Francisco Vianna
A Coreia do Norte ameaçou a Coreia do Sul de "destruição
final" durante um debate na Conferência das Nações Unidas sobre
‘desarmamento’, na terça-feira passada, dizendo que poderia tomar medidas
adicionais após o teste nuclear que levou a cabo na semana passada.
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Base militar norte-coreana próxima à "zona desmilitarizada" do paralelo 38 que separa as duas Coreias |
O pronunciamento de Jon
proporcionou rapidamente críticas por parte de outros países, como a Coréia do
Sul, a França, a Alemanha e a Grã-Bretanha. A embaixadora inglesa Joanne
Adamson disse que a linguagem utilizada pelo representante norte-coreano foi,
no mínimo, "completamente inadequada" e “o debate com a Coreia do
Norte estava indo na direção errada”. “Não se pode conceber ou se permitir que
tenhamos expressões que se referem a possíveis destruições de estados membros
da ONU”, disse ela.
O embaixador espanhol Javier
Catalina Gil disse que a ameaça norte-coreana o deixou estupefato e lhe pareceu
ser uma violação do direito internacional. "Nos
30 anos da minha carreira, nunca ouvi nada parecido e parece-me que não estamos
falando de algo que seja sequer admissível, estamos falando sobre uma ameaça do
uso da força, o que é proibido pelo artigo 2.4 da Carta das Nações Unidas",
disse Catalina.
Desde o momento que a Coreia
do Norte testou uma bomba nuclear na semana passada, em desafio às resoluções
da ONU, seu vizinho do sul, alertou que o país poderia atacar o norte, caso se
convencesse de que um ataque nortista fosse iminente. Pyongyang disse “que o objetivo do teste o de reforçar suas
defesas, dada a hostilidade dos Estados Unidos, que lideraram as pressões para
que a ONU impusesse sanções à Coréia do Norte”. "Nosso teste nuclear atual é a principal contramedida tomada pela
RPDC pela qual exerce a máxima autocontenção", disse o diplomata
norte-coreano Jon. "Se os EUA
assumem uma abordagem hostil para com a RPDC como ultimamente, isso torna a
situação complicada, e ao nosso país não restará outra opção senão a de partir
para as fases segunda e terceira mais fortes nesse desdobramento que irá se
seguir", disse ele, sem indicar o que essas fases possam implicar.
A Coreia do Norte já tem dito
à China, sua aliada chave que está preparada para levar a cabo mais um ou dois
testes nucleares este ano, alegadamente para forçar os Estados Unidos em suas
negociações diplomáticas, disse uma fonte com conhecimento direto da mensagem à
Reuters na semana passada. Forçar os EUA a quê? Ninguém quer responder a essa
pergunta...
"DECLARAÇÃO OFENSIVA"
A embaixadora dos EUA na ONU
Laura Kennedy disse que achou a ameaça da Coréia do Norte, na terça-feira,
profundamente perturbadora e mais tarde postou no Tweeter dizendo que ela era
"ofensiva" ao resto do mundo. O representante da Polônia sugeriu que
a participação da Coreia do Norte no foro das Nações Unidas deva ser limitada.
Empobrecida, desnutrida, e
miserabilizada pelo seu regime, a Coréia do Norte é um dos estados mais
fortemente sancionados do mundo. Está, tecnicamente, ainda em guerra com a
Coreia do Sul depois de uma guerra civil em 1950-53, que apenas cessou com um
armistício simples, ao qual não se seguiu qualquer tratado de paz.
Ontem, Pyongyang declarou que
esse armistício estava suspenso, o que pode significar a disposição
norte-coreana de se aventurar militarmente em direção ao sul. Seul respondeu,
através de sua Ministra da Defesa, que “qualquer
agressão militar norte-coreana à Coreia do Sul significará a extinção da
agressora do planeta”...
Acredita-se que Washington -
que não se pronuncia oficialmente a essa guerra de palavras regional - e seus
aliados forçarão um aperto bem maior no cerco em torno das transações financeiras
da Coréia do Norte, numa tentativa deixar a sua liderança à míngua de
financiamentos.
Jon disse que o teste da
semana passada foi um ato de autodefesa contra a chantagem nuclear dos Estados
Unidos, que querem bloquear o desenvolvimento econômico da Coreia do Norte e
seus direitos fundamentais. "É a
disposição e a vontade firme do exército e do povo da RPDC para conter a
arrogante política com punho duro e de reagir às pressões e sanções com uma
contra ação total", disse ele.
Jon disse que os Estados
Unidos tinham conduzido a maior parte de seus testes nucleares e lançamentos de
satélites na história, e o que descreveu como sendo uma busca de resoluções do
Conselho de Segurança contra a Coreia do Norte como "uma violação do direito internacional e à altura de padrões duplos".
Nem Rússia nem China, que são
membros com poder de veto do Conselho de Segurança da ONU, falaram na reunião
de terça-feira em Genebra e parecem estar perdendo a paciência com o regime de
Pyongyang. Antes de seu teste nuclear, a Coréia do Norte já estava enfrentando
crescente pressão diplomática nas Nações Unidas.
Espera-se amplamente que
Conselho dos Direitos Humanos ordene um inquérito no próximo mês para apurar as
responsabilidades dos líderes norte-coreanos por inúmeros crimes contra a
humanidade.
Título e Texto: Francisco Vianna (com base em matéria
da Reuters), 09-03-2013
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