A pior coisa que pode
acontecer a um país é a deterioração da segurança pública. A saúde até que a
gente se vira e consegue obter de modo mais ou menos razoável. A educação e o
ensino também, embora a lavagem cebral marxista as tenha desvirtuado. Mas quando
as pessoas vivem com medo até de sair de casa, aí a coisa pega de vez. E essa é
a situação do Brasil, principalmente das grandes cidades e, em particular, a
maior da América do Sul, ou seja, São Paulo.
A situação beira os limites da
tragédia nacional, pois a megalópole brasileira é a sede das grandes empresas
nacionais e transnacionais, além de ser a capital econômica da nação e o maior
centro cultural da América do Sul.
Um casal de excelentes amigos
meus, hoje, mora e concentra seus negócios e atividades de uma empresa familiar
em Jacareí, que dista de São Paulo cerca de setenta quilômetros. Conhecem São
Paulo como as palmas de suas mãos, mas não suportaram mais viver lá, depois que
ele foi assaltado mais de quarenta vezes e chegou a ser baleado no joelho, que
hoje o incomoda muito. Estão sempre indo lá para quase tudo, mas, na hora de
deitar e dormir com segurança e depreocupação, dirigem os setena quilômetros de
volta para a segurança paga do condomínio onde moram e são meus vizinhos.
E não são apenas eles, pois
conforme uma pesquisa realizada recentemente, 56% dos que vivem em São Paulo,
mudariam de cidade, caso pudessem; 71% têm medo da violência urbana; 63% não
saem de casa à noite, a não ser em caso de absoluta necessidade. São números
impactantes que refletem a crua realidade da falência da segurança pública na
megalópole, onde a municipalidade se tornou refém da bandidagem e onde os
marginais, simplesmente, entravam a maior cidade do país.
Pergunta-se, em intermináveis
mesas redondas e debates prolixos, como combater e reverter uma situação
trágica como essa?
Como carioca, inevitavelmente
me lembro da década de 1960, quando a bandidagem começava a sitiar a cidade do
Rio de Janeiro, onde eu ainda morava, e como o chamado “esquadrão da morte”,
colocou os pingos nos is e passou a despachar bandidos dessa para pior com uma
eficiência invejável. Os “presuntos” se multiplicaram a cada dia e apareciam
nos locais de “desova” com seus corpos cravejados de balas dos mais diversos
calibres e quase sempre com um cartaz rústico de papelão que em poucas palavras
“qualificava” o bandido e dava o nome do próximo a ser executado.
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Cartaz do Esquadrão da Morte, “Scuderie Le Cocq" que aparecia junto aos cadáveres das execuções no RJ |
Foram anos de sossego e
segurança para a família carioca, que gostava de se reunir à noite nas calçadas
para tomar cerveja, discutir futebol e jogar buraco. A bandidagem que não foi
executada, conseguiu se espaventar para São Paulo, para Minas Gerais e para o
Espírito Santo, para salvar a própria pele. Isso no escalão inferior, já que a
bandidagem do escalão superior começava a se transferir para o planalto central
do país. Paulistas, mineiros e capixabas se apavoraram com o súbito crescimento
da criminalidade em seus estados, fruto dessa diáspora maldita e, como se
poderia esperar, começaram a combater o EM (que para uns era “esquadrão
motorizado”, mas para a maioria era mesmo “esquadrão da morte”) e conseguiram
acabar com essa milícia paramilitar que trouxera quase uma década de segurança e
tranquilidade para a família carioca.
O resultado disso foi que a bandidagem retornou ao Rio de Janeiro, tanto no baixo escalão como no alto, com o governo do gaúcho Leonel Brizola. Aí juntaram-se a fome com a vontade de comer. O retorno das gangues à “terra prometida” e o “socialismo moreno” de Brizola estupraram a cidade e criaram o crime organizado na antiga “cidade maravilhosa”. Daí a estender-se para uns 450 quilômetros ao sul e se estabelecer em Sâo Paulo, foi um pulo.
O que ocorre na ”pauliceia
desvairada” de hoje é a concentração de um fenômeno que já se dissemina por
todo o Brasil, qual seja a “era da bandidagem organizada e impune, tanto em
nível comunitário como em nível governamental”, ambas as instâncias interagindo
para se protegerem da justiça e da indignação das pessoas de bem, que trabalham
e geram a riqueza deste país.
Em São Paulo o crime
organizado, tanto por baixo como por cima – ou como diz uma conhecida charge:
tanto ‘privado’ como ‘estatal’ –, adquiriu características de “grande empresa”,
com apoio local, nacional e até internacional, de traficantes de drogas, das
FARC, de políticos corruptos, de outros tantos tentando subverter – e
conseguindo – a ordem democrática e institucional do país, tudo como uma
orquestra sob a regência do famigerado Foro de São Paulo, uma organização
espúria de “socialistas” na maioria deles ‘viúvas da Queda do Muro de Berlim’,
com sede em Brasília, e que, no seu afã de trazer para o Brasil o atraso
socialista do qual o mundo já tem se livrado, tem gerado mais mortes do que
todas as guerras atuais do mundo juntas são capazes de produzir.
Há uma guerra civil, não
declarada mas não surda, atuante em curso no Brasil, centrada em São Paulo, com
suas “cracolândias” e com uma bandidagem estimulada a detornar com a cidade,
para mostrar o “quão ineficiente é o governo não petista”...
