terça-feira, 5 de junho de 2012

Como sofrem as Bananas' Republics...

Casa Rosada cai no mesmo erro em que caiu Brasília na época da hiperinflação.
Francisco Vianna

Populismo peronista de Cristina se baseia em explorar a memória do marido falecido e de Evita Perón
O governo argentino, cai na mesma esparrela que caiu o governo brasileiro na época da hiperinflação, tenta baixar o preço do dólar no mercado paralelo (?) por decreto, cuja demanda pela moeda americana aumentou em função dos controles governamentais impostos sobre as operações envolvendo divisas externas e que acabaram por desencadear uma polêmica nacional.
Ao invés de adotar, como no Brasil, a noção de “câmbio flutuante” – que obriga praticamente o dólar comercial a permanecer pari passu ao chamado ‘dólar paralelo’, o governo de Cristina Kirchner tenta impor uma série de regras que inviabilizam o livre comércio da moeda americana e, mais ainda, tenta “fazer conchavo” com o setor de câmbio para que esse baixe artificialmente o valor do dólar ‘paralelo’ em pleno regime de aumento da procura pela moeda estadunidense.
Diria qualquer um, medianamente informado, que isso é a maior piada dos últimos tempos dos nossos “hermanos” do sul.
Ocorre que, na Argentina, os números estatísticos do governo são ainda muito menos confiáveis pelos argentinos do que os números de Brasília junto aos habitantes tupiniquins. A inflação oficial anunciada pela Casa Rosada é de 8,6% ao ano, mas a inflação real é de quase 20% ao ano e o governo argentino ainda decretou que é crime divulgar a inflação real do país.
Os dirigentes políticos e economistas voltaram a questionar hoje tais controles impostos pelo governo de Cristina Fernández de Kirchner sobre a compra de dólares em bancos e em casas de câmbio, e criticaram a intenção do governo de “controlar” o valor do dólar no mercado paralelo – como se isso fosse possível – para impedir uma escalada maior no valor da moeda americana.
O dólar no mercado paralelo está valendo quase 6 pesos (algo em torno de R$2,30), enquanto o dólar oficial custa, com todos os controles, 4,49 pesos (algo em torno de R$1,82), o que supõe que o argentino parece disposto a pagar a diferença para fugir aos controles do estado socialista-peronista.
Estive em Buenos Aires em outubro do ano passado e achei o país caríssimo para o turista, uma vez que os preços de tudo parecem acompanhar o dólar no paralelo. Com um real comprava dois pesos, mas quando me propunha pagar despesas em real ou em dólares, o custo caia no mínimo uns 20 por cento.
A polêmica teve início há alguns dias, quando o senador e antigo chefe de gabinete, Aníbal Fernández, um dos principais dirigentes do peronismo kirchnerista, calculou que o dólar paralelo deverá fechar nesta segunda-feira em torno de 5,10 pesos.
O preço do dólar paralelo foi ‘acertado’ durante uma reunião do secretário de Comércio, Guillermo Moreno, com agentes do setor de câmbio, segundo explicou Fernández. “Se esta informação está correta e esse “acerto” for realmente possível, o governo se torna cúmplice de um delito, ou seja, o de vender ou comprar dólar no mercado paralelo, à margem da lei, ou ‘mercado negro’”, disse à imprensa a ex titular da Unidade de Investigações Financeiras da Argentina, Alicia López.
Luis Espert, um conhecido consultor em economia, também teceu considerações junto à mídia local, dizendo que considera “inentendível” a forma de agir do governo, que incorporou “o controle do câmbio, mas também quer controlar o mercado paralelo”, que, em vista disso, deixaria de ser ‘paralelo’. É a ‘piada pronta’ argentina: “Governo argentino tenta regulamentar o mercado paralelo”! Durma-se com um barulho desses...
As declarações de Aníbal Fernández à radio Mitre causaram, num primeiro momento, confusão, uma vez que o senador se referiu a um “acordo com as casas de câmbio”, para que baixem o preço do dólar no ‘paralelo’. Na realidade estas entidades, por lei, só podem comercializar a divisa a preço oficial, não havendo “registros” de vendas por valor mais alto, ou especulativo, o que não impede que a moeda americana seja vendida dessa última forma, sem registros, à margem da lei irrealista de Cristina Kirchner, e em obediência apenas à única lei verdadeira, a lei da oferta e da procura.
Porta-vozes do governo confirmaram, mais tarde, que o governo “dialogou com os membros do setor de câmbio para acertar uma redução no preço do dólar paralelo”. Incrível...
Em novembro passado, o Fisco argentino estabeleceu novos controles para cada operação com dólares em bancos e casas de câmbio, o que fez ressurgir a procura pelos ‘circuitos informais’ de compra e venda de divisas americanas e causou o aumento na cotação dessa moeda nesse ‘mercado paralelo’. Ora, os apaniguados do regime não têm nenhum problema em adquirir dólares pelo câmbio oficial e, certamente, não veem nenhum óbice em fazer bons lucros vendendo-os no mercado paralelo para aqueles que não gozam de qualquer privilégio junto a cúpula peronista socialista da Argentina.
Isso resulta da estulta interferência do estado na economia, algo que os brasileiros cansaram de ver na época da hiperinflação, e que começou com a multiplicação das recusas do governo às operações com divisas externas nas casas de câmbio e em bancos, onde os compradores têm que esperar que o Fisco ‘aprove’ a aquisição mediante um sistema de informática.
Para agravar a situação, há poucos dias, o governo editou novas regulamentações para as compras de dólares para viagens ou para a compra de casas através de créditos hipotecários. “Ora, quando as pessoas veem que há limitações à livre comercialização do dólar começam a pensar que, de fato, algo vai muito mal no país”, disse à imprensa da cidade de Córdoba, o governador desse estado José Manuel de la Sota.
Rogelio Frigerio, outro conhecido economista portenho, disse que “a única coisa que os argentinos acreditam resguardar suas poupanças é transformá-las em dólar e guardá-las tanto sob o colchão como em investimentos em bancos estrangeiros, independente ou não da existência de crise nos EUA”, porque “nos últimos 50 anos foram condicionados a pensar assim, associados à certeza de que o peso não é confiável”. “O problema não é o dólar, o problema é o peso, é a inflação”, explicou Frigerio, hoje, em declarações à rádio DEZ.
Os controles do governo tentam, da maneira errada, “desdolarizar” a economia argentina e motivam a repulsa dos moradores de Buenos Aires, que na última quinta e sexta-feira realizaram “panelaços” em alguns bairros em protesto a tais controles e tamanha interferência estatal no livre comércio do câmbio.
Além disso, começaram a se multiplicar as demandas judiciais contra as novas normas, como no caso da ONG civil bonairense “SAIBA SE DEFENDER”, que se prepara para entrar com uma ação coletiva perante os tribunais para exigir que o Fisco explique com detalhes qual é a fórmula que aplica para recusar ou aprovar as operações com divisas externas por parte da população, coisa que nenhum especialista em economia na Argentina sabe explicar.
Tais medidas autoritárias de controle e interferência na economia cresceram em momentos nos quais o governo se prepara para fazer frente aos vencimentos da dívida externa e registra um menor ingresso de divisas por exportações, que caíram em abril uns 6 por cento em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Nossos “hermanos” parecem mesmo ter entrado em queda livre... Com uma mãozinha do socialismo peronista de Cristina Kirchner.
Título e Texto: Francisco Vianna, 04-06-2012

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