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A cidade continua a ter um rio
magnífico e uma luz maravilhosa. Foto: Rodrigo Cabrita
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Luís Menezes Leitão
Em 1910 André Brun escreveu:
“Há, a um canto da Europa, um país chamado Portugal, à beira-mar plantado, o
qual se divide em duas partes: a Baixa e a província. A província que começa no
Largo das Duas Igrejas, na Rua das Pretas e na Rua da Prata, estende-se para um
lado, para um Minho longínquo.” Se escrevesse hoje, chegaria à conclusão que a
Baixa também fazia parte da província, com o Terreiro do Paço transformado num
hipermercado. Não sei se a câmara achou o evento adequado ao cavalo de D. José,
pensando que ficaria melhor enquadrado no meio de palhas, frutas e legumes. O
próprio rei deve estar, porém, a dar voltas no túmulo com esta situação.
Com as limitações de trânsito
no Terreiro do Paço, o mesmo está transformado hoje num deserto. O melhor é por
isso concessioná-lo a uma empresa comercial, privatizando assim um símbolo de
Lisboa. Provavelmente o mesmo vai acontecer com o Marquês de Pombal onde, com
as duas rotundas previstas, os lisboetas ficarão tontos de tanto andar à roda,
podendo assim o mesmo ser igualmente concessionado.
Esta câmara está a destruir
Lisboa. Cada vez há menos residentes, os seus edifícios estão desertos,
incluindo os da câmara, e aumentam as restrições à circulação. Pelos vistos o
interesse da câmara é gerir uma cidade fantasma. De facto, sem pessoas, há mais
espaço para estes eventos comerciais.
Título e Texto: Luís Menezes Leitão, jornal “i”, 05-06-2012
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