Otacílio Guimarães
Excelentes os artigos indicados sobre a economia da Austrália no período agudo da crise
econômica mundial. A Austrália, como de resto todos os países do mundo, foi
atingida duramente pela crise mas não se deixou abater e o seu governo adotou
providências nos momentos certos para que o prejuízo fosse menor. Essas
providências se traduziram em conduzir a política econômica com austeridade,
cortando gastos onde fosse necessário sem esquecer os investimentos de longo
prazo na infraestrutura do país.
A economia australiana é
sustentada nas exportações de comodities – a exemplo da brasileira –,
principalmente minérios, carne, frutas e açúcar, além de produtos de tecnologia
e serviços. O consumo interno, dado a população ser de apenas 22 milhões de
pessoas, é pequeno, apesar do alto poder de compra dos australianos. A
Austrália, assim como o Brasil, se beneficiou muito no período das vacas gordas
em que os preços das comodities estavam nas alturas. Depois que a maré mudou,
todos aqui – governo, empresários e a população – entenderam que havia chegado
a hora de apertar o cinto. Um exemplo: quem trocava de carro todos os anos
agora está ficando dois anos com o mesmo carro.
Eu diria que a Austrália fez
exatamente o contrário do que o Brasil fez e está fazendo em sua economia nessa
fase difícil que toda a economia global atravessa. A Austrália aproveitou a
fase favorável para consolidar a sua economia aumentando a poupança interna,
reduzindo o endividamento público e privado, aumentando as suas reservas em
moeda estrangeira, reduzindo os juros – que agora estão subindo – e investindo
sabiamente em infraestrutura, educação e saúde. Em razão disso, o PIB, que no
auge da crise caiu, agora voltou a subir e este ano deve ultrapassar os 5%.
O Brasil fez exatamente o
contrário disso: aumentou os gastos públicos, não investiu quase nada em infraestrutura
e promoveu o maior incentivo ao consumo na história do país com o crédito
facilitado e em muitos casos subsidiados, aumentando com isto o endividamento
privado e consequentemente reduzindo a poupança interna. Consequência de tal
política foi que as exportações e o PIB despencaram, como demonstra uma
reportagem da Veja desta semana. Para se ter uma idéia, o PIB no primeiro
trimestre de 2010 foi de 9,3% e no primeiro trimestre de 2012 apresentou um
crescimento de apenas 0,8%. A continuar assim, fechará o ano com um PIB
negativo.
Aliás, o governo esquerdista
brasileiro nunca teve um projeto de política econômica e a atual presidente e
sua equipe econômica, comandada por Guido Mantega, tem como único projeto
econômico incentivar o consumo. Ninguém quer ouvir falar nas reformas
estruturais que o Brasil precisa fazer se quiser sair um dia da condição de
país emergente. A esse respeito, o ex-presidente do Peru, Alan Garcia, tem uma
piada. Ele disse que os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,
que compõe o grupo de países emergentes), deveriam agora se chamar RICS, já que
o Brasil parece ter desistido de sair da condição de país subdesenvolvido.
Austeridade na Austrália é
palavra de ordem que todos seguem. No Brasil, é palavrão que ninguém quer
ouvir.
Quem você acha que vai se dar
bem no final?
Otacílio Guimarães
Em Portugal também é palavrão, e dos grandes!
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