Para quem não
leu este artigo da Eliana Cardoso, hoje, (13-06) no Estadão,
acho que vale a pena, muito esclarecedor.
Abraços,
Eliana
Cara Eliana,
A análise da Dra. Eliane Cardoso está corretíssima. E intelectualizada. O
que revela grande conhecimento de causa e efeito. Sutilmente ela expressa sua
opinião, que é a mesma minha, de que o problema não está na geografia, mas sim,
na genética dos povos. Questão de origens, de pedigree.
O arsenal de medidas que essa farsante presimerda do Brasil diz possuir
para lidar com a crise é pura mistificação de uma realidade inevitável. O
inventor dessa farsante passou oito anos enganando o tolo povo brasileiro
cavalgando um fenômeno e uma realidade. O fenômeno é que durante sete anos de
seu mandato concedido por eleitores ignorantes a maré do crescimento mundial
capitaneado pela China empurrou o Brasil para a frente via preços elevados das
comodities que o Brasil produz, aliás, sua única fonte de captação de divisas
externas. A realidade é que o governo Fernando Henrique Cardoso preparou o país
para crescer em bases sólidas mas o Exu de Nove Dedos, incompetente e mal
intencionado como é de sua natureza, não soube aproveitar o legado de FHC e,
navegando sempre na bonança internacional e na demagogia, deixou no colo de sua
invenção uma herança maldita. Quanta ironia, pois ele sempre afirmou ter
recebido de FHC uma herança maldita.
Acontece que os fatos sempre desmentem os farsantes. Ninguém pode
desmentir os fatos e o fato real é que o Brasil está simplesmente falido. Falta
apenas declarar sua falência.
Que arsenal de medidas essa coisa tem para impedir a queda das
exportações, a alta do dolar, a queda da produção industrial, a alta de
inflação e, o que é pior, a fuga de capitais externos já que o Brasil não é
mais um país confiável para investimentos estrangeiros dada a sua insegurança
jurídica e nebuloso futuro político considerando que os escândalos de corrupção
se avolumam cada vez mais?
Ora, o Brasil é um país que funciona em função de capitais externos.
Setenta por cento do PIB brasileiro é produzido por empresas estrangeiras ai
instaladas. São conglomerados internacionais interessados apenas em ganhar
dinheiro para pagar dividendos aos seus acionistas. E a sorte do Brasil é
contar com esses conglomerados, pois se não fossem eles o Brasil estaria na
situação dos mais miseráveis países africanos. O governo petista passou o tempo
todo hostilizando os países detentores desses capitais. Mas eles insistem em
permanecer no país, a despeito dessa hostilização. Por que simplesmente não
caem fora e levam suas fábricas embora?
A resposta é simples: o Brasil possui riquezas incomensuráveis que o
mundo inteiro precisa. E o Brasil não vai acabar. O que vai acabar é a
mentalidade vigente nos atuais governantes brasileiros. Os conglomerados
financeiros e industriais que hoje dominam a economia brasileira suportam uma
crise e estão a provocá-la de propósito aproveitando a crise que ronda o mundo.
O que esses conglomerados não estão mais suportando é o governo atual.
Eu sempre afirmei: ou o Brasil acaba com o PT ou o PT acaba com o Brasil.
O Brasil não vai acabar porque é um país mais importante para os que nele
investem do que o PT. Quem vai acabar é o PT.
Quem manda no mundo é o dinheiro, amiga, e homens de valor. O Brasil não
tem nem uma coisa nem outra. Será o dinheiro de outros países e homens de valor
de outros países que salvarão o Brasil, infelizmente em proveito próprio.
Abraços,
Otacílio Guimarães
O que faz rico um país
Eliana Cardoso
A presidente disse que tem
um arsenal de medidas para lidar com a crise. Fiquei preocupada. Desde que o
mundo é mundo, períodos de expansão e contração se sucedem, e mais importante é
o ritmo sustentável no longo prazo, garantido pelo respeito às instituições.
Usar o Banco Central para programar políticas setoriais, por exemplo, viola
esse princípio.
Mas no longo prazo - a presidente me diria - estaremos mortos. Com certeza. Mas os netos de nossos netos estarão vivos: razão suficiente para nos perguntarmos que país desejamos lhes deixar de herança.
Mas no longo prazo - a presidente me diria - estaremos mortos. Com certeza. Mas os netos de nossos netos estarão vivos: razão suficiente para nos perguntarmos que país desejamos lhes deixar de herança.
Os economistas apontam duas
causas para explicar a diferença de riqueza entre nações: a geografia e as
instituições. A geografia em primeiro lugar. Doenças e baixa produtividade do
solo contribuem para a pobreza dos países tropicais, em comparação com países
de clima temperado. Os trópicos são insalubres, contando com mais parasitas,
mosquitos e carrapatos. As características biológicas dos organismos
responsáveis por doenças tropicais dificultam o desenvolvimento de vacinas. A
falta de saúde reduz a produtividade do trabalho.
