No contexto da ‘guerra
assimétrica’ - asymmetric warfare – [Asymmetric warfare includes
"threats outside the range of conventional warfare and difficult to
respond to in kind (e.g., a suicide bomber) " - in Dictionary of Military
Terms] – que continua operando nos e pelos países
retardatários do comunismo (inconformados com a Derrubada do Muro de
Berlim, seguida pela falência múltipla de seus órgãos e instituições)
– as ações se desenvolvem, sobretudo pela estratégia do terrorismo –
mediante ações de terror, ciber-bio-terrorismo, ações psicológicas, mídia,
economia, recursos naturais (é de se observar os países detentores desses
recursos) – e todos os meios possíveis e no ‘vale tudo’ - para derrotar o inimigo
escolhido, cuja opção preferencial é o inimigo interno, ou seja,
seus próprios concidadãos por meras dissidências, que uma vez adquiridas
as “condições objetivas” são erigidas a crime, crime contra o Estado, contra
revolucionário, como já ocorre na República Bolivariana da Venezuela.
No eixo bolivariano sob o
manto do famigerado Foro de São Paulo – que opera com desenvoltura na
Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Paraguai, e, dissimuladamente no
Brasil, Argentina, se insere na modalidade de ‘guerra/guerrilha midiática’ -
como uma das estratégias, gestada no
marxismo-lenismo-stalinismo-maoísmo-castrismo, obviamente sem desconhecer sua gênese
– nazi-fascista que se evidencia pela força da manipulação das idéias e dos
fatos – com a intensa propaganda midiática, a mentira na política –
mentira repetida como a falsidade múltipla – numa reconfiguração goebelliana
sem precedentes [“Quando se repete uma mentira muitas vezes, ela se torna
verdade" - “wenn man eine Lüge oft genug wiederholt, wird
eine Wahrheit daraus.” Paul Joseph Goebbels (1897-1945)
- ministro da Propaganda e Informação Pública - Propagandaminister do Nacional-Socialismo
Alemão – Nazismo] - sem precedentes na manipulação da verdade, que
em nosso mundão midiático – pode trazer consequências nefastas para a democracia
e operar como fator determinante nos destinos políticos das nações.
Confira o artigo a seguir “O
pensamento anacrônico na atual guerra das mídias” de Carlos Costa, que
apesar de fugir da questão ideológica nos fornece um bom histórico da distorção
midiática.
Título e Texto: Rivadávia Rosa
O pensamento anacrônico na atual guerra das mídias
Carlos Costa
Comunicação não é o que se
diz, mas o que o seu interlocutor entende. Esse chavão tão utilizado em cursos
de midia training está coberto de razão. Alguns comentários
postados por leitores nessa coluna deixam isso claro. Então, inicio este texto
reiterando meu respeito pelo jornalista Mino Carta, criador de publicações como
a revista Quatro Rodas, que tive o privilégio de dirigir 30
anos após a sua passagem por lá, além de diários como o Jornal da
Tarde, República (de curta duração, infelizmente), Veja,
Senhor, IstoÉ e sua atual CartaCapital.
Esse esclarecimento se faz
necessário diante do acirramento ideológico que acontece na atual batalha entre
os meios de comunicação, no que se convencionou chamar de estratégia de ataque
à liberdade de imprensa, organizada desde o segundo mandato do Governo Lula. O
mesmo que em algum momento afirmou “Feliz
o país que tem uma imprensa livre e democrática”, pelo que recolho em
alguns sites sobre o tema (da liberdade de imprensa). Esse movimento de
cerceamento do “livre pensar é só pensar”, como dizia Millôr Fernandes, vem se
expandido das iniciativas sindicais em exigir controles, até a atitude de
atribuir todos os males à imprensa, como se ela fosse culpada em divulgar o que
acontece. Como naquela antiga história do “já que a notícia é ruim, mate-se o
mensageiro”.
Já foi dito que o melhor
controle dos excessos da imprensa é mais liberdade de imprensa. Algo que em
nosso país apenas Pedro II de fato praticou. Como os primeiros republicanos
(Floriano Peixoto à frente, terminando com a festa da imprensa livre), os atuais
governantes não gostam de ouvir críticas. Reinaldo
Azevedo (seu blog é acessado em média 120 mil vezes por dia, com pico de
236.640, segundo ele mesmo informa) escreveu: “Eu ataco este governo Lula como
ataquei o outro [FHC], o problema é que o outro aceitava ser
atacado, e este não aceita ser atacado porque acha que faz tudo certo”. Num
contraponto, o professor e filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. comenta no blog
do filósofo: “A base da
militância do PT não tem tanto apreço pela liberdade quanto tem pela igualdade.
Ela prefere acreditar que toda e qualquer frase da Veja, do Estadão e
da Folha, quando criticam o PT, até mesmo por questões técnicas
como o caso do Enem, é farsa arquitetada pelo que chama de ‘Partido da Imprensa
Golpista’ (PIG), um título chavista que entrou na cabeça do militante petista”.