Justamente pela cidade contar
com os maiores veículos de comunicação, a criminalidade é estimulada de forma
covarde com fins políticos e econômicos espúrios, onde sua ação passou a ser
rotineira, intimidante, criando o espectro mais assustador de uma população que
cresceu e se desenvolveu com as armas do trabalho e do capital.
São Paulo deixou de ser hoje o
destino de brasileiros egressos de outras regiões mais atrasadas, porque o
mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, e aqueles que para aqui
vieram e não se educaram e se capacitaram estão voltando às suas regiões de
origem. A cidade, no entanto, continua sendo o ‘El Dorado’ dos bandidos de todo
o país e até do exterior, alguns até condenados em seus países, mas
ideologicamente protegidos em Pindorama.
Eles formam hoje a principal
força contra o trabalho e a empresa produtiva, esta última tendo ainda que
enfrentar a maior extorsão fiscal de todos os tempos impostas pela “ilha da
fantasia” na qual Brasília foi transformada nas duas últimas décadas. O
brasileiro – e a maior parte de São Paulo – gera a sexta maior economia do
mundo... Gera, mas não consegue geri-la! Quem o faz é a restrita burguesia do
politiburo armado em Brasília e composto de “sucialistas”, ou seja, de pessoas
representantes do “socialismo de súcia”, de quadrilheiros, a predarem o
dinheiro público. Está aí o imenso rosário de escândalos que se sucedem
diuturnamente, com mais ênfase nas duas últimas décadas.
A lei dos grandes números, no
entanto, ainda situa a criminalidade paulistana, com base no índice de
assassinatos por cada cem mil habitantes, como um dos menores do Brasil, e
issso significa apenas que essa mesma criminalidade ainda tem muito espaço para
se expandir. E os recursos que já são gastos no combate tradicional da
violência pela violência desfalcam de forma inexorável as aplicações que a
cidade deveria alocar em educação, transporte público, infraestrutura e assistência
médica e hospitalar.
Pergunto, então, se a
segurança pública não seria algo a ser “terceirizado”, privatizado, feita
através de “milícias empresariais”, uma espédie de “EMs” oficiais? Já que,
mesmo de forma clandestina deu tão certo para os cariocas por mais de uma
década, por que não daria certo também para os paulistanos?
É claro que o nosso judiciário
teria que criar uma metodologia legal que desse a essas “empresas de segurança
por concessão”, o poder de operar uma limpeza sumária da bandidagem, pelo menos
no “baixo clero” da sociedade paulistana, uma vez que na cúpula, a coisa é bem
mais complicada. Sabe-se que, “havendo vontade política” – e é aí que a porca
torce o rabo – o Judiciário brasileiro, cuja maleabilidade de interpretação da
lei já é antológica, poderia perfeitamente criar as condições para esse tipo de
“modus operandi” empresarial.
Com mais tranquilidade e paz
social, o poder público poderia gastar muito menos no setor e passar a ter um
montante de recursos maior para investir na educação e ensino, na formaão de mão-de-obra
competitiva, na melhoria da assistência médica e hospitalar – inclusive para a
imensa legião de drogados que povoam as ruas da cidade – e para combater a
exclusão social, inserindo os excluídos no mercado de trabalho e não
mantendo-os marginalizados pela simples distribuição de esmolas e bolsas.
A maior população urbana do
país, São Paulo, tem hoje também a maior população carcerária e, quando se tem
um Ministro da Justiça a dizer que “preferiria a morte a ser internado numa
penitenciária brasileira” – alocução que proferiu muito mais em vista da
condenação de seus colegas e amigos réus do mensalão do que por qualquer outro
motivo antropológico –, vemos que, na prática, a polícia prende e a justiça
solta, mais para aliviar a pressão carcerária do que por qualquer convicção de
uma pseudo-reeducação social dos que cumprem pena.
Ora, se tal círculo vicioso
cresce exponencialmente, resultando em mais mortes, então há motivos de sobra
para se crer que a tal “terceirização da segurança pública”, possa de fato
direcionar essa mortandade em grande parte para as hostes criminosas, pelo
menos do ‘baixo crime’, já que, no ‘alto crime’, o buraco é mais embaixo.
Uma coisa me parece certa: ou
se encontra um meio de, literalmente, limpar a cidade de São Paulo, fazendo
prevalecer o conceito de conhecido delegado de polícia que afirmava que
“bandido bom é bandido morto e enterrado de pé para não ocupar muito espaço”,
ou veremos cada vez mais a barbárie sendo incorporada ao dia a dia dessa imensa
cidade e, por via de consequência, ao do país inteiro.
Não nos iludamos, estamos em
guerra e numa guerra que está matando muito mais do que as guerras habituais
matam. Assim sendo, temos que prover bunkers e trincheiras eficientes para
proteger a vida e o patrimônio daqueles que de fato trabalham e geram a riqueza
nacional, mesmo sem poder gerí-la.
Que venham, então, os EMs
terceirizadores e concessionários da segurança pública. A medida é mais
radical, menos dispendiosa, e mais eficiente para combater a criminalidade
comum de “baixo clero”... A cena final do filme nacional "Tropa de
Elite" mostra em cinemascope a causa de toda a bandidagem que atua em São
Paulo. Cena mais explícita não poderia ser concebida. Se você não viu o filme,
veja, e saberá a resposta.
Título e Texto: Francisco Vianna, 28-01-2013
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