A produtividade da terra na
região tropical também é mais baixa que nas áreas temperadas. As geleiras, que
avançaram e recuaram, criaram solos ricos em nutrientes nas áreas temperadas.
Áreas tropicais tendem a ter solos mais antigos, cujos nutrientes as chuvas
lavaram durante milhares de anos. As plantas de clima temperado armazenam mais
energia em suas partes comestíveis, enquanto certas pragas diminuem o
rendimento das culturas tropicais. A tecnologia pode mudar alguns desses
aspectos, mas durante séculos eles contribuíram para as desigualdades que hoje
se observam.
De outro lado, as
instituições merecem, cada vez mais, a atenção dos economistas. Daron Acemoglu
e A. James Robinson (Why Nations Fail) explicam que, entre os países
colonizados por europeus, aqueles que eram inicialmente os mais ricos são hoje
os mais pobres. Em regiões (como as do Peru, Indonésia e Índia) que contavam
com populações densas na época da colonização, os europeus introduziram
instituições extrativistas como o trabalho forçado e o confisco de produtos em
benefício da elite governante. Noutras regiões mais pobres, com populações mais
escassas (como nas que hoje correspondem aos EUA e à Austrália), os colonos
europeus tinham de trabalhar e, por isso, desenvolveram mecanismos
institucionais mais gratificantes para o trabalho. Quando alcançaram a
independência, as diferentes regiões herdaram as instituições das antigas
colônias.
Entre as boas instituições,
os economistas incluem a proteção ao direito de propriedade, o respeito aos
contratos, as oportunidades para investir e controlar o rendimento dos
investimentos, a inflação baixa e a livre troca de moedas. A evidência mais
forte em apoio a essa opinião vem de experimentos naturais envolvendo a divisão
de um ambiente uniforme por uma fronteira política separando instituições. Os
exemplos incluem os contrastes entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e
entre a Alemanha Oriental e a antiga Alemanha Ocidental.
A cerca que divide a cidade
de Nogales, no Arizona (EUA), da cidade de Nogales, em Sonora (México),
representa outro experimento natural sobre as sociedades humanas. Do lado
americano, a renda média e a expectativa de vida são maiores; o crime e a
corrupção, menores; saúde e estradas, melhores; as eleições, mais democráticas.
A geografia é a mesma em ambos os lados da cerca; a composição étnica da
população, muito semelhante. As razões para as diferenças entre as duas cidades
residem nas diferenças entre as instituições dos EUA e as do México.
As instituições econômicas
determinam em boa parte se um país é pobre ou rico. Por sua vez, as
instituições econômicas dependem das instituições políticas. Sustentável é a
riqueza alicerçada em boas instituições. Os progressos econômicos e subsequente
declínio da União Soviética e do Império Otomano ilustram esse ponto. Se o
ponto vale, podemos apostar que a China - cujas perspectivas de crescimento
parecem ilimitadas para muitos observadores ocidentais - tem, provavelmente,
trajetória destinada a ir de encontro a um despenhadeiro.
Não há dúvida sobre a
importância das instituições na determinação da riqueza de um país. Mas por que
alguns países as têm e outros, não? Pura sorte?
Jared Diamond (Armas,
germes e aço) acredita que o surgimento de boas instituições depende da duração
histórica do Estado. Até cerda de 3400 a.C., as sociedades humanas se
organizavam em tribos e bandos desprovidos das instituições complexas dos
governos modernos. As nações onde a agricultura surgiu há muitos milênios (como
as europeias) hoje são, em média, mais ricas do que aquelas onde a agricultura
tem uma história menos longa (como na África subequatorial). Esse fator explica
cerca de metade das diferenças nacionais em termos de riqueza no mundo moderno.
Como as boas instituições econômicas estão ligadas à duração das instituições
governamentais, que por sua vez estão ligadas à história da agricultura, cuja
produtividade foi pré-requisito para a criação de governos centralizados na
antiguidade, cá estamos nós de volta à geografia.
A longevidade do Estado
importa, porque não se podem introduzir instituições governamentais do nada, na
esperança de que as pessoas desaprendam a experiência passada, da noite para o
dia. Nem por isso a longa história de um Estado - embora crie condições para o
surgimento de boas instituições - garante que elas surjam.
Contando com avanços
tecnológicos na agricultura e no tratamento das doenças tropicais, resta aos
brasileiros lutar por suas instituições. Medidas desesperadas, motivadas pelo
desejo de produzir crescimento acima de 2% em 2012, podem prejudicar o
desempenho da economia durante muitos anos.
Eliana Cardoso, PHD pelo MIT, professora titular da FGV - São Paulo
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