Mas esses desdobramentos da
atual guerra da mídia acontecem numa espécie de circuito fechado. Pequena parte
da população acompanha a troca de ataques, embora esse clima tenha o efeito
paralisante num momento em que o país precisa mais do que nunca de um projeto
claro para resolver tantos problemas. Esse circuito curto já foi analisado pelo
sociólogo francês Pierre Bourdieu, quando escreveu, no livrinho Sobre a
Televisão, que quem mais lê jornais são os próprios jornalistas e que
os meios pautam os meios, no que ele chamou de “circulação circular da
notícia”. De fato, jornalistas são os únicos profissionais que iniciam a
leitura de periódicos com uma vista de olhos no expediente, para inspecionar a
relação dos colegas ou conhecidos que ali escrevem. E se preocupam mais no furo
que outro órgão deu, do que em realizar um trabalho de informação sobre o que
realmente faz a diferença na vida do cidadão. Isso sem falar no descambo que
vem sendo a cobertura das intimidades dos famosos, mas é tema demais para uma
única página.
Mas a batalha a que estamos
nos referindo, envolvendo principalmente a maior revista semanal brasileira, Veja, e
a mais pequena, CartaCapital, num embate que faz lembrar Davi
e Golias, tem por trás interesses diversos, de partidos e grupos de mídia e
poder. E a realidade preocupante do que ocorreu na Venezuela e do que vem se
desenrolando na Argentina aponta para a possibilidade de tempos ainda mais
complicados.
Diante disso tudo, fiquei
pasmo com o texto “De volta ao passado”, assinado por Mino Carta em sua revista
na edição deste 6 de junho (como de costume, a revista circulou no sábado, dia
2). “Nunca imaginei que algum dia escreveria este texto”, diz Mino logo no que
em linguagem jornalística se chama de “olho de abertura”. E ele está coberto de
razão. Após a longa folha corrida de tantos anos de atuação, é meio
constrangedor ter de se defender de ataques como os que vêm sendo veiculados
nos blogs de Reinaldo Azevedo e de Fábio Pannunzio.
Como professor de História da
Comunicação insisto com os alunos sobre o problema da análise anacrônica, que é
tirar um fato ou relato de seu contexto histórico. Exemplifico com um dos casos
mais notáveis de anacronismo na área do jornalismo. É comum ler que o brasileiro
Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823) foi o criador do
primeiro jornal nacional, o Correio Braziliense (1808-1822).
E por ser editado em Londres, sem a censura oficial, exerceu um papel crítico
contra o colonizador português.
O que há de errado nesse
texto, repetido por quase todos e em todos os manuais?
Comecemos pela designação
gentílica de brasileiro atribuída a Hipólito da Costa. Ele nasceu em Colônia do
Sacramento na então província da Cisplatina, anexada ao Reino Unido do Brasil,
Portugal e Algarves. Seria tão errado dizer que Hipólito era uruguaio como
chamá-lo de brasileiro em 1774. Ele era um cidadão português nascido no
território sempre em disputa entre Brasil e Argentina, que só se independizou
em 1828 por ser dos interesses ingleses a pulverização das regiões colonizadas
pelos ibéricos. Em rigor, só há cidadão brasileiro após 1822. Hipólito,
portanto, era cidadão português.
Também é anacrônico chamar o Correio
Braziliense de jornal. As designações jornal, revista, e correlatos só
fazem sentido na segunda metade do século XIX, quando o telégrafo e o telefone
possibilitaram o informativo noticioso diário, em contraposição com a revista
semanal ou mensal de fundo. As gazetas do início daquele século costumavam ter
apenas quatro páginas e apareciam duas ou três vezes por semana. O Correio tinha
de 80 a 120 páginas e era mensal, com artigos de fundo e análises doutrinárias.
O próprio subtítulo, Armazém Literário, remete a revista, como
as designações Bazar ou Magazine. No Dicionário Histórico de Portugal, se
diz que “Em 1821 e 1822 foi o Correio Braziliense o órgão das
associações brasileiras de independência e prestou grandes serviços à causa do
Brasil”. Mas o titular da cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras consta
desse dicionário português justamente por ser cidadão daquele país.
Parece um longo desvio mas não
é. Ao analisar as coberturas e as reportagens que Veja publicou
nos anos 60 com os olhos de hoje, os meninos Azevedo e Pannunzio estão
incorrendo em muitas leituras anacrônicas. Claro que eles não são dois garotos,
como os alunos que hoje têm dificuldade em entender que Collor não sofreu o
impeachment, pois renunciou às vésperas da finalização do ritual conduzido pelo
STF. Teve, sim, seus direitos cassados. Ou que a expressão “ditadura militar”
ou “golpe militar” é de extração relativamente recente. Durante anos os livros
de história e as reportagens da imprensa falavam em governo militar ou
movimento revolucionário, ou revolução de 31 de março. Reinaldo Azevedo e Fabio
Pannunzio tinham menos de 10 anos quando foram publicadas as reportagens agora
analisadas por eles (“Como a equipe de Mino Carta na Veja comemorou
o 6º aniversário do golpe de 64”). Criticar o ontem com os olhos de hoje é uma
escorregadela no pensamento anacrônico.
Buscar no passado
interpretação para as posições assumidas agora por Mino Carta é reduzir seu
tamanho e importância em nossa imprensa. Também não cabe estender esse tipo de
análise para um grande da imprensa como Elio Gaspari. Espera-se que Gaspari,
como Silvio Romero no episódio já citado aqui da provocação de Assis
Chateaubriand, não use seu tempo para esquentar a polêmica.
Título e
Texto: Carlos Costa, jornalista,
professor da Faculdade Cásper Líbero e editor da revista diálogos &
debates. Publicado na Revista Consultor Jurídico, 6 de junho de 2012
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