quarta-feira, 9 de maio de 2012

MERCOSUL



Peter Wilm Rosenfeld
Confesso que cada vez menos entendo a Senhora Presidente! E devo admitir que ela é mesmo desconcertante!
Deve ser de conhecimento geral que a Sra. Kirchner, Presidente da Argentina, decidiu re-nacionalizar a indústria petrolífera, expulsando a Repsol espanhola.
Esse gesto, em meu entender foi completamente tresloucado, até por ser irracional. Será que a Argentina, que já passou por uma série de crises econômicas, terá condições de manter a Argentina abastecida de combustíveis?
Mas, vá lá! A Presidente do País deve saber melhor, apesar de ter memória muito curta! E esse é um problema que os argentinos têm que resolver.
Pois bem, e o que fez a Sra. Rousseff?
Deu os parabéns do Brasil, apoiando plenamente a atitude argentina!
Certamente, a Sra. Rousseff não ignora que a Petrobrás está naquele País, explorando as reservas argentinas, em outras palavras, fazendo exatamente a mesma coisa que a Repsol!
Isso faz sentido? Parece-me que não! E mais: desacredita cada vez mais o Mercosul, cujas regras a Argentina tem ignorado há muito tempo, sempre quando lhe convém...
Pergunte-se a qualquer produtor de calçados, ou de móveis ou de qualquer outro produto o que tem acontecido com as mercadorias destinadas à Argentina.
Transcrevo, a seguir, matéria publicada no jornal Zero Hora de Porto Alegre em 2 do corrente sobre esse assunto, sob o título “Estrago da Sra. Kirchner”:
É grande o prejuízo das empresas gaúchas com as restrições dos hermanos à entrada de produtos no país vizinho. Em novo levantamento da Abicalçados que acabou de sair do forno, foi confirmado que há 2,29 milhões de pares à espera de liberação, o que representa quase US$ 50 milhões a menos em exportações. Com isso, os negócios com a Argentina despencaram US$ 47% em volume no primeiro trimestre – foram exportados 975 mil pares ante 1,8 milhão em igual período de 2011.
Como não poderia deixar de ser, o faturamento das indústrias do setor revelou outro tombo de 36%: entraram US$ 26 milhões no Brasil ante US$ 41 milhões do primeiro trimestre do ano passado.
Não só os calçados enfrentam problemas. Indústrias de máquinas e de implementos agrícolas, por exemplo, também acumulam prejuízos. Na John Deere, são mil tratores e 200 colheitadeiras bloqueados nos últimos 12 meses na aduana. Na AGCO, nos frigoríficos de carne suína e nas indústrias de móveis, as perdas aumentam em razão da espera por liberações, como lembra o deputado federal Osmar Terra (PMDB).
Ao invés de ter sua admissão no território argentino liberada automaticamente, a alfândega argentina tem demorado cada vez mais (e a demora chega a meses!) para autorizar importações, causando prejuízos vultosos aos industriais brasileiros.
Em outras palavras, os argentinos ignoram totalmente que os países membros do Mercosul desejavam que a região se tornasse, ao longo do tempo e cada vez mais, uma zona de livre comércio, sem qualquer entrave à movimentação de pessoas e de mercadorias.
Em meu entender, a Sra. Rousseff errou grosseiramente. Já que não se podia dela esperar que pelo menos alertasse a Sra. Kirchner sobre a barbaridade que tinha cometido, deveria ter-se mantido silente (até porque, segundo o velho dito “quem cala consente”).
Errou também porque, quem garante que em seu desespero a Sra. Kirchner venha também a desapropriar os ativos da Petrobrás, como já o fez o presidente da Bolívia? Lembremos que o Sr. da Silva, então Presidente brasileiro, sequer protestou contra aquela violência! Faltou apenas felicitar o Sr. Evo Morales por sua atitude corajosa...
Voltando ao Mercosul e à Argentina, é de se lembrar que o país de nossos supostos “hermanos” já foi a 5ª economia do mundo.
O Sr. Perón e suas dignas esposas, com seu nacionalismo, populismo e xenofobia conseguiram reduzir o país à sua insignificância atual!
Em meu juízo, e penso (expressei isso há muitos anos, quando se discutia a criação do Mercosul), esse acordo não prosperará de verdade. Em breve, irá para o brejo...
Mas não é de admitir que o Brasil, disparadamente maior do que qualquer um de seus parceiros, seja subserviente e tolere tudo o que os demais países fazem para burlar leis e acordos.
Aliás, devo excetuar o Uruguai desse conceito. A República Oriental do Uruguay é um Pais extremamente sério e cumpridor de seus compromissos.
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 09 de maio de 2012

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