sábado, 9 de março de 2013

A insanidade que é uma ditadura

Coreia do Norte ameaça a Coreia do Sul de “destruição final”

Francisco Vianna
A Coreia do Norte ameaçou a Coreia do Sul de "destruição final" durante um debate na Conferência das Nações Unidas sobre ‘desarmamento’, na terça-feira passada, dizendo que poderia tomar medidas adicionais após o teste nuclear que levou a cabo na semana passada.

Base militar norte-coreana próxima à "zona desmilitarizada" do paralelo 38 que separa as duas Coreias
"Como diz o ditado, um filhote recém-nascido não conhece o medo de um tigre. O comportamento errático da Coreia do Sul só pode levar à sua destruição final", disse o diplomata norte-coreano Jon Yong Ryong, na reunião.
O pronunciamento de Jon proporcionou rapidamente críticas por parte de outros países, como a Coréia do Sul, a França, a Alemanha e a Grã-Bretanha. A embaixadora inglesa Joanne Adamson disse que a linguagem utilizada pelo representante norte-coreano foi, no mínimo, "completamente inadequada" e “o debate com a Coreia do Norte estava indo na direção errada”. “Não se pode conceber ou se permitir que tenhamos expressões que se referem a possíveis destruições de estados membros da ONU”, disse ela.
O embaixador espanhol Javier Catalina Gil disse que a ameaça norte-coreana o deixou estupefato e lhe pareceu ser uma violação do direito internacional. "Nos 30 anos da minha carreira, nunca ouvi nada parecido e parece-me que não estamos falando de algo que seja sequer admissível, estamos falando sobre uma ameaça do uso da força, o que é proibido pelo artigo 2.4 da Carta das Nações Unidas", disse Catalina.
Desde o momento que a Coreia do Norte testou uma bomba nuclear na semana passada, em desafio às resoluções da ONU, seu vizinho do sul, alertou que o país poderia atacar o norte, caso se convencesse de que um ataque nortista fosse iminente. Pyongyang disse “que o objetivo do teste o de reforçar suas defesas, dada a hostilidade dos Estados Unidos, que lideraram as pressões para que a ONU impusesse sanções à Coréia do Norte”. "Nosso teste nuclear atual é a principal contramedida tomada pela RPDC pela qual exerce a máxima autocontenção", disse o diplomata norte-coreano Jon. "Se os EUA assumem uma abordagem hostil para com a RPDC como ultimamente, isso torna a situação complicada, e ao nosso país não restará outra opção senão a de partir para as fases segunda e terceira mais fortes nesse desdobramento que irá se seguir", disse ele, sem indicar o que essas fases possam implicar.
A Coreia do Norte já tem dito à China, sua aliada chave que está preparada para levar a cabo mais um ou dois testes nucleares este ano, alegadamente para forçar os Estados Unidos em suas negociações diplomáticas, disse uma fonte com conhecimento direto da mensagem à Reuters na semana passada. Forçar os EUA a quê? Ninguém quer responder a essa pergunta...

"DECLARAÇÃO OFENSIVA"
A embaixadora dos EUA na ONU Laura Kennedy disse que achou a ameaça da Coréia do Norte, na terça-feira, profundamente perturbadora e mais tarde postou no Tweeter dizendo que ela era "ofensiva" ao resto do mundo. O representante da Polônia sugeriu que a participação da Coreia do Norte no foro das Nações Unidas deva ser limitada.
Empobrecida, desnutrida, e miserabilizada pelo seu regime, a Coréia do Norte é um dos estados mais fortemente sancionados do mundo. Está, tecnicamente, ainda em guerra com a Coreia do Sul depois de uma guerra civil em 1950-53, que apenas cessou com um armistício simples, ao qual não se seguiu qualquer tratado de paz.
Ontem, Pyongyang declarou que esse armistício estava suspenso, o que pode significar a disposição norte-coreana de se aventurar militarmente em direção ao sul. Seul respondeu, através de sua Ministra da Defesa, que “qualquer agressão militar norte-coreana à Coreia do Sul significará a extinção da agressora do planeta”...
Acredita-se que Washington - que não se pronuncia oficialmente a essa guerra de palavras regional - e seus aliados forçarão um aperto bem maior no cerco em torno das transações financeiras da Coréia do Norte, numa tentativa deixar a sua liderança à míngua de financiamentos.
Jon disse que o teste da semana passada foi um ato de autodefesa contra a chantagem nuclear dos Estados Unidos, que querem bloquear o desenvolvimento econômico da Coreia do Norte e seus direitos fundamentais. "É a disposição e a vontade firme do exército e do povo da RPDC para conter a arrogante política com punho duro e de reagir às pressões e sanções com uma contra ação total", disse ele.
Jon disse que os Estados Unidos tinham conduzido a maior parte de seus testes nucleares e lançamentos de satélites na história, e o que descreveu como sendo uma busca de resoluções do Conselho de Segurança contra a Coreia do Norte como "uma violação do direito internacional e à altura de padrões duplos".
Nem Rússia nem China, que são membros com poder de veto do Conselho de Segurança da ONU, falaram na reunião de terça-feira em Genebra e parecem estar perdendo a paciência com o regime de Pyongyang. Antes de seu teste nuclear, a Coréia do Norte já estava enfrentando crescente pressão diplomática nas Nações Unidas.
Espera-se amplamente que Conselho dos Direitos Humanos ordene um inquérito no próximo mês para apurar as responsabilidades dos líderes norte-coreanos por inúmeros crimes contra a humanidade.
Título e Texto: Francisco Vianna (com base em matéria da Reuters), 09-03-2013

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