Aerus - A espera

Angel Nunes

Meus amigos, continuamos em compasso de espera.

Minha última prece tem sido: Que não surja um novo escândalo ou tragédia! É, cada "bomba" estampada nas primeiras páginas, aumenta nosso interstício. De protelação em protelação, vamos cansando, envelhecendo e morrendo.

Continuamos do lado de cá do fosso, expostos às intempéries e sem abrigo. Não haverá avanços, se não houver urgência.

Sabemos que lidamos com situações capitaneadas por "carnes de pescoço". O escândalo/julgamento do mensalão está nas últimas cenas. Ao fechar das cortinas, não apaguem a luzes, terminem o último ato da peça anterior, desse "samba do crioulo doido", que se tornou nosso julgamento, sem cronologia e sem nexo.

Se existe carne de pescoço, temos de nos conscientizar que podemos ser panela de pressão!

E como devemos fazer essa pressão? Cobrando, reclamando, repercutindo. Basta de embromação!!!

Chega de escarnecer de nosso sofrimento reagendando datas e criando clima de terror ao colocar nossa causa como complexa. Quem pode, quando quer, faz sem delongas. Não nos venham criar dificuldades para vender facilidades e ainda bancar de herói compassivo. Tudo que nos afeta foi obra de sua incompetência.

Merecemos explicações claras por parte do governo. É ele quem nos deve!

Nos deve o pagamento da defasagem tarifária, o qual, se pago sem manobras, nos teria dado condições de subsistência evitando a quebra da Varig.

Nos deve o pagamento de nossos benefícios na íntegra, por não ter cumprido seu papel de fiscalizador do nosso plano de previdência, que era a pseudo-garantia que nos dava respaldo. Nos deve a posição frouxa e leviana relativa à suspensão da terceira fonte, por órgão sem competência para tal decisão.

Nos deve o abandono que interrompeu nossas vidas e nossos sonhos.

Nos deve as vidas daqueles que partiram antes do tempo, por não terem mais forças para suportar tanta dor.

Não queremos mais tapinhas nas costas nem sorrisos afetuosos e apertos de mão!

Ah! E, por favor, não usem mais o termo "sensibilizado" quando se referirem a nós, pois nos causa repulsa. Aliás não usem termo algum, troquem palavras por ação. Palavras não pagam contas nem matam a fome!

Amigos, vamos usar o que temos, nossas mentes, nossas bocas e nossa dor.

Gritem até que eles se mexam. Escrevam! Escrevam! Compartilhem!

O direito existe mas não nos bate à porta. Somos nós quem devemos exigi-lo sem descanso, até que ele nos seja conferido.

Alô, alô! Judiciário! Nós continuamos do lado de fora de sua porta!

Você sabe todo o percurso que temos feito, até por ter sempre nos espichado o caminho, a cada esquina dobrada.

Por favor abra a porta e nos receba.

Cumpra o seu papel, afinal é para isso que você existe.

Julgue a nossa causa de defasagem tarifária, sem mais adiamentos!

Pare de ser cruel, frio e desumano.

Suas Leis só expressam o significado dessa alcunha, se atenderem ao direito reclamado, de forma a a apreciar o valor da vida, antes de tudo.

Título e Texto: Angel Nunes, Imortal da ABM, 04-9-2013

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