Michel Sapin provocou um enorme embaraço com a franqueza chocante sobre
o estado real da economia francesa e foi forçado a corrigir as suas declarações
O ministro francês do Trabalho
admitiu no domingo com uma candura e franqueza brutais que o seu país está
“totalmente falido”.
A revelação chocante e
devastadora foi proferida numa entrevista de rádio. “Há um Estado mas está
totalmente falido”, disse Sapin. “Por isso fomos forçados a impor um plano de
redução do défice e nada nos fará desviar desse objectivo.” A inesperada
declaração deve ter causado engulhos ao chefe de Estado, François Hollande, a
braços com críticas da direita e do sector empresarial devido à polémica taxa
de 75% sobre as grandes fortunas, entretanto em banho-maria, e que terá agora
de se desfazer em explicações para desmontar a amarga revelação do seu
ministro.
Os comentários do ministro do
Trabalho foram proferidos precisamente no momento em que Hollande se esforça
por apresentar uma imagem mais positiva da economia francesa, com o seu governo
empenhado em cortar 60 mil milhões de euros no défice nos próximos cinco anos e
em arrecadar mais 20 mil milhões de euros em impostos. Esta previsão de receitas,
através da colecta de mais impostos, parece difícil de atingir, dado que
inúmeros franceses estão a deslocalizar o domicílio tributário para países com
regimes mais favoráveis.
Michel Sapin e François Hollande |
O Banco de França confirmou a
existência de uma enorme fuga de capitais que se deverá agudizar se o governo
socialista persistir em penalizar mais as grandes fortunas.
As declarações do ministro do
Trabalho francês foram ontem qualificadas pelo ministro das Finanças, Pierre
Moscovici, como “inapropriadas”.
“A França é realmente um país
solvente. A França é realmente um país credível. A França está a iniciar a sua
recuperação.”
Entretanto, Sapin veio depois
corrigir as suas próprias palavras, aparentemente sem grande eficácia, dizendo
à AFP que “empregou esta expressão não para descrever a actual situação, mas
para ironizar sobre a fórmula utilizada em 2008 pelo antigo primeiro-ministro
François Fillon do governo de Nicolas Sarkozy”.
Na ocasião, o ex-chefe de
governo declarou: “Estou à cabeça de um Estado que se encontra numa situação de
falência no plano financeiro. Estou à cabeça de um Estado que há 15 anos vive
em défice crónico. Estou à cabeça de um Estado que jamais aprovou um orçamento
equilibrado nos últimos 25 anos, e isso não pode continuar.”
Como lhe foi perguntado se considerava
como François Fillon estar à cabeça de um “Estado falido”, o ministro do
Trabalho diz que terá respondido: “Mas é um Estado totalmente em falência. Foi
por essa razão que tivemos de implementar programas de redução do défice e nada
nos fará desviar deste objectivo da diminuição dos défices, porque isso é
fundamental para o financiamento da nossa economia e para a criação de
emprego”, apressou-se a corrigir o ministro.
O governante sublinhou que “há
uma urgência social e uma urgência económica” e que foi por isso que o
executivo francês “tomou decisões imediatas em termos de relançamento do
crescimento na Europa, e da política de emprego”.
Título e Texto: Sérgio Soares, jornal “i”
'France is totally bankrupt':
French jobs minister Michel Sapin embarrasses Francois Hollande with shocking
statement on state of the country's economy
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