Casa Rosada cai no mesmo erro
em que caiu Brasília na época da hiperinflação.
Francisco Vianna
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Populismo peronista de
Cristina se baseia em explorar a memória do marido falecido e de Evita Perón
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O governo argentino, cai na
mesma esparrela que caiu o governo brasileiro na época da hiperinflação, tenta
baixar o preço do dólar no mercado paralelo (?) por decreto, cuja demanda pela
moeda americana aumentou em função dos controles governamentais impostos sobre
as operações envolvendo divisas externas e que acabaram por desencadear uma
polêmica nacional.
Ao invés de adotar, como no
Brasil, a noção de “câmbio flutuante” – que obriga praticamente o dólar
comercial a permanecer pari passu ao chamado ‘dólar paralelo’, o governo de
Cristina Kirchner tenta impor uma série de regras que inviabilizam o livre
comércio da moeda americana e, mais ainda, tenta “fazer conchavo” com o setor
de câmbio para que esse baixe artificialmente o valor do dólar ‘paralelo’ em
pleno regime de aumento da procura pela moeda estadunidense.
Diria qualquer um,
medianamente informado, que isso é a maior piada dos últimos tempos dos nossos
“hermanos” do sul.
Ocorre que, na Argentina, os
números estatísticos do governo são ainda muito menos confiáveis pelos
argentinos do que os números de Brasília junto aos habitantes tupiniquins. A
inflação oficial anunciada pela Casa Rosada é de 8,6% ao ano, mas a inflação
real é de quase 20% ao ano e o governo argentino ainda decretou que é crime divulgar a inflação real do
país.
Os dirigentes políticos e
economistas voltaram a questionar hoje tais controles impostos pelo governo de
Cristina Fernández de Kirchner sobre a compra de dólares em bancos e em casas
de câmbio, e criticaram a intenção do governo de “controlar” o valor do dólar
no mercado paralelo – como se isso fosse possível – para impedir uma escalada
maior no valor da moeda americana.
O dólar no mercado paralelo
está valendo quase 6 pesos (algo em torno de R$2,30), enquanto o dólar oficial
custa, com todos os controles, 4,49 pesos (algo em torno de R$1,82), o que
supõe que o argentino parece disposto a pagar a diferença para fugir aos
controles do estado socialista-peronista.
Estive em Buenos Aires em
outubro do ano passado e achei o país caríssimo para o turista, uma vez que os
preços de tudo parecem acompanhar o dólar no paralelo. Com um real comprava
dois pesos, mas quando me propunha pagar despesas em real ou em dólares, o
custo caia no mínimo uns 20 por cento.
A polêmica teve início há
alguns dias, quando o senador e antigo chefe de gabinete, Aníbal Fernández, um
dos principais dirigentes do peronismo kirchnerista, calculou que o dólar
paralelo deverá fechar nesta segunda-feira em torno de 5,10 pesos.
O preço do dólar paralelo foi
‘acertado’ durante uma reunião do secretário de Comércio, Guillermo Moreno, com
agentes do setor de câmbio, segundo explicou Fernández. “Se esta informação
está correta e esse “acerto” for realmente possível, o governo se torna
cúmplice de um delito, ou seja, o de vender ou comprar dólar no mercado
paralelo, à margem da lei, ou ‘mercado negro’”, disse à imprensa a ex titular
da Unidade de Investigações Financeiras da Argentina, Alicia López.
Luis Espert, um conhecido
consultor em economia, também teceu considerações junto à mídia local, dizendo
que considera “inentendível” a forma de agir do governo, que incorporou “o
controle do câmbio, mas também quer controlar o mercado paralelo”, que, em
vista disso, deixaria de ser ‘paralelo’. É a ‘piada pronta’ argentina: “Governo
argentino tenta regulamentar o mercado paralelo”! Durma-se com um barulho
desses...
As declarações de Aníbal
Fernández à radio Mitre causaram, num primeiro momento, confusão, uma vez que o
senador se referiu a um “acordo com as casas de câmbio”, para que baixem o
preço do dólar no ‘paralelo’. Na realidade estas entidades, por lei, só podem
comercializar a divisa a preço oficial, não havendo “registros” de vendas por
valor mais alto, ou especulativo, o que não impede que a moeda americana seja
vendida dessa última forma, sem registros, à margem da lei irrealista de
Cristina Kirchner, e em obediência apenas à única lei verdadeira, a lei da
oferta e da procura.
Porta-vozes do governo
confirmaram, mais tarde, que o governo “dialogou com os membros do setor de
câmbio para acertar uma redução no preço do dólar paralelo”. Incrível...
Em novembro passado, o Fisco
argentino estabeleceu novos controles para cada operação com dólares em bancos
e casas de câmbio, o que fez ressurgir a procura pelos ‘circuitos informais’ de
compra e venda de divisas americanas e causou o aumento na cotação dessa moeda
nesse ‘mercado paralelo’. Ora, os apaniguados do regime não têm nenhum problema
em adquirir dólares pelo câmbio oficial e, certamente, não veem nenhum óbice em
fazer bons lucros vendendo-os no mercado paralelo para aqueles que não gozam de
qualquer privilégio junto a cúpula peronista socialista da Argentina.
Isso resulta da estulta
interferência do estado na economia, algo que os brasileiros cansaram de ver na
época da hiperinflação, e que começou com a multiplicação das recusas do
governo às operações com divisas externas nas casas de câmbio e em bancos, onde
os compradores têm que esperar que o Fisco ‘aprove’ a aquisição mediante um
sistema de informática.
Para agravar a situação, há
poucos dias, o governo editou novas regulamentações para as compras de dólares
para viagens ou para a compra de casas através de créditos hipotecários. “Ora,
quando as pessoas veem que há limitações à livre comercialização do dólar
começam a pensar que, de fato, algo vai muito mal no país”, disse à imprensa da
cidade de Córdoba, o governador desse estado José Manuel de la Sota.
Rogelio Frigerio, outro
conhecido economista portenho, disse que “a única coisa que os argentinos
acreditam resguardar suas poupanças é transformá-las em dólar e guardá-las
tanto sob o colchão como em investimentos em bancos estrangeiros, independente
ou não da existência de crise nos EUA”, porque “nos últimos 50 anos foram
condicionados a pensar assim, associados à certeza de que o peso não é
confiável”. “O problema não é o dólar, o problema é o peso, é a inflação”,
explicou Frigerio, hoje, em declarações à rádio DEZ.
Os controles do governo
tentam, da maneira errada, “desdolarizar” a economia argentina e motivam a
repulsa dos moradores de Buenos Aires, que na última quinta e sexta-feira
realizaram “panelaços” em alguns bairros em protesto a tais controles e tamanha
interferência estatal no livre comércio do câmbio.
Além disso, começaram a se
multiplicar as demandas judiciais contra as novas normas, como no caso da ONG
civil bonairense “SAIBA SE DEFENDER”, que se prepara para entrar com uma ação
coletiva perante os tribunais para exigir que o Fisco explique com detalhes
qual é a fórmula que aplica para recusar ou aprovar as operações com divisas
externas por parte da população, coisa que nenhum especialista em economia na
Argentina sabe explicar.
Tais medidas autoritárias de
controle e interferência na economia cresceram em momentos nos quais o governo
se prepara para fazer frente aos vencimentos da dívida externa e registra um
menor ingresso de divisas por exportações, que caíram em abril uns 6 por cento
em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Nossos “hermanos” parecem
mesmo ter entrado em queda livre... Com uma mãozinha do socialismo peronista de
Cristina Kirchner.
Título e Texto: Francisco Vianna, 04-06-2012
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