falência moral de um jeito de
organização de poder. E não se enganem: será disso para pior! Ainda que o
Cachoeira da hora seja tirado de circulação e que seu esquema desmorone, será
substituído por outro enquanto as regras forem as que estão aí. O sistema
partidário está caduco. As legendas se juntam por causa do tempo de televisão e
se mantêm unidas ou se separam a depender da fatia do estado que lhes é dado
controlar. No comando de áreas da administração, de estatais ou de autarquias,
ocupam-se de roubar o dinheiro público para fazer caixa para o partido — sem
contar, obviamente, os que se dedicam ao enriquecimento pessoal.
Por que o Brasil esta entre as
nações mais corruptas do Planeta? Será o nosso sangue latino? O calor dos
Trópicos? A miscigenação? A herança patrimonialista ibérica? Que determinismo
sociológico, histórico ou climático ou, ainda, que teoria estupidamente racista
explicariam tanta lambança? Bobagem, meus caros! O nome do desastre que aí está
é um só: TAMANHO DO ESTADO, COM SEU CONSEQUENTE APARELHAMENTO PELA PISTOLAGEM
POLÍTICA. Os Cachoeiras da vida estão sempre em busca de quem lhes possa
franquear as portas da administração e garantir acesso aos cofres.
Há dias lembrei aqui: só o
governo federal dispõe de mais de 24 mil cargos de confiança! Em 2002, quando
FHC deixou o governo, eram pouco mais de 18 mil — um número já estúpido, mas os
companheiros acharam pouco. Somem-se a isso os postos que os partidos disputam
nas estatais. Só para comparação: na Alemanha, são apenas 170 os cargos
federais de confiança; no Reino Unido, 300. Nos EUA, 9 mil!
Veja, então, que equação
explosiva: partidos sem a menor afinidade ideológica, que têm como moeda de
troca o horário de TV, associam-se para disputar o poder. Querem implementar um
programa? Não! O objetivo é tomar de assalto aqueles milhares de cargos de
confiança e fazer, então, negócios com os Carlinhos Cachoeiras da vida, que são
também os financiadores de campanha.
Só piora…
Para nossa desgraça, o Estado
só aumenta em vez de diminuir. Torna-se a cada dia mais presente na economia e
na vida dos cidadãos. Votem-se quantas Leis da Ficha Limpa acharem por bem, e a
simples redação de um edital de licitação — quando há licitação — pode premiar
a bandidagem.
Durante muito tempo, os
petistas venderam a fantasia, ainda sustentada por cretinos acadêmicos, de que
viria para acabar com essa lambança, para “mudar tudo”. Quem tinha ao menos
dois neurônicos capazes de fazer uma sinapse desconfiou desde logo de intento
tão nobre. O desmonte da corrupção organizada, profissionalizada, que toma
conta do país, não haveria de ser feito com o aumento do estado, mas com a
redução — para que ele pudesse, então, efetivamente cuidar das áreas que lhe
são próprias. Aconteceu o óbvio: o PT não só referendou e passou a ser usuário
dos esquemas tradicionais de assalto aos cofres públicos como montou o seu
próprio modelo. Por isso jamais se ocupou a sério das reformas — inclusive e
muito especialmente a política.
Em nove anos de poder, este é
o mais imperdoável de todos os malefícios do petismo — que também tem seus
homens se banhando na cachoeira: em vez de ter dado passos para diminuir o
potencial de corrupção do país, caminhou justamente em sentido contrário. E
ainda teve a cara de pau adicional de nos apresentar “o bom ladrão”, aquele que
rouba em nome da causa, para o nosso bem.
Enquanto os governantes
brasileiros tiverem à sua disposição milhares de cargos dos quais dispor
livremente para acomodar os interesses e apetites dos partidos; enquanto a
economia brasileira for, como é hoje, estado-dependente; enquanto tivermos um
sistema eleitoral que descola o eleito do eleitor — por isso defendo o voto
distrital puro; enquanto os nossos partidos forem meras agências de aluguel de
tempo de TV, os Cachoeiras continuarão a assediar o estado e os políticos.
A última pesquisa Ibope, no
entanto, dá conta de que os brasileiros estão satisfeitíssimos com Dilma,
embora reprovem a política de segurança, a política de impostos e a política de
saúde… Fazer o quê? Parece entender que ela é a flor que nasceu no pântano; é
como se ela, até por força do cargo que ocupa, não fosse protagonista do
enredo.
A defesa de um estado mais
enxuto caiu em desuso. O nosso empresariado está de olho nas desonerações do
governo — ou será liquidado pela concorrência externa — e no crédito
subsidiado. Precisam do estado. E o estado é ocupado, com as exceções de
sempre, por uma súcia. Vocês são muito sabidos e certamente já pararam para
pensar que Cachoeira tem, sim, um poder tentacular, mas é apenas um “operador”
de médio porte. Imaginem a que altitudes chegam os verdadeiramente
profissionais, os “grandes”.
Enquanto o sistema brasileiro
estiver organizado para que o poder de turno crie dificuldades, haverá gente
disposta a comprar facilidades — porque o estado estará tomado de mercadores.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo
Os destaques são meus e especialmente dedicados aos "portugueses" que destilam nas caixas de comentários de jornais e blogues tantas macaquices e ventriloquices; exemplos para esses macaquinhos ideológicos de 1879, para não dizer outra coisa, que não percebem o que significa o emagrecimento do Estado: o fechamento da maternidade Alfredo da Costa nada traz de mau para Portugal, não significa que portuguesas deixarão de ser atendidas no Sistema Nacional de Saúde... Tem muitos mais exemplos! Falei deste porque estava assistindo ao telejornal Mas, se o povo quiser ser governado por inconsequentes esquerdistas e demagogos há-de chegar a hora que nem maca terão para dar à luz... Inté!
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