quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Juros a dez anos caem abaixo dos 6,4%


Eva Gaspar
Evolução dos indicadores de custo de financiamento do Estado português sustenta a possibilidade de Portugal regressar mais plenamente aos mercados ao longo deste ano.
As taxas de juro (“yields”) associadas aos títulos de dívida pública portuguesa a dez anos recuaram 16,7 pontos base e desceram sucessivamente ao longo da sessão desta quinta-feira abaixo de 6,5% e 6,4%, para se fixarem, a meio da tarde, em 6,392%, segundo os dados compilados pela agência Bloomberg.
Trata-se do valor mais baixo desde meados de Dezembro de 2010. Há um ano, os “juros” no mercado secundário de dívida estavam acima de 17%.
No cenário-base do Fundo Monetário Internacional (FMI) Portugal conseguirá dispensar nova ajuda externa e financiar-se integralmente através dos mercados a partir de meados de 2013 se as taxas de “financiamento rondarem os 7%, assumindo que cairão gradualmente para 5% nos quatro anos seguintes e permanecerão estáveis nos anos subsequentes”.
No Orçamento do Estado para 2013 não está prevista a emissão de dívida de longo prazo. A emissão adicional de bilhetes do Tesouro deverá, no cenário mais conservador, acomodar o novo défice e garantir os reembolsos de dívida do próximo ano. Sobretudo as obrigações a pagar em Setembro, cujo montante caiu para quase metade com a operação de troca realizada em Outubro.
A curva de rendibilidade dos títulos portugueses tem recuperado progressivamente desde o Verão um perfil mais “saudável”, oscilando agora entre 3,321% para as obrigações a dois anos e 6,392% para as maturidades de dez anos.
Em 19 de Dezembro, as taxas de rendibilidade baixaram aquém da barreira psicológica de 7% que Teixeira dos Santos sinalizara, ainda em Outubro de 2010, forçaria Portugal a pedir ajuda externa - o que acabou por ser formalizado seis meses depois, em Abril de 2011.
A contribuir para a descida dos indicadores do custo de financiamento do Estado português estarão as notas sucessivamente positivas da troika à implementação do programa de ajustamento orçamental e de reformas económicas, mas também o novo plano de intervenção do BCE no mercado secundário de dívida que, apesar de nunca ter sido usado, parece ter sido interpretado pelos mercados como prova de que as instituições europeias cumprirão a promessa de que farão o que for necessário para salvar o euro e a sua integridade.
Título e Texto: Eva Gaspar, Jornal de Negócios, 03 Janeiro 2013, 16h35

Um comentário:

  1. O que têm para dizer as surucucus Pedro Adão e Silva, João Galamba, Constança, etc??